Arrecadação federal atinge R$ 158,99 bilhões em fevereiro
Arrecadação federal atinge R$ 158,99 bilhões em fevereiro
É o maior valor da série histórica, iniciada em 1995.
Publicado em 23/03/2023 - 12:21 Por Andreia Verdélio – Repórter da Agência Brasil - Brasília
A União
arrecadou R$ 158,99 bilhões em impostos em fevereiro, de acordo com dados
divulgados nesta quinta-feira (23) pela Receita Federal. É o maior valor da
série histórica, iniciada em 1995. Na comparação com o mesmo mês do ano
passado, houve crescimento real de 1,28%, ou seja, acima da inflação, em
valores corrigidos pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
No acumulado
do ano, a arrecadação alcançou R$ 410,73 bilhões, representando acréscimo acima
da inflação de 1,19%. O valor é o maior da série para o período acumulado. Os
dados sobre a arrecadação de fevereiro estão disponíveis no site da Receita
Federal.
A avaliação
do chefe do Centro de Estudos Tributários e Aduaneiros, Claudemir Malaquias, é
positiva e, para ele, os números indicam uma retomada da geração de empregos.
“Percebemos que o desempenho da atividade econômica continua sendo determinante
para o resultado da arrecadação. Neste mês de fevereiro, temos a surpresa
positiva do desempenho da massa salarial, que significa que a atividade
econômica também vem acompanhada de uma retomada do nível de emprego”, disse,
durante entrevista coletiva.
Quanto às
receitas administradas pela Receita Federal, o valor arrecadado em fevereiro
ficou em R$ 153,03 bilhões, representando acréscimo real de 1,14%, enquanto no
período acumulado de janeiro e fevereiro, a arrecadação alcançou R$ 387,96
bilhões, alta real de 1,76%.
O aumento
pode ser explicado, principalmente, pelo crescimento de recolhimentos do
Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social Sobre o Lucro
Líquido (CSLL), que incide sobre o lucro das empresas. Segundo a Receita, eles são
importantes indicadores da atividade econômica, sobretudo, do setor produtivo.
As
desonerações concedidas no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e
Programa de Integração Social/Contribuição para Financiamento da Seguridade
Social (PIS/Cofins) também influenciaram no resultado.
Lucro das
empresas
A
arrecadação do IRPJ e da CSLL somou R$ 30,83 bilhões, com crescimento real de
12,12% sobre o mesmo mês de 2022. O resultado é explicado pelo acréscimo real
de 12,88% na arrecadação da estimativa mensal de empresas. Na apuração por
estimativa mensal, o lucro real é apurado anualmente, sendo que a empresa está
obrigada a recolher mensalmente o imposto, calculado sobre uma base estimada.
A Receita
observa ainda que houve pagamentos atípicos de IRPJ e CSLL de, aproximadamente,
R$ 2 bilhões, por empresas ligadas ao setor de commodities (produtos básicos
negociados em mercados internacionais), associadas à mineração e extração e
refino de combustíveis.
No acumulado
do ano, o IRPJ e a CSLL somaram R$ 118,21 bilhões, com crescimento real de
apenas 0,79%. Esse desempenho é explicado pelo crescimento real de 19,66% da
estimativa mensal, de 13,88% do balanço trimestral e de 6,74% do lucro
presumido, conjugado com o decréscimo real de 50,99% na declaração de ajuste do
IRPJ e da CSLL, relativa a fatos geradores ocorridos em 2022.
“Além disso,
houve recolhimentos atípicos da ordem de R$ 5 bilhões, especialmente por
empresas ligadas à exploração de commodities, no primeiro bimestre deste ano, e
de 12 bilhões, no primeiro bimestre de 2022”, informou a Receita Federal.
Já as
receitas extraordinárias foram compensadas pelas desonerações tributárias.
Apenas em fevereiro, a redução de alíquotas do PIS/Confins sobre combustíveis
resultou em uma desoneração de R$ 3,75 bilhões. No ano, chega a R$ 7,50
bilhões. Já a redução de alíquotas de Imposto sobre Produtos Industrializados
(IPI) custou R$ 1,9 bilhão à Receita no mês passado e R$ 3,80 bilhões no
acumulado de janeiro e fevereiro.
“Sem
considerar os pagamentos atípicos, haveria um crescimento real de 6,74% na
arrecadação do período e de 3,56% na arrecadação do mês de fevereiro”, informou
o órgão.
Outros
destaques
Outro
destaque da arrecadação de fevereiro foi a receita previdenciária, que alcançou
R$ 46,04 bilhões, com acréscimo real de 6,28%, em razão do aumento real de
8,52% da massa salarial. No acumulado do ano, o resultado chega a R$ 94,39
bilhões, alta real de 7,47%. Esse último item pode ser explicado pelo aumento
real de 12,28% da massa salarial e pelo aumento real de 10,14% na arrecadação
da contribuição previdenciária do Simples Nacional de janeiro e fevereiro deste
ano, em relação ao mesmo período de 2022.
Além disso,
houve crescimento das compensações tributárias com débitos de receita
previdenciária em razão da Lei 13.670/18, que vedou a utilização de créditos
tributários para a compensação de débitos de estimativas mensais do IRPJ e da
CSLL.
O Imposto de
Renda Retido na Fonte (IRRF) – Rendimentos do Trabalho registrou arrecadação de
R$ 14,08 bilhões em fevereiro, representando crescimento real de 12,11%. O
resultado deve-se aos acréscimos reais na arrecadação dos itens Rendimentos do
Trabalho Assalariado (10,66%) e Aposentadoria do Regime Geral ou do Servidor
Público (33,07%) e decréscimo em Participação nos Lucros ou Resultados (queda
de 1,03%). No acumulado de janeiro e fevereiro, o valor chega e R$ 35,31
bilhões, alta real de 12,83%
O IRRF –
Rendimentos de Capital teve arrecadação de R$ 6,72 bilhões no mês passado, com
acréscimo real de 27,03%. Somados janeiro e fevereiro, o valor chega a R$ 17,66
bilhões, alta real de 44,65%. Os resultados podem ser explicados em razão da
alta da taxa Selic (juros básicos da economia), que influenciou o recolhimento
dos rendimentos dos fundos e títulos de renda fixa.
Indicadores
macroeconômicos
É costume da
Receita Federal apresentar, também, os principais indicadores macroeconômicos
que ajudam a explicar o desempenho da arrecadação, tanto no mês quanto no
acumulado do ano. Entretanto, alguns dados não estão disponíveis devido à
mudança de metodologia do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) na apuração e divulgação dos resultados da venda de bens e serviços e da
produção industrial.
A informação
já disponível é da massa salarial, que mantém crescimento significativo de
14,78% no mês (18,76% no ano) de janeiro (fator gerador da arrecadação de
fevereiro), em relação ao mesmo mês de 2022. Já o valor em dólar das
importações teve queda de 6,05% em relação a janeiro do ano passado e queda de
1,98% em 12 meses.
Primeiro e
segundo parágrafos alterados, às 16h11 de 23 de março de 2022, para corrigir
informação: os resultados são os maiores da série histórica iniciada em 1995,
não desde 2000.
Edição:
Maria Claudia