Banco Central deve promover 3º corte seguido dos juros nesta quarta, para 12,25% ao ano
Banco Central deve promover 3º corte seguido dos juros nesta quarta, para 12,25% ao ano
Essa é a expectativa da maior parte dos economistas do mercado financeiro. Se confirmado o corte nesta intensidade, juro cairá ao menor patamar desde maio de 2022.
Por Alexandro Martello, g1 — Brasília
O Comitê de
Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) se reúne nesta quarta-feira (1º)
e deve reduzir a taxa básica de juros da economia de 12,75% para 12,25% ao ano.
A decisão será anunciada após as 18h.
O corte de
0,5 ponto percentual é a aposta da maior parte dos economistas dos bancos. Se
confirmado, esse será o terceiro corte seguido na taxa Selic – que cairá ao
menor patamar desde maio de 2022, quando estava em 11,75% ao ano.
A projeção
do mercado financeiro é de que a taxa de juros tenha uma nova queda em dezembro
deste ano e termine 2023 em 11,75% ao ano. Para 2024, a estimativa é de que a
taxa Selic feche o ano em 9,25% ao ano.
Como as decisões são tomadas
Para definir
a taxa básica de juros e tentar conter a alta dos preços, no sistema de metas
de inflação, o BC faz projeções para o futuro.
Neste
momento, a instituição já está mirando na meta do ano que vem, e também para o
primeiro semestre de 2025 (em doze meses). Isso ocorre porque as mudanças na
taxa Selic demoram de seis a 18 meses para ter impacto pleno na economia.
A meta de
inflação do próximo ano, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), é de
3% e será considerada cumprida se oscilar entre 1,5% e 4,5%.
A partir de
2025, o governo mudou o regime de metas de inflação, e a meta passou a ser
contínua, de 3%, podendo oscilar entre 1,5% e 4,5% sem que seja descumprida.
Na semana
passada, os economistas do mercado financeiro estimaram que a inflação de 2024
somará 3,90% e, a de 2025, 3,50%.
O que dizem analistas
De acordo
com a Associação Brasileira de Bancos (ABBC), o processo de redução da taxa de
juros, que vem sendo indicado pelo Banco Central, tem condições de continuar
nesta quarta-feira, com um corte de 0,5 ponto percentual, para 12,25% ao ano.
Everton
Gonçalves, superintendente da Assessoria Econômica da ABBC, avaliou, porém, que
o aumento do déficit das contas públicas nos Estados Unidos tem gerado aumento
nos juros norte-americanos – com impacto nos ativos de países emergentes (como
o dólar).
“Em
última instância, poderá comprometer a velocidade do processo de desinflação [no
Brasil] e, por sua vez, impor limites para a redução da taxa básica de juros
[no país]”, acrescentou ele.
Já a XP
avaliou, em comunicado, que os dados recentes sobre inflação e atividade
continuam a sugerir espaço para redução de juros.
A
instituição projetou corte para 12,25% ao ano, mas acrescentou que, em sua
visão, uma aceleração no ritmo de corte é cada vez menos provável “em
linha com a elevação nos juros americanos e riscos fiscais [nas contas
públicas] persistentes no quadro doméstico”.
Pedro Oliveira,
tesoureiro do Paraná Banco Investimentos, informou que o BC deve destacar a
piora no cenário internacional, com elevação das taxas de juros nos Estados
Unidos – que pode estar “sugando a liquidez [dólares] de países
emergentes”.
“Atualmente,
fica cada vez mais distante o cenário de déficit fiscal zero para 2024, que
seria a meta do novo arcabouço fiscal. Se as economias desenvolvidas
continuarem com juros altos no longo prazo, países emergentes, como o Brasil,
serão muito mais pressionados a entregar responsabilidade fiscal para atrair
fluxo de capitais”, acrescentou o analista do Paraná Banco Investimentos.
Consequências de juros menores
De acordo
com especialistas, a redução da taxa de juros no Brasil terá várias
consequências para a economia. Veja abaixo algumas delas:
Redução das
taxas bancárias: a tendência é que os cortes de juros sejam repassados aos
clientes. Em agosto, a taxa média de juros cobrada pelos bancos em operações
com pessoas físicas e empresas recuou pelo terceiro mês seguido e atingiu o
menor patamar desde janeiro deste ano. Os dados são do Banco Central.
Crescimento
da economia: com juros mais baixos, a expectativa é de que comece a haver um
comportamento melhor do consumo da população e, também, melhora dos
investimentos produtivos, impactando positivamente o Produto Interno Bruto
(PIB), o emprego e a renda. Os dados de atividade têm surpreendido
positivamente neste ano.
Melhora das
contas públicas: as reduções de juros também favorecem as contas públicas, pois
diminuem as despesas com juros da dívida pública. Em 2022, a despesa com juros
somou R$ 586 bilhões. Na porcentagem do PIB (5,96%), foi o maior patamar desde
2017. Analistas estimaram que a redução dos juros pode gerar economia de R$ 100
bilhões em 2024.
Impacto nas aplicações financeiras: investimentos em renda fixa, como no Tesouro Direto e em debêntures, porém, tendem a ter um rendimento menor, com o passar do tempo, do que teriam com juros mais elevados. Com a queda da Selic, a tendência é que os investimentos em renda variável fiquem mais atrativos. Especialistas ouvidos pelo g1 ponderaram, no entanto, que esse movimento tende a ocorrer ao longo do tempo.