Após ataque no Líbano, Israel reúne gabinete de guerra novamente para discutir resposta ao Irã
Após ataque no Líbano, Israel reúne gabinete de guerra novamente para discutir resposta ao Irã
Na noite de segunda-feira (15), forças israelenses atacaram o Hezbollah, grupo terrorista aliado do Irã no Líbano. Tel Aviv prometeu retaliação a Teerã, que, no sábado, atacou Israel com drones e mísseis.
Por g1
Um dia
depois de prometer retaliação ao ataque do Irã mísseis e drones ao território
israelense no sábado (13), Israel voltará a reunir seu gabinete de guerra nesta
terça-feira (16) para discutir uma resposta a Teerã.
O gabinete,
formado após o ataque do Irã, discutirá que tipo de retaliação fará. A intenção
do governo israelense é realizar uma ofensiva que atinja o território iraniano
mas que não seja forte o suficiente para provocar uma nova guerra no Oriente
Médio, segundo fontes do gabinete ouvidos pela agência de notícias Reuters.
Líderes
ocidentais pediram prudência ao governo israelense para evitar uma escalada
ainda maior das tensões na região — o que pode indicar uma perda parcial do
apoio do Ocidente que Israel angariou no fim de semana após o ataque do Irã
(leia mais abaixo).
Na
segunda-feira, Irã já avisou que também fará uma nova retaliação, caso seja
atacado por Israel.
O gabinete
de guerra se reunirá ao longo do dia e, até a última atualização desta
reportagem, ainda não havia dado um prazo para a retaliação.
Primeira
resposta
Na noite de
segunda, caças israelenses atacaram um complexo militar do Hezbollah em Meiss
El Jabal e outro em Tayr Haifa, no sul do Líbano. O Hezbollah é um grupo
terrorista aliado dos iranianos e participou da ofensiva iraniana contra Israel
no sábado.
Mais cedo, o
chefe de gabinete das Forças de Defesa Israelenses, Herzi Halevi, já havia dito
que Israel responderia o ataque iraniano. O canal israelense Channel 12 também
havia afirmado que o governo de Israel estudava uma réplica para
“ferir” o Irãsem chegar ao ponto de provocar uma guerra regional.
A ofensiva
do Irã foi, ela própria, uma retaliação ao ataque israelense contra a embaixada
iraniana na Síria.
Rivais de
longa data, Israel e Irã travam um duelo sangrento cuja intensidade varia
conforme o momento geopolítico. Teerã é contra a existência de Israel, que, por
sua vez, acusa o país inimigo de, movido pelo antissemitismo, financiar grupos
terroristas. Com a guerra em Gaza, a situação só piorou.
De acordo
com o Channel 12, o governo de Benjamin Netanyahu tentará uma ação militar
coordenada com os Estados Unidos. Washington, no entanto, já disse que não
participaria de um eventual ataque ao Irã.
No domingo
(14), um dos membros do Gabinete de Guerra, Benny Gantz, já havia afirmado que
o Irã pagará na hora certa pelo ataque feito ao país na noite de sábado (13).
“Construiremos
uma coalizão regional e cobraremos o preço do Irã da maneira e no momento certo
para nós”, afirmou Gantz em comunicado oficial.
O gabinete
de guerra é composto pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, pelo ministro
da Defesa, Yoav Gallant e por Gantz, ex-comandante das Forças Armadas de
Israel.
O
primeiro-ministro disse que vai ferir qualquer um que tenha planos de nos
atacar ou que aja nesse sentido. O Irã continua a desestabilizar o mundo e a
trazer perigo para a região […]. Nenhum país no mundo toleraria ameaças
repetidas dessa natureza.
— Avi Hyman
“Houve
um tempo que os judeus não tinham defesa e não tinham como se proteger. Hoje os
judeus têm Israel e nós vamos defender nosso direito de viver livremente na
nossa terra”, acrescentou.
