Arrecadação é recorde em abril e maio e chega a R$ 962,5 bi no ano
Arrecadação é recorde em abril e maio e chega a R$ 962,5 bi no ano
Resultado representa alta real de 1,02%.
Publicado em 22/06/2023 - 14:04 Por Andreia Verdélio – Repórter da Agência Brasil - Brasília
A
arrecadação da União com impostos e outras receitas teve recorde em abril e
maio e alcançou R$ R$ 962,49 bilhões no acumulado do ano. O resultado
representa uma alta real de 1,02%, ou seja, descontada a inflação, em valores
corrigidos pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Os dados
foram divulgados nesta quinta-feira (22) pela Receita Federal. É o melhor
desempenho arrecadatório para o período acumulado, de janeiro a maio, da série
histórica, iniciada em 1995.
Em abril, a
arrecadação somou R$ 203,88 bilhões. Na comparação com o mesmo mês do ano
passado, houve aumento real de 0,31%. Segundo a Receita, também é o melhor
desempenho para abril e para o primeiro quadrimestre da série histórica.
Já em maio,
a arrecadação totalizou R$ 176,81 bilhões, também o maior valor já registrado
para esse mês desde 1995. Em relação a maio de 2022, houve acréscimo real de
2,89%.
Os dados
completos sobre a arrecadação estão disponíveis no site da Receita Federal. As
informações são divulgadas mensalmente, mas a greve dos auditores da Receita
atrasou a publicação dos dados de abril.
Dados
mais recentes
Em maio, em
relação às receitas administradas pela Receita Federal, o valor arrecadado
ficou em R$ 171,42 bilhões, representando acréscimo real de 3,54%, enquanto no
período acumulado de janeiro e maio a arrecadação alcançou R$ 913,89 bilhões,
aumento real de 2,44%.
A alta pode
ser explicada, principalmente, pelo desempenho dos principais indicadores
macroeconômicos que influenciam a arrecadação de tributos e pela arrecadação da
receita previdenciária e do Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) –
Rendimentos do Capital.
Só em maio,
a receita previdenciária alcançou R$ 48,39 bilhões, com acréscimo real de
6,98%, em razão do aumento real de 4,38% da massa salarial. Além disso, houve
crescimento de 30% das compensações tributárias com débitos de receita
previdenciária em razão da Lei 13.670/18, que vedou a utilização de créditos
tributários para a compensação de débitos de estimativas mensais do Imposto de Renda
Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL),
que incide sobre o lucro das empresas.
No acumulado
do ano, o resultado da receita previdenciária chegou a R$ 239,79 bilhões, alta
real de 7,20%. Esse item pode ser explicado pelo aumento real de 9,82% da massa
salarial e de 32% nas compensações tributárias com os débitos.
Já o IRRF –
Rendimentos de Capital totalizou uma arrecadação de R$ 7,42 bilhões em maio,
com acréscimo real de 23,07%. Os resultados podem ser explicados pela alta da
taxa Selic (juros básicos da economia), que influenciou o recolhimento dos
rendimentos dos fundos e títulos de renda fixa. No mês, o acréscimo nesses
itens foi de 9,37% e 59,32%, respectivamente.
No acumulado
do ano, o IRRF – Rendimentos de Capital teve alta de 37,39%, chegando a R$
40,65 bilhões. Os acréscimos nominais chegaram a 41,24% em fundos e a 77,69% em
títulos de renda fixa.
Indicadores
macroeconômicos
A Receita
Federal apresentou, também, os principais indicadores macroeconômicos que
ajudam a explicar o desempenho da arrecadação, tanto no mês quanto no acumulado
do ano. Entre eles, figuram a venda de serviços, com crescimento de 2,7% em
abril (fator gerador da arrecadação de maio) e 5,31% no ano; e a massa
salarial, que mantém crescimento de 8,75% no mês (15,46% no ano), em relação ao
mesmo mês de 2022.
A venda de
bens também teve alta de 3,10% no mês e de 2,28% no ano.
Já o valor
em dólar das importações teve queda de 10,29% em relação a abril do ano passado
e de 4,70% no ano. A produção industrial teve retração de 3,45% em abril e
também caiu 1,36% no acumulado do ano, comparado ao período de dezembro a abril
de 2022.
Lucro das
empresas
O resultado da arrecadação de maio foi influenciado por alterações na legislação tributária e por pagamentos atípicos tanto em 2022 quanto em 2023, especialmente do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL), que incide sobre o lucro das empresas. Segundo a Receita, ambos são importantes indicadores da atividade econômica, sobretudo, do setor produtivo.
As
desonerações concedidas no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e
Programa de Integração Social/Contribuição para Financiamento da Seguridade
Social (PIS/Cofins) também influenciaram no resultado.
A
arrecadação do IRPJ e da CSLL somou R$ 24,89 bilhões em maio, com redução real
de 4,63% sobre o mesmo mês de 2022. O resultado é explicado pelo decréscimo
real de 11,05% na arrecadação da estimativa mensal de empresas. Na apuração por
estimativa mensal, o lucro real é apurado anualmente, sendo que a empresa está
obrigada a recolher mensalmente o imposto, calculado sobre uma base estimada.
No acumulado
do ano, o IRPJ e a CSLL somaram R$ 229,60 bilhões, com queda real de 0,82%.
Esse desempenho é explicado pelo crescimento real de 1,05% da estimativa
mensal, de 12,20% do balanço trimestral e de 7,09% do lucro presumido,
conjugado com o decréscimo real de 34,39% na declaração de ajuste do IRPJ e da
CSLL, relativa a fatos geradores ocorridos em 2022.
“Além disso,
houve recolhimentos atípicos da ordem de R$ 5 bilhões, especialmente por
empresas ligadas à exploração de commodities, de janeiro a maio deste ano, e de
20 bilhões, no mesmo período de 2022”, informou a Receita Federal. Apenas no
mês de maio deste ano não houve recolhimento de receitas extraordinárias no
IRPJ e na CSLL. Em maio de 2022, houve arrecadação de 2 bilhões nesses itens.
Também houve
recolhimento extra do imposto de exportação sobre combustíveis em maio deste
ano, de R$ 1,02 bilhão, o que não aconteceu em maio de 2022.
Já em
relação às desonerações tributárias, apenas em maio, a redução de alíquotas do
PIS/Cofins sobre combustíveis resultou em uma desoneração de R$ 3 bilhões. No
ano, a desoneração chega a R$ 17,25 bilhões. Já a redução de alíquotas de IIPI
custou R$ 1,9 bilhão à Receita no mês passado e R$ 7,6 bilhões no acumulado de
janeiro e maio.
“Sem
considerar os fatores não recorrentes acima, haveria um crescimento real de
6,46% na arrecadação do período e de 4,87% na arrecadação do mês de maio”,
informou o órgão.
Edição:
Juliana Andrade