Bloqueios no Orçamento serão revistos no próximo mês, diz secretário
Bloqueios no Orçamento serão revistos no próximo mês, diz secretário
Ministério da Economia deverá publicar relatório fora do prazo
Publicado em 29/11/2022 - 18:04 Por Wellton Máximo – Repórter da Agência Brasil – Brasília
O bloqueio
de R$ 5,7 bilhões no Orçamento-Geral da União será reavaliado no próximo mês,
disse hoje (29) o secretário do Tesouro Nacional, Paulo Valle. Segundo ele, em
meados de dezembro, o Ministério da Economia editará uma edição extemporânea
(fora do prazo) do Relatório Bimestral de Avaliação de Receitas e Despesas,
documento que orienta a execução do Orçamento.
De acordo
com Valle, o governo consegue verificar, com mais eficiência, onde estão os
“empoçamentos” de recursos perto do fim do ano e liberar recursos que
determinadas pastas não podem gastar. Segundo o secretário, isso ocorre porque
alguns ministérios fazem projeções conservadoras.
Formado
principalmente por emendas parlamentares com problemas e que não podem ser
gastas, o empoçamento de recursos afeta diversos ministérios. A verba fica
reservada, mas não pode ser empenhada (autorizada) nem remanejada para outro
órgão.
“Houve
necessidade de fazer o bloqueio, mas deve haver reavaliação em meados de
dezembro”, disse Paulo Valle, ao explicar o superávit primário de R$ 30,8
bilhões em outubro.
No último
dia 22, o Ministério da Economia anunciou o contingenciamento (bloqueio)
adicional de R$ 5,7 bilhões do Orçamento de 2022 para cumprir o teto federal de
gastos. Segundo a pasta, a decisão foi necessária para pagar R$ 2,3 bilhões
adicionais em benefícios da Previdência Social e por causa da suspensão da
medida provisória que adiava para 2023 o repasse de R$ 3,8 bilhões de ajudas
para o setor cultural da Lei Aldir Blanc.
Lei Paulo
Gustavo
Com o novo
contingenciamento, o total de recursos bloqueados no Orçamento de 2022 chega a
R$ 15,4 bilhões. Em relação à Lei Paulo Gustavo, que prevê repasses para
governos locais ajudarem setores da cultura afetados pela pandemia de covid-19,
Valle disse que o governo não tem condições de executar a despesa neste ano,
mas que enviará um projeto de lei ao Congresso Nacional para criar o gasto no
Orçamento.
“Gera um grande impacto o bloqueio de R$ 3,7 bilhões. Por ser despesa não recorrente e tomada no meio do exercício, começa a ter problema de dificuldade de programação previstas para o fim do ano. Mas está em discussão e vamos tomar medidas cabíveis”, explicou. “Mas dificilmente vai conseguir pagar este ano”, completou. O mais provável, segundo ele, é que os gastos sejam empenhados como restos a pagar para 2023.
Em relação à
Previdência Social, explicou Valle, o crescimento dos gastos decorre do esforço
para reduzir a fila do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O secretário
ressaltou que a projeção estava subestimada em cerca de R$ 20 bilhões em
relação ao início do ano. Ele, no entanto, disse que o relatório extemporâneo
não deverá trazer ajustes nessa área.
Teto de
gastos
Sobre o teto
de gastos, que limita o crescimento dos gastos federais à inflação do ano
anterior, o secretário do Tesouro disse que o instrumento precisa de melhorias,
mas que tem cumprido a função de servir de âncora fiscal e de regular as
despesas federais. “Todo mundo reconhece que cabem melhorias, mas o teto
contribui para o cumprimento da meta fiscal e dá previsibilidade às despesas.
Desde 2016, há controle no nível de despesas”, declarou.
De acordo
com o Tesouro Nacional, as despesas sujeitas ao teto de gastos subiram 15,7% de
janeiro a outubro, acima do limite de enquadramento de 15,2% previsto no
Orçamento deste ano. Diferentemente de outros anos, em que o Legislativo, o
Judiciário e o Ministério Público estavam desenquadrados e eram compensados
pelo Poder Executivo, em 2022 os gastos do Executivo estão crescendo mais que o
previsto.
Nos dez
primeiros meses deste ano, o Executivo gastou 16,2% a mais que no mesmo período
do ano passado, contra limite de crescimento 15,1% previsto para esse Poder.
Segundo o subsecretário de planejamento Estratégico da Política Fiscal, David
Athayde, a situação será normalizada até o fim do ano.
Edição:
Valéria Aguiar