Biden critica Rússia na Assembleia Geral da ONU: ‘Não se pode vencer em uma guerra nuclear’
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O presidente dos EUA falou sobre a ameaça de ataque nuclear feita por Putin. Ele também citou insegurança alimentar global e mudanças climáticas
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Por g1 21/09/2022 12h09 Atualizado há 3 horas
O presidente dos EUA, Joe Biden, acusou a Rússia de violar os princípios fundamentais de adesão às Nações Unidas ao invadir a Ucrânia e disse que Moscou estava fazendo ameaças “irresponsáveis” de uso de armas nucleares. A declaração foi feita nesta quarta-feira (21), durante o discurso na Assembleia Geral da ONU em Nova York.
Mais cedo, Vladimir Putin fez ameaças nucleares ao Ocidente. “Isto não é um blefe”, declarou o líder russo em um pronunciamento pela TV. Putin anunciou também que convocará cerca de 300 mil cidadãos da reserva para se unirem às tropas russas na Ucrânia.
Biden disse que ninguém havia ameaçado a Rússia, apesar das alegações de Putin em sentido contrário, e que apenas Moscou havia procurado um conflito.
“A guerra na Ucrânia é a guerra de um homem só”, disse, referindo-se a Putin. Ele prometeu solidariedade dos Estados Unidos com a Ucrânia.
Na sequência, o americano alertou sobre os perigos de investimentos em armamentos nucleares, citando Rússia e China.
“Uma guerra nuclear não pode ser vencida e nunca deve acontecer”, disse Biden.
Conselho de Segurança da ONU
O presidente dos EUA pediu a expansão do Conselho de Segurança da ONU. A reforma no Conselho é um tema recorrente em quase todas as crises internacionais em que um dos cinco membros permanentes (Estados Unidos, Rússia, China, Reino Unido e França) exerce seu direito de veto para impedir resoluções propostas por outros.
“Um membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas invadiu seu vizinho, tentou apagar um Estado soberano do mapa. A Rússia violou descaradamente os princípios fundamentais da Carta das Nações Unidas”, disse Biden.
A forma como Moscou tem usado seu poder de veto desde que invadiu a Ucrânia levou Washington a retomar o tema e insistir na ampliação do Conselho, que tem 15 membros, incluindo os cinco permanentes.
Guerra na Ucrânia e fome
A Casa Branca anunciou uma ajuda financeira adicional de US$ 2,9 bilhões (aproximadamente R$ 15 bilhões) para combater a insegurança alimentar em todo o mundo, agravada pela guerra na Ucrânia.
Rússia e Ucrânia são grandes exportadores de grãos e fertilizantes, e parte dos embarques foram interrompidos pela guerra.
Biden disse que as sanções impostas na Rússia explicitamente permitem a exportação de alimentos para o mundo. Segundo ele, Putin está usando as sanções como desculpa para prejudicar a distribuição de grãos em nível global.
“Este novo anúncio de US$ 2,9 bilhões salvará vidas através de intervenções emergenciais e investirá em ações de médio e longo prazo, a fim de proteger as populações mais vulneráveis do mundo da crescente crise global de segurança alimentar”, disse a Casa Branca em um comunicado, antecipando o discurso de Biden.
Esse valor se soma aos US$ 6,9 bilhões (aproximadamente R$ 35 bilhões) já oferecidos neste ano pelos EUA em fundos de segurança alimentar.
A guerra na Ucrânia e as mudanças climáticas também foram dois dos principais temas do primeiro dia de debates.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, sugeriu cobrar a conta de quem lucra muito com o petróleo e que os governos parem de subsidiar os combustíveis fósseis. Segundo Guterres, se o problema agora é má distribuição do alimento no mundo, a partir do ano que vem pode ser falta de comida mesmo. E em cima disso, a urgência das mudanças climáticas.
Brasil
Por tradição, desde 1955, o Brasil é o primeiro país a discursar na abertura da Assembleia da ONU. O presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL), em um pronunciamento de 20 minutos, abordou temas de campanha, fez um balanço das ações de seu governo, atacou as gestões petistas e defendeu itens da pauta conservadora.
Pela ordem dos discursos, geralmente o presidente dos EUA é o terceiro a falar na abertura dos debates, que foi nessa terça-feira (20), depois do secretário-geral da ONU e do presidente do Brasil. No entanto, dessa vez Biden não participou do primeiro dia porque ele viajou para Londres para o funeral da rainha Elizabeth II.