Arrecadação federal chega a R$ 215,6 bilhões em outubro
Arrecadação federal chega a R$ 215,6 bilhões em outubro
Índice mostra aumento real de 0,1%, diz Receita Federal.
Publicado por Andreia Verdélio – Repórter da Agência Brasil - Brasília - Brasília
A
arrecadação da União com impostos e outras receitas teve leve alta, alcançando
R$ 215,60 bilhões em outubro, segundo dados divulgados nesta segunda-feira (27)
pela Receita Federal. O resultado representa aumento real de 0,1%, ou seja,
descontada a inflação, em valores corrigidos pelo Índice Nacional de Preços ao
Consumidor Amplo (IPCA), em comparação com outubro de 2022.
No acumulado
de janeiro a outubro, a arrecadação chegou a R$ 1,9 trilhão, recuo real de
0,68%, em relação aos nove primeiros meses do ano passado. Os dados sobre a
arrecadação de outubro estão disponíveis no site da Receita Federal.
Quanto às
receitas administradas pelo órgão, o valor arrecadado no mês passado ficou em
R$ 195,58 bilhões, representando acréscimo real de 0,71%, enquanto no período
acumulado de janeiro a outubro, a arrecadação alcançou R$ 1,8 trilhão, alta
real de 0,65%.
Os
resultados foram influenciados por alterações na legislação tributária e por
pagamentos atípicos tanto em 2022 quanto em 2023, especialmente do Imposto de
Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido
(CSLL), que incide sobre o lucro das empresas. Segundo a Receita, ambos são
importantes indicadores da atividade econômica, sobretudo, do setor produtivo.
As
desonerações concedidas no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e
Programa de Integração Social/Contribuição para Financiamento da Seguridade
Social (PIS/Cofins) sobre combustíveis também influenciaram no resultado.
Lucro das empresas
A
arrecadação do IRPJ e da CSLL somou R$ 52,49 bilhões em outubro, com redução
real de 7,06% sobre o mesmo mês de 2022. O resultado é explicado pelo
decréscimo real de 12,98% na arrecadação da estimativa mensal de empresas e de
12,25% na arrecadação do balanço trimestral. Na apuração por estimativa mensal,
o lucro real é apurado anualmente, sendo que a empresa está obrigada a recolher
mensalmente o imposto, calculado sobre uma base estimada.
A Receita
ressaltou, por outro lado, que, em outubro do ano passado, houve pagamentos
atípicos de R$ 3 bilhões nessa arrecadação.
No acumulado
do ano, o IRPJ e a CSLL somaram R$ 409,91 bilhões, com queda real de 8,59%. O
desempenho é explicado pelo recuo real de 14,29% da estimativa mensal e de
33,96% na declaração de ajuste do IRPJ e da CSLL, relativa a fatos geradores
ocorridos em 2022, conjugados com os acréscimos reais de 4,95% do lucro
presumido.
“Além disso,
houve recolhimentos atípicos da ordem de R$ 5 bilhões, especialmente por
empresas ligadas à exploração de commodities [produtos primários com cotação em
mercados internacionais], no período de janeiro a outubro deste ano, e de 40
bilhões, no mesmo período de 2022”, informou a Receita Federal.
Fatores não recorrentes
Contribuindo
para melhorar a arrecadação, houve recolhimento extra do imposto de exportação
sobre combustíveis em outubro deste ano, de R$ 47 milhões, o que não ocorreu no
mesmo mês de 2022.
Por outro
lado, também houve desonerações tributárias. Apenas em outubro, a redução de
alíquotas do PIS/Cofins sobre combustíveis resultou em uma desoneração de R$
1,46 bilhão; em outubro de 2022 havia sido de R$ 3,75 bilhões. No ano, a
desoneração chega a R$ 28,71 bilhões. Já a redução de alíquotas de Imposto
sobre Produtos Industrializados (IPI) custou R$ 1,9 bilhão à Receita no mês
passado e R$ 19 bilhões de janeiro a outubro.
“Sem
considerar os fatores não recorrentes acima, haveria um crescimento real de
3,22% na arrecadação do período acumulado e um acréscimo real de 1,03% na
arrecadação do mês de outubro.”, informou o órgão.
Outros destaques
Outro
destaque da arrecadação de outubro foi a Receita Previdenciária que teve
aumento real de 3,28%, chegando a R$ 48,70 bilhões. Esse desempenho é explicado
pelo crescimento real de 1,72% da massa salarial. Além disso, houve crescimento
de 27% nas compensações tributárias com débitos de receita previdenciária em
razão da Lei 13.670/18, que vedou a utilização de créditos tributários para a
compensação de débitos de estimativas mensais do IRPJ e da CSLL.
No acumulado
do ano, a Receita Previdenciária totalizou uma arrecadação de R$ 486,98
bilhões, com crescimento real de 5,43%.
O PIS/Pasep
e a Cofins apresentaram, no conjunto, uma arrecadação de R$ 37,46 bilhões no
mês passado, representando crescimento real de 8,2%. Esse desempenho é
explicado pela combinação dos seguintes fatores: do aumento real de 2,9% no
volume de vendas e da queda real de 1,2% no volume de serviços entre setembro
de 2023 e setembro de 2022; e da modificação da tributação incidente sobre o
diesel, gasolina e álcool.
O Imposto de
Renda Retido na Fonte – Rendimentos de Capital apresentou uma arrecadação de R$
8,68 bilhões, com crescimento real de 26,11%. Os resultados podem ser
explicados pela alta da taxa Selic (juros básicos da economia), que influenciou
o recolhimento dos rendimentos dos fundos e títulos de renda fixa. No acumulado
do ano, o acréscimo foi 23,92% nesse item, chegando a R$ 90,30 bilhões.
Em outubro,
o Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) teve uma arrecadação de R$ 4,40
bilhões, com aumento real de 5,88%. Esse resultado se deve ao acréscimo real de
14% na arrecadação das quotas da declaração de ajuste anual.
No acumulado
do ano, outro destaque é para IRRF – Rendimentos do Trabalho apresentou uma
arrecadação de 157,80 bilhões, com crescimento real de 4,54%. Esse resultado se
deve às altas nos itens “Rendimentos do Trabalho Assalariado” (6,36%) e
“Participação nos Lucros ou Resultados – PLR” (11,92%), combinados com o
decréscimo no item “Aposentadoria do Regime Geral ou do Servidor Público”
(6,32%).
Indicadores macroeconômicos
A Receita
Federal apresentou, também, os principais indicadores macroeconômicos que
ajudam a explicar o desempenho da arrecadação, tanto no mês quanto no acumulado
do ano. Entre os indicadores, estão a venda de serviços, com queda de 1,2% em
setembro (fator gerador da arrecadação de outubro) e crescimento de 3,8% no
ano; e a massa salarial, que cresceu 6,99% em setembro (12,99% no ano), em
relação ao mesmo mês de 2022.
A venda de
bens também cresceu 2,9% no mês e 3,56% no ano. Já a produção industrial caiu
0,82% em setembro e 1,12% no acumulado do ano, comparado ao período de dezembro
de 2021 a setembro de 2022.
O valor em
dólar das importações, vinculado ao desempenho industrial, também teve recuo,
de 12,94% em relação a setembro do ano passado e 12,04% no ano.
Edição:
Valéria Aguiar