Após um ano, Petrópolis ainda se recupera da maior tragédia da cidade
Após um ano, Petrópolis ainda se recupera da maior tragédia da cidade
Chuva causou alagamentos, deslizamentos e a morte de 233 pessoas.
Publicado em 15/02/2023 - 07:11 Por Rafael Cardoso - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro
Há um ano,
Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, entrava em estado de
calamidade pública. O volume de chuva esperado para todo o mês atingiu a cidade
em apenas seis horas, no dia 15 de fevereiro de 2022. As principais ruas
ficaram alagadas, os rios transbordaram e deslizamentos de terra ocorreram em
diferentes bairros. O número de mortes chegou a 233. A tragédia é considerada a
maior da história da cidade.
Hoje, os
estragos não são mais visíveis no centro histórico. Praças e vias foram
recuperadas, e os comerciantes conseguiram retomar os negócios. Dono de uma
loja de produtos para animais, Renan Souza trabalhava na hora da chuva. Com a
força da correnteza, um carro chegou a invadir um dos portões da loja e tudo
ficou coberto pela lama: “Foi desesperador. Entrei em choque, fiquei sem ação.
Eu estava com um funcionário nesse dia e ele que fez tudo aqui. Se não fosse
por ele, eu estaria perdido”.
Renan diz que criou coragem para reerguer o negócio, com a ajuda de clientes e de fornecedores. Mas o medo ainda é frequente: “Os bueiros na praça estão todos entupidos. Quando chove forte, a praça fica tomada pela água e a preocupação é grande”.
Em outras
regiões da cidade, os riscos são ainda maiores. O Morro da Oficina foi o lugar
mais atingido pela chuva. Em vários pontos, só restam escombros de casas. Quem
ainda permanece nas encostas vive permanentemente assustado, principalmente em
dias de chuva. A presidente da Associação de Moradores, Ana Lúcia Chandrette,
perdeu amigos soterrados e diz que nunca mais conseguiu viver em paz na
comunidade.
“Não tem
como a pessoa ficar aliviada, nem sossegada. Muitos querem voltar para casa,
outros não querem. Aqui na parte mais alta, a maioria levou tudo: janela,
porta, box. Conseguiram um aluguel social e não têm mais perspectiva de
voltar”.
As obras de
contenção e drenagem no Morro da Oficina só começaram em janeiro deste ano. A
prefeitura de Petrópolis dividiu as intervenções em três etapas, cada uma
compreendendo uma área. A segunda etapa ainda está em fase de licitação e a terceira
espera a conclusão do projeto executivo.
Amélia
Pinto, aposentada e uma das moradoras mais antigas do local, reclama da demora
das autoridades para concluir as obras e diz que a sensação é de abandono na
vizinhança.
“Aqui caiu
barreira, matou muita gente. E até o dia de hoje está a mesma coisa. Ninguém
fez nada. Não sei como vai ficar a situação. Aqui é área de risco. Nós estamos
aqui e só Deus sabe. Fica todo mundo com medo”.
*Com
informações da TV Brasil
Edição: Graça
Adjuto