Arcabouço fiscal e reforma tributária se complementam nos planos do governo para a economia; entenda
Arcabouço fiscal e reforma tributária se complementam nos planos do governo para a economia; entenda
Ministra do Planejamento, Simone Tebet, chegou a dizer que arcabouço é 'bala de bronze' e a reforma é a 'bala de prata' para o crescimento econômico. Medidas têm o desafio de conter dívidas e aumentar receitas.
Por g1 — Brasília 06/04/2023 10h43 - Atualizado há 29 minutos
Nas últimas semanas, a equipe
econômica do governo tem se concentrado em levar adiante duas propostas,
consideradas cruciais para o sucesso do mandato do presidente Luiz Inácio Lula
da Silva: o novo arcabouço fiscal e a reforma tributária.
Os dois temas se complementam (veja
mais abaixo como). Por isso, o governo quer aprová-los o mais rápido possível
no Congresso. Para o arcabouço, a expectativa é de votação e aprovação ainda
neste semestre. A reforma deve levar mais tempo, e pode ser concluída até o fim
do ano.
Nesta terça (4), em audiência na
Câmara, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, disse que o arcabouço é a
“bala de bronze” e a reforma tributária é a “bala de prata”
para erguer a economia. A ministra fazia referência ao fato de as duas
propostas necessitarem uma da outra para dar certo.
O que é o
arcabouço fiscal?
O novo arcabouço fiscal, apresentado
na semana passada, apresenta regras para disciplinar os gastos do governo.
Em resumo, o objetivo é permitir que o
governo faça gastos, invista em programas sociais e em obras, mas não perca o
controle da dívida pública.
Para isso, o arcabouço prevê algumas
obrigações:
▶️ O governo vai ter que obedecer uma meta de
resultado primário (diferença entre receitas e despesas). Essa meta,
pré-estipulada, é calculada em percentual do PIB e terá intervalo de tolerância
para mais e para menos.
▶️ Se o governo cumprir a meta, a despesa não
poderá crescer além de 70% do crescimentos da receita ao longo de um ano. Se
não cumprir a meta, a despesa não poderá crescer mais de 50% do crescimento da
receita.
▶️ Há também um piso para o crescimento real da
despesa (acima da inflação): 0,6%. E um teto: 2,5%.
E a reforma
tributária?
A reforma tributária está sendo
discutida em um grupo de trabalho no Congresso, mas ainda não tem votação
prevista.
Nesta primeira etapa da reforma, o
governo pretende mexer nos impostos sobre consumo. Ou seja, impostos pagos no
ato de compra e venda de um produto.
Um dos principais pontos é unificar
vários impostos em um único IVA (imposto sobre valor agregado).
O IVA tem a vantagem, segundo o
governo, de não ser cumulativo. Isso significa que o imposto sobre um produto é
fixo e pago uma vez só ao longo da cadeia de produção. Hoje, o imposto pago em
uma etapa da cadeia se reflete no preço pago nas etapas seguintes.
A equipe econômica argumenta que não
vai ter aumento de carga tributária. Com a primeira fase da reforma, o governo
pretende:
– Simplificar a cobrança de impostos,
considerada caótica no país
– Baratear custos para empresas
– Baratear valores para o consumidor
final
– Tornar as exportações brasileiras
mais competitivas
– Reduzir litígios tributários na
Justiça, hoje com cifras trilionárias
Reduzir a
sonegação
A função principal do arcabouço vai
ser delimitar barreiras para o crescimento da dívida, já que dívida alta gera
inflação, juros altos, desemprego e baixo crescimento do PIB.
Mas, como o governo pretende investir
em obras, programas sociais e nas promessas de campanha de Lula, não basta
conter as despesas. Vai precisar gerar receitas.
É aí que entra a reforma tributária,
com expectativa de melhorar o ambiente de negócios e aumentar a arrecadação.
Até porque, uma crítica que vem sendo
feita ao arcabouço é que ele não está prevendo cortes de gastos. Com isso, as
receitas precisam aumentar.
O ministro da Fazenda, Fernando
Haddad, tem dito que o governo precisa incrementar sua arrecadação em algo em
torno de R$ 150 bilhões neste ano para cumprir as regras do arcabouço.
Nesta terça-feira (4), o secretário
extraordinário do Ministério da Fazenda para a reforma tributária, Bernard
Appy, afirmou que a reforma tributária deve levar a um acréscimo no PIB de 12%
a 20% em até 15 anos.
“A reforma tributária tem dois
objetivos básicos. Um dos objetivos é tornar o sistema tributário brasileiro
mais justo. O segundo é tornar o sistema tributário brasileiro mais eficiente,
ou seja, permitir que a economia cresça mais”, afirmou Appy em entrevista
à GloboNews.