Ata dissipou desconfiança de divisão política no Copom, diz Haddad
Ata dissipou desconfiança de divisão política no Copom, diz Haddad
Para ministro da Fazenda, documento teve tom técnico e adequado.
Publicado por Wellton Máximo - Repórter da Agência Brasil - Brasília
A divulgação
da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) dissipou a
desconfiança de uma divisão política entre os diretores do Banco Central (BC),
avaliou nesta terça-feira (14) o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Ele
considerou o tom do documento “técnico e adequado”.
“A ata foi
muito técnica, muito adequada, e está em linha com o que eu de fato esperava.
Eu entendia que eram duas posições técnicas [corte de 0,5 ponto ou de 0,25
ponto percentual], respeitáveis, e a ata deixou claro que os argumentos de lado
a lado eram pertinentes e defensáveis”, afirmou o ministro.
Segundo
Haddad, o texto da ata “fala por si”. O ministro defendeu que o Banco Central
deve mirar o centro da meta oficial de inflação, definida em 3,5% para este
ano. A margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos só
deve ser usada em situações excepcionais.
“A tensão do
mercado se dissipou com a ata, conforme nós prevíamos. Tinha mais rumor do que
verdade. Está tudo tranquilo agora. A ata fala por si mesma. É bem técnica e
justifica os dois posicionamentos com muita clareza. Todo mundo que leu,
entendeu que as questões estão bem colocadas”, argumentou o ministro.
Desempate
Na semana
passada, o Copom reduziu a Taxa Selic (juros básicos da economia) em apenas
0,25 ponto percentual, de 10,75% para 10,5% ao ano. Pela primeira vez desde o
início do ciclo de baixas nos juros, a decisão não foi unânime, com o corte de
0,25 ponto sendo aprovado por 5 votos a 4.
O presidente
do BC, Roberto Campos Neto, desempatou a decisão ao votar por um corte de 0,25
ponto. Além de Campos Neto, votaram por essa redução os diretores Carolina de
Assis Barros (Relacionamento Institucional), Diogo Abry Guillen (Política
Econômica), Otávio Ribeiro Damaso (Regulação) e Renato Dias de Brito Gomes
(Organização do Sistema Financeiro), indicados pelo governo anterior.
Votaram por
uma redução de 0,50 ponto percentual os diretores Ailton de Aquino Santos
(Fiscalização), Gabriel Muricca Galípolo (Política Monetária), Paulo Picchetti
(Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos) e Rodrigo Alves
Teixeira (Administração), indicados pelo atual governo.
Consensos
Segundo o
texto da ata divulgada nesta terça, o principal ponto de divergência entre os
diretores do BC foi o impacto, sobre a credibilidade da autoridade monetária,
de descumprir os comunicados anteriores, que apontavam corte de 0,5 ponto na
reunião deste mês. Os diretores que votaram pelo corte de 0,25 ponto e o
presidente Campos Neto entenderam que esse corte era condicionado à manutenção
do cenário econômico, que mudou desde a reunião anterior, em março.
Os
diretores, no entanto, concordaram em outros pontos, como a necessidade de
haver uma política monetária contracionista (que restrinja a atividade
econômica) e a preocupação com o crescimento das expectativas de inflação, com
o cenário internacional mais adverso, com a persistência da inflação de
serviços e com possíveis impactos do aquecimento do mercado de trabalho sobre
os preços.
Edição:
Fernando Fraga