Após alta do dólar, Pacheco condiciona isenção do IR à situação fiscal
Após alta do dólar, Pacheco condiciona isenção do IR à situação fiscal
Presidente do Senado diz que esta pauta não é para agora.
Lucas Pordeus León – Repórter da Agência Brasil
Depois que o dólar bateu novo recorde nesta sexta-feira (29) e chegou a passar de R$ 6,10, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), divulgou nota em que afirma que não haverá reforma tributária da renda caso não haja condições fiscais para isso.
“A questão
de isenção de IR [Imposto de Renda], embora seja um desejo de todos, não é
pauta para agora e só poderá acontecer se, e somente se, tivermos condições
fiscais para isso. Se não tivermos, não vai acontecer. Mas esta é uma discussão
para a frente, que vai depender muito da capacidade do Brasil de crescer e
gerar riqueza, sem aumento de impostos”, afirmou Pacheco.
Analistas de mercado têm indicado que a alta do dólar tem relação com o anúncio do governo de isentar do Imposto de Renda (IR) quem recebe até RS 5 mil mensais, taxando em mais 10% aqueles que ganham acima de R$ 50 mil.
O diretor
executivo do Brasil no Fundo Monetário Internacional (FMI) e professor de
economia licenciado da Universidade de Brasília (UnB), André Roncaglia, disse à
Agência Brasil que esta é uma reação defensiva dos gestores de ativos
financeiros que não sabem como será a tributação dos mais ricos que hoje não
pagam impostos sobre dividendos, por exemplo.
“A mensagem
foi mal recebida por parte do mercado financeiro que, de repente, estava
pedindo corte de gastos e viu que vai ter que participar do ajuste por meio de
um aumento na tributação sobre os rendimentos do topo da pirâmide. Os
investidores acabam jogando contra o real, não porque eles querem jogar contra
a moeda, mas porque é uma reação defensiva, já que eles não sabem para onde vai
a política tributária”, explicou.
Para o
economista e professor da UnB César Bergo, o mercado exagerou na reação, uma
vez que as propostas de isenção do Imposto de Renda só serão discutidas em
2025. “Essa especulação momentânea ocorre até que sejam bem esclarecidas as
medidas, considerando inclusive que a isenção do Imposto de Renda não entraria
em vigor em 2025. Se entrar em vigor, vai ser só em 2026. Me parece um pouco de
exagerado do mercado. Então, pode acontecer de, nos próximos dias, o dólar
realmente mostrar menos volatilidade”, disse Bergo à Agência Brasil.
Ao
apresentar as propostas aos líderes do Senado, nesta quinta-feira (28), o
ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o ruído gerado no mercado tem
relação com as propostas de reforma tributária sobre a renda e pontuou que as
mudanças terão impacto fiscal neutro, ou seja, o que for isentado de um lado,
terá que ser compensado de outro.
“A reforma,
tanto do consumo quanto da renda, é neutra do ponto de vista fiscal. Ninguém
está disposto a votar uma reforma que não seja neutra. Isso será observado na
lei ordinária que regula a matéria da reforma da renda”, explicou Haddad.
Corte de
gastos
O presidente
do Senado também comentou as propostas para corte de gastos, que preveem
redução das despesas de cerca de R$ 70 bilhões nos próximos dois anos e de até
R$ 327 bilhões em cinco anos, dizendo que é preciso que o Congresso Nacional
apoie essa iniciativa.
“É
importante que o Congresso apoie as medidas de controle, governança,
conformidade e corte de gastos, ainda que não sejam muito simpáticas. Inclusive
outras podem ser pensadas, pois esse pacote deve ser visto como o início de uma
jornada de responsabilidade fiscal”, destacou Rodrigo Pacheco.