Assembleia dos Metroviários de SP decide manter greve após catracas não serem liberadas
Assembleia dos Metroviários de SP decide manter greve após catracas não serem liberadas
Sindicato diz que foi 'enganado' por Tarcísio, que anunciou aceitar acordo e, ao mesmo tempo, pediu na Justiça para deliberar sobre o tema e proibir a liberação de catracas.
Por g1 SP e TV Globo — São Paulo 23/03/2023 15h04 - Atualizado há 34 minutos
Em uma
assembleia realizada na tarde desta quinta-feira (23), os metroviários de São
Paulo decidiram continuar com a greve que começou nesta madrugada. Segundo o
sindicato, a decisão ocorreu porque se disseram “enganados”, já que o
governo anunciou que aceitou a liberação das catracas, mas, ao mesmo tempo,
entrou na Justiça contra.
– Pela
manhã, por volta de 8h30, o Metrô chegou a anunciar que aceitava, pela primeira
vez na história, conceder a liberação das catracas para que a greve fosse
encerrada;
– E condicionou
a medida ao retorno de 100% dos funcionários da operação e manutenção;
– No
entanto, paralelamente ao aceite da proposta, o Metrô acionou a Justiça para
tentar acabar com a greve;
– Em decisão
liminar, às 10h18, a Justiça do Trabalho vetou a liberação das catracas sob a
alegação de riscos à segurança;
– Diante da
determinação da justiça trabalhista, o sindicato afirma que foi enganado pelo
governo e manterá a greve;
– Não é a
primeira vez que grevistas colocam na mesa de negociações a proposta de
liberação das catracas;
– A medida
já foi sugerida em outras paralisações, mas nunca chegou a ser aceita.
Camila
Lisboa, presidente do Sindicato dos Metroviários, informou que após a
realização da assembleia de quarta-feira, uma juíza autorizou a realização da
catraca livre.
“O
desafio catraca livre é algo que a nossa categoria sempre faz, o Metrô nunca
aceitou, nem o governo do estado. Mediante a decisão da juíza Elaine a gente
votou na assembleia e decidiu fazer o desafio catraca livre. Se o governo
aceitasse não teria grave”.
Camila
informou que por volta de 8h o Metrô enviou uma carta informando que aceitaria
o desafio.
“Nós
fizemos uma ‘live’ logo depois [do anúncio do governo] orientando que todos os
funcionários voltassem aos seus postos de trabalho. Eles voltaram e estavam
prontos para começar a operação, estávamos apenas aguardando o sistema
operacional do Metrô. Era quase 12h30 e não vinha a autorização operacional.
Durante esse período, fomos surpreendidos com um mandado de segurança pedido
pelo governo Tarcísio proibindo a liberação das catracas”.
A diretoria
do sindicato convocou uma assembleia de emergência por volta de 13h e decidiu
por manter a greve. Cerca de 2 mil metroviários votaram pela continuidade. Às
17h desta quinta o sindicato irá participar de uma audiência de conciliação no
Tribunal Regional do Trabalho (TRT).
“Por
volta de 12h30 quando os trabalhadores já estavam nos seus postos ainda não
havia tido a autorização para iniciar a operação. O governador Tarcísio mentiu
para a imprensa, mentiu para a população e para os metroviários. Como queremos
seguir tendo um instrumento para reivindicar os nossos direitos a nossa grave
continua, nós seguimos abertos para negociar, lamentamos que o governo Tarcísio
utilizou o seu dia para fazer um drible na população, na imprensa e nos
metroviários. Se a cidade está um Caos, isso é culpa de Tarcísio de
Freitas”, afirmou Camila.
Em nota, o
TRT informou que “há uma audiência marcada para às 17h de hoje. Vamos
divulgar novas informações quando estiverem disponíveis. Por enquanto, não
houve acordo. Como deve ter acompanhado, ontem teve o indeferimento de uma
liminar para estabelecer o modo de operação do metrô, uma vez que os
trabalhadores estavam dispostos a trabalhar com catracas livres. Mais tarde, em
uma audiência o TRT-2 recomendou cláusula de paz e retomada das negociações.
Com a greve deflagrada, uma liminar foi concedida para estabelecer
funcionamento mínimo. As discussões sobre abertura ou não de catracas é decisão
executiva, não faz parte das decisões do TRT-2”.
O governo
manteve a mesma nota enviada pela manhã e não menciona o fato de o
desembargador ter proibido a liberação de catracas.
“A Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô), diante da continuidade da paralisação por parte do Sindicato dos Metroviários mesmo com a liberação das catracas, obteve na manhã desta quinta-feira (23) liminar que determina o funcionamento de 80% do serviço do Metrô nos horários de pico (entre 6h e 10h e entre 16h e 20h) e com 60% nos demais horários, durante todo o período de paralisação, com cobrança de tarifa.
A liminar
foi concedida a pedido do Metrô. Em caso de descumprimento, pode ser aplicada
multa ao sindicato dos metroviários no valor de R$ 500 mil por dia. A decisão é
do desembargador Ricardo Apostólico Silva”
Os
metroviários estão em greve para cobrar o pagamento do abono salarial e a
realização de um novo concurso público para contratar mais funcionários.