Bastidores: por que Corinthians decidiu encarar rejeição de torcedores e contratar Cuca
Bastidores: por que Corinthians decidiu encarar rejeição de torcedores e contratar Cuca
Duilio tem papo franco com técnico, alvo de protestos da torcida, e consuma acerto em menos de 12 horas; em outras situações, clube voltou atrás após "barulho" nas redes.
Por Ana Canhedo, Bruno Cassucci e Marcelo Braga — São Paulo 21/04/2023 04h00 - Atualizado há 33 minutos
Fernando
Lázaro deixou a Neo Química Arena praticamente fora do cargo de treinador do
Corinthians depois da derrota por 1 a 0 para o Argentinos Juniors, pela
Conmebol Libertadores. Faltava, porém, uma coisa: quem assumiria o Timão?
Cuca foi o
escolhido em menos de 12 horas, após reunião entre o presidente Duilio Monteiro
Alves e o gerente de futebol Alessandro Nunes.
O acerto foi
encaminhado na manhã de quinta-feira, mas só “vazou” à tarde,
instantes antes do anúncio. O sigilo tinha uma razão: o clube precisava
preparar o terreno para a repercussão que viria pela frente. E ela foi grande,
como ficou claro nas manifestações na internet.
Conhecedor
de seu público, Duilio sabia que encararia rejeição de boa parte da torcida ao
nome de Cuca, pela condenação por estupro na Suíça, em 1989. Por conta disso,
teve um papo franco com o técnico sobre o tema. Nesta sexta-feira, ele falará
sobre o caso em entrevista coletiva para tentar esclarecer o assunto.
O clube
acionou o departamento jurídico e pesquisou sobre a situação de Cuca. Depois
dessa “varredura”, a escolha foi por apostar no profissional apesar
do que viria pela frente.
O processo
era trabalhoso, mas veloz, já que o Timão queria um técnico para estrear contra
o Goiás, no domingo, pelo Brasileirão, para que o jogo contra o Remo, na
quarta, pela Copa do Brasil, fosse já com alguns dias de trabalho do novo
comandante. O time precisa reverter um 2 a 0.
Hoje
acumulando também a função de diretor de futebol, Duilio contratou Cuca por
convicção pessoal e admiração antiga. Bancou o nome que acredita que entregará
experiência e terá casca suficiente para blindar o futebol de um ano político
caótico no clube.
Antes mesmo
de contratar Vítor Pereira, no ano passado, Duilio já tinha o nome de Cuca em
mente. À época, ainda sem a experiência de trabalhar com um treinador
estrangeiro na gestão, chegou a dizer a pessoas próximas que só não procuraria
Cuca por “já ter muitos problemas” e não querer mais um.
Agora, a
sete meses do fim de seu mandato, a avaliação é de que a situação dentro de
campo tem de ser vista como prioridade, e que Cuca é um “tiro certo”
por entregar resultados nos últimos trabalhos.
A partir de
agora, o Corinthians segue um rumo novo com Cuca e Duilio, que não havia batido
de frente com a torcida e o barulho das redes sociais com tamanha intensidade
desde o início da gestão. Pelo contrário, já até voltou atrás em decisões como,
por exemplo, a da contratação do auxiliar Rodrigo Santana, que havia
comparecido a atos antidemocráticos na virada do ano.
Com a
chegada de Cuca, porém, Duilio dá a cartada final de quem precisa de resultados
urgentes para não arruinar o último ano de mandato.