Beckenbauer morre aos 78 anos
Beckenbauer morre aos 78 anos
Campeão mundial como jogador e treinador, ele entrou para a história da seleção alemã e do Bayern de Munique.
Por Redação do ge — Berlim
Franz
Beckenbauer, considerado o maior nome da história do futebol alemão, morreu na
noite de domingo, dia 07, aos 78 anos. Um comunicado da família foi divulgado
pela imprensa alemã, sem detalhes sobre a causa da morte, apenas indicando que
o ex-atleta morreu dormindo.
– É com
profunda tristeza que anunciamos que meu marido e nosso pai, Franz Beckenbauer,
faleceu pacificamente enquanto dormia ontem, domingo, cercado por sua família.
Pedimos que possamos lamentar em silêncio e nos abster de qualquer pergunta –
diz a nota.
Segundo o
jornal Bild, Beckenbauer enfrentava muitos problemas de saúde nos últimos anos.
Ele sofreu muito com a morte de seu filho Stephan (46), em 2015, e as acusações
de corrupção no processo de escolha da Copa do Mundo de 2006.
O veículo
indica que o Kaiser teve um Infarto ocular, passou por operações cardíacas e
tinha demência associada à doença de Parkinson.
Beckenbauer
é um dos grandes ídolos da história do futebol alemão, campeão mundial com a
seleção do país em 1974, dois anos depois de conquistar a Eurocopa. Como
jogador, era referência histórica do Bayern de Munique, onde atuou por 13 anos
e conquistou uma série de títulos.
O
ex-zagueiro também entrou para a história das Copas do Mundo ao conquistar o
Mundial de 1990 como treinador. Desta forma, está em um seleto grupo que conta
apenas com Zagallo, morto na sexta-feira, aos 92 anos, e Didier Deschamps,
atual comandante da seleção francesa.
Títulos como jogador (19):
1 Copa do
Mundo
1 Eurocopa
3 Ligas dos
Campeões
5
Campeonatos Alemães
1 Mundial de
Clubes
4 Copas da
Alemanha
1 Recopa da
Europa
3 da NASL
(EUA)
+ Deschamps
é único vivo campeão mundial como técnico e jogador
Títulos como treinador (4):
1 Copa do
Mundo
1 Copa da
Uefa (atual Liga Europa)
1 Campeonato
Alemão
1 Campeonato
Francês
Um ícone do Bayern e da Alemanha
Franz
Beckenbauer nasceu no dia 11 de setembro de 1945, em Munique, dias após o fim
da II Guerra Mundial. Sua família trabalhou na reconstrução da cidade, arrasada
pela guerra, mas ele logo mostrou sua paixão pelo futebol.
Beckenbauer
começou como atacante na base, no SC Munique 06. Mas no Bayern de Munique, o
clube de sua vida, se descobriu como líbero e revolucionou a posição e a
história do clube. Antes dele, o time bávaro havia conquistado o Campeonato
Alemão apenas uma vez.
Ele
conquistou o torneio quatro vezes com a camisa da equipe, além de quatro
títulos da Copa da Alemanha e o tricampeonato seguido da Copa dos Campeões
Europeus (atual Champions League), entre 1973 e 1976. Com 76 gols marcados, o
ex-líbero é o quinto jogador com mais jogos pelo Bayern, 584.
A estreia na
seleção alemã foi em 1965 e, no ano seguinte, veio a primeira Copa do Mundo. No
Mundial da Inglaterra, Beckenbauer quatro de seus cinco gols em Copas. A
Alemanha seria vice-campeã para a Inglaterra.
No México,
em 1970, o ex-zagueiro viveu um dos episódios que marcaram sua carreira: jogou
com a clavícula quebrada na semifinal contra a Itália e não evitou a derrota
por 4 a 3. No entanto, quatro anos mais tarde, veio a redenção. Beckenbauer
viveria, nos anos seguintes, o seu auge como jogador.
Em 1974,
após a conquista da Eurocopa de 1972, a Alemanha conquistou seu segundo título
da Copa do Mundo com o Kaiser de protagonista e vitória por 2 a 1 sobre a
Holanda de Johan Cruyff na final. Franz Beckenbauer foi Bola de Ouro em 1972 e
1976. Ele e Rummenigge são os dois únicos alemães a conquistarem o prêmio mais
de uma vez.
A parceria com Pelé
Beckenbauer
teria mais dois clubes em sua carreira além do Bayern. Campeão de tudo com o
time bávaro e da Euro e da Copa do Mundo com a Alemanha, ele optou por um final
de carreira nos Estados Unidos. No New York Cosmos, se juntou a Pelé para e
outros grandes nomes do futebol da época.
Na equipe,
eles conquistaram três títulos da NASL, a liga disputada pelo Cosmos. O líbero
alemão ainda voltou a jogar no seu país natal, em duas temporadas pelo
Hamburgo, mas voltou aos Estados Unidos em 1983, no seu último ano como
jogador, novamente na equipe de Nova York.
A carreira como técnico
Em 1984,
Beckenbauer assumiu a seleção da Alemanha e iniciou sua carreira como técnico.
Na sua primeira Copa do Mundo como comandante, chegou à final e perdeu para a
Argentina de Maradona, em 1986. Em 1990, a história foi diferente.
Em uma
grande campanha, Beckenbauer levou a Alemanha ao seu terceiro título mundial ao
superar o rival de quatro anos antes: a Argentina. Depois de Zagallo, ele se
tornava ali o segundo da história do futebol a erguer a Copa do Mundo como
jogador e técnico.
A carreira
de treinador durou apenas mais alguns anos. Ele comandou o Olympique de
Marselha e treinou o Bayern de Munique por duas temporadas, onde conquistou os
títulos da Bundesliga e da Copa da Uefa – atual Liga Europa.
A polêmica com a Copa de 2006
Beckenbauer
foi chefe do Comitê Organizador Local da Copa do Mundo de 2006, sediada na Alemanha.
Em 2016, uma investigação da Procuradoria-Geral da Suíça (OAG) acusou o ídolo
alemão e outros três dirigentes de quatro crimes, dos quais incluíam fraude e
lavagem de dinheiro.
A
investigação apurava também se a Alemanha havia comprado o direito de ser sede
daquele Mundial. O processo foi encerrado em 2020, após prescrever. As
acusações levaram o dirigente a abandonar o cargo que mantinha no Comitê Executivo
da Fifa.
Ele chegou a admitir “erros” na organização daquela Copa do Mundo, mas negou que o país tenha comprado votos para ser sede.