Apoio do
Ocidente
Os líderes
do G7, grupo dos sete países mais industrializados do mundo, também realizaram
uma reunião virtual para articular uma resposta “diplomática e unida”
à situação.
Após o
encontro, os líderes do grupo afirmaram condenar o ataque iraniano “sem
precedentes” e expressaram “total solidariedade e apoio” a
Israel e sua população, reiterando o compromisso em manter a segurança do país.
“Com
suas ações, o Irã deu um passo a mais em direção à desestabilização da região e
corre o risco de provocar uma escalada regional [das tensões] incontrolável.
Isso deve ser evitado”, afirmaram os líderes do grupo em posicionamento
oficial.
“Continuaremos
a trabalhar para estabilizar a situação e evitar uma nova escalada [das
tensões]. Nesse espírito, exigimos que o Irã e seus aliados cessem seus
ataques, e estamos prontos para tomar novas medidas agora e em resposta a
[eventuais] novas [ofensivas]”, acrescentaram.
A Itália,
que ocupa a presidência rotativa do Grupo dos Sete, agendou uma reunião virtual
com os demais membros do grupo, que, além dos EUA e da Itália, inclui Canadá,
França, Alemanha, Inglaterra e Japão.
A
primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, afirmou na rede social X (antigo
Twitter) que o governo italiano “reitera sua condenação dos ataques
iranianos contra Israel”.
Mais para o
fim da tarde, será a vez do Conselho de Segurança da Organização das Nações
Unidas (ONU), que convocou uma reunião de emergência a pedido de Israel para
tratar do assunto.
“O
ataque iraniano é uma séria ameaça à paz e segurança globais, e espero que o
Conselho utilize todos os meios para tomar medidas concretas contra o Irã.
[…] Chegou o momento do Conselho de Segurança tomar ações concretas contra a
ameaça iraniana”, disse o embaixador israelense nas Nações Unidas, Gilad
Erdan, em documento enviado à ONU.
Os ministros
de Relações Exteriores dos países que compõem a União Europeia também foram
chamados pelo chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, para um encontro
extraordinário neste domingo para discutir a escalada do conflito.
Ataque
inédito
No sábado,
Israel foi alvo de um ataque inédito do Irã. Mais de 300 artefatos, incluindo
drones e mísseis, foram lançados contra o país.
As Forças de
Defesa de Israel afirmaram que conseguiram interceptar 99% dos artefatos
lançados. Entretanto, a mídia iraniana disse que mísseis conseguiram furar a
proteção israelense.
A agressão
iraniana é uma resposta ao bombardeio de Israel à embaixada do país na Síria —
entenda a cronologia do caso.
Militares do
Irã ameaçaram uma ofensiva ainda maior se Israel contra-atacar. O governo
iraniano também disse que pode atingir bases dos Estados Unidos caso Washington
apoie uma retaliação israelense.
O que se
sabe sobre o ataque do Irã
– O Irã
enviou dezenas drones para atacar o território de Israel no fim da tarde de
sábado (13), pelo horário de Brasília.
– Os drones
demoraram horas até chegar ao alvo.
– No
caminho, uma parte dos drones e dos mísseis foi derrubada por aeronaves de
Israel, dos Estados Unidos, do Reino Unido e da Jordânia.
– Perto das
20h, as primeiras explosões e sirenes de aviso foram ouvidas em Israel.
– O serviço
nacional de emergência médica de Israel informou que uma menina de 10 anos
ficou gravemente ferida, no deserto de Negev, por estilhaços de um artefato
para interceptar drones.
– O ataque é
uma retaliação do Irã contra Israel: em 1º de abril, a embaixada iraniana na
cidade de Damasco, na Síria, foi atingida, e sete pessoas morreram.
– Às 19h,
ainda antes de os artefatos chegarem a Israel, a missão do Irã na ONU afirmou
que o ataque estava encerrado, referindo-se a ele com uma “ação
legítima”.