Arcabouço fiscal: Haddad diz que precisa de R$ 110 bilhões a R$ 150 bilhões de incremento de receita para viabilizar nova regra
Arcabouço fiscal: Haddad diz que precisa de R$ 110 bilhões a R$ 150 bilhões de incremento de receita para viabilizar nova regra
Medidas que podem gerar essa arrecadação incluem taxação de apostas eletrônicas e e-commerces que driblam regras da Receita. Regras fiscais ainda vão passar pelo Congresso.
Por Jéssica Sant'Ana e Ana Paula Castro, g1 e TV Globo, com GloboNews — Brasília 03/04/2023 13h46 - Atualizado há 19 horas
O ministro
da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira (3) em entrevista à
GloboNews que precisa ampliar a receita do governo em um montante entre R$ 110
bilhões e R$ 150 bilhões para viabilizar as metas contidas na proposta de
arcabouço fiscal.
Para isso, o
governo vai apresentar inicialmente três medidas para aumentar a arrecadação.
São elas:
– taxação de
apostas eletrônicas, com objetivo de arrecadar de R$ 12 bilhões a R$ 15 bilhões
por ano;
– taxação de
e-commerces que driblam as regras da Receita Federal, não pagando impostos, o
que o ministro chamou de “contrabando”. A previsão é arrecadar de R$
7 bilhões a R$ 8 bilhões.
– proibição
de que empresas com incentivos fiscais concedidos por estados, via ICMS, possam
abater esse crédito da base de cálculo de impostos federais. O crédito só
poderá ser abatido se for destinado a investimentos, e não a custeio. Medida
pode render de R$ 85 bilhões a R$ 90 bilhões.
“Ente
110 e 150 bilhões [de reais] você zera o déficit no ano que vem”, afirmou
Haddad.
A proposta
de arcabouço fiscal apresentada pelo governo prevê zerar o rombo das contas
públicas em 2024 e a passar a ter superávits primários (receitas maiores que
despesas, sem contar o pagamento dos juros da dívida) a partir de 2025.
Envio da
proposta
Inicialmente,
o governo previa enviar o texto para análise do Congresso ainda nesta semana.
Questionado, Haddad não cravou uma data. Disse que o projeto tem que ser
encaminhado, no mais tardar, em 15 de abril, data limite pra envio da Lei de
Diretrizes Orçamentárias de 2024.
Haddad
chegou a ser questionado se seria nesta semana, mas deu a entender que isso não
deve acontecer, já que há feriado nesta semana e o funcionamento do Congresso
será reduzido.
“A
Fazenda, o Planejamento e a Casa Civil precisam ajustar a redação. São três
equipes de trabalho para ajustar essa redação”, respondeu. “Essa
semana nem tem sessão no Congresso Nacional. Vamos aproveitar que não tem
sessão e fazer um negócio mais bem pensado, inclusive ouvindo as dúvidas.”
Medidas
para arrecadação
Sobre a
taxação de e-commerces que hoje não pagam impostos, Haddad afirmou que a medida
será feita pela Receita Federal.
“Combate
às compras eletrônicas, que tem a ver com contrabando, uma empresa tem comércio
eletrônico, faz passar por remessa pessoa a pessoa pra não pagar impostos, as
empresas brasileiras e estrangeiras que estão sofrendo a concorrência desleal
estão pedindo providências com a Receita”, explicou.
Já as outras
duas medidas citadas por ministro vão depender de projetos de lei ou de medidas
provisórias.
Apesar das
medidas para aumentar a arrecadação, Haddad tem negado que vai haver um aumento
da carga tributária, ou seja, do total de impostos em proporção do PIB.
O ministro
avalia que as medidas vão na direção de recompor arrecadação federal perdida
com medidas passadas e também em cobrar tributos de quem não está pagando.