Brasil assume Mercosul: saiba principais acordos comerciais em negociação e em que fase estão
Brasil assume Mercosul: saiba principais acordos comerciais em negociação e em que fase estão
País ficará responsável pela presidência do bloco a partir desta terça (4), e buscará concluir negociações com União Europeia. Também há conversas com Canadá, EFTA e Singapura, por exemplo.
Por Filipe Matoso, g1 03/07/2023 10h37 - Atualizado há 12 minutos
O Brasil
assumirá nesta terça-feira (4) a presidência do Mercosul, durante a cúpula de
chefes de Estado do bloco em Puerto Iguazú, na Argentina.
Formado por
Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, o Mercosul foi criado em 1991, e a
presidência do bloco é rotativa por seis meses. Ou seja, a cada semestre, um
país comanda o bloco.
Além dos
Estados membros, também existem os chamados Estados associados, entre os quais
Colômbia, Bolívia e Chile. A Venezuela faz parte do bloco, mas está suspensa
desde 2017, e o Brasil tem defendido que o país volte a integrar o grupo.
Além do
Mercosul, o Brasil vai comandar no segundo semestre deste ano o G20 (que reúne
as principais economias do mundo) e o Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Segundo o
secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Ministério das Relações
Exteriores, Maurício Lyrio, os principais acordos comerciais negociados pelo
Mercosul são:
União
Europeia;
EFTA;
Canadá;
Singapura;
Indonésia;
Vietnã.
Entenda os acordos
União Europeia
Negociado
desde 1999, o acordo teve a parte comercial concluída em 2019 e, em 2020, as
partes políticas e de cooperação. Desde então, está em fase de revisão. A
expectativa do Brasil é concluir as negociações até dezembro deste ano,
aproveitando que o país comandará o Mercosul e a Espanha, a União Europeia,
dois países engajados nas negociações.
Entretanto,
um documento adicional incluído pela parte europeia foi vista como uma
“ameaça” pelo governo brasileiro, uma vez que prevê sanções em caso
de descumprimento de metas na questão ambiental, por exemplo.
O
entendimento do Brasil é que não cabem sanções – uma vez que o governo mudou –
ou que deve ser aplicado o chamado princípio da reciprocidade, isto é, se o
Mercosul puder sofrer sanção, a União Europeia deverá poder também.
A
expectativa é que, a partir desta semana, o Brasil envie aos demais integrantes
do Mercosul uma carta-resposta à União Europeia sobre o tema. Quando esta carta
for aprovada pelos demais países, o bloco, então, enviará o documento aos
europeus.
Canadá
As conversas
entre Mercosul e Canadá sobre um acordo comercial começaram em 2003 e, um ano
depois, as negociações em si. Após três rodadas, porém, as conversas foram
paralisadas em razão de divergências entre as partes.
A partir de
2012, com as negociações voltando a acontecer, foram incluídos novos temas na
mesa e, em 2018, as conversas foram retomadas oficialmente.
Além de
assuntos relacionados ao comércio, os blocos também passaram a discutir temas
como concorrência, práticas regulatórias, ações para pequenas e médias
empresas, povos indígenas, meio ambiente, propriedade intelectual e compras
governamentais (o Brasil entende que o governo deve estimular a indústria nacional
por meio dessas compras).
Segundo o Ministério das Relações Exteriores, os chamados “negociadores-chefes” do acordo se reuniram pela última vez no ano passado, e há a expectativa que ainda neste ano ocorra outra rodada de negociação.
“Diante
do estágio avançado das negociações, estima-se ser possível concluir o acordo
com relativamente poucas rodadas adicionais de trabalho, mas, por se tratar de
exercício complexo, é muito difícil determinar prazo para o fechamento de
acordo desta natureza”, informou o Itamaraty.
EFTA
A Associação
Europeia de Livre Comércio (EFTA, na sigla em inglês) é um bloco econômico por
quatro países europeus que não fazem parte da União Europeia: Noruega, Suíça,
Islândia e Lichenstein.
Negociado
desde 2017, o acordo com o grupo foi concluído em 2019, após dez rodadas de
negociações. Ainda há, contudo, algumas pendências relativas a questões
técnicas e, por isso, ainda não foi finalizado.
De acordo
com a página oficial do Mercosul, o comércio entre o bloco e os países da EFTA
gira em torno de US$ 7 bilhões anuais.
Segundo Itamaraty,
a estimativa é que o acordo com a associação represente incremento de US$ 5,2
bilhões em 15 anos no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.
O acordo
envolve temas como serviços, investimentos, compras governamentais, facilitação
do comércio e cooperação aduaneira, medidas sanitárias e fitossanitárias,
desenvolvimento sustentável e propriedade intelectual.
Singapura
O acordo
entre o Mercosul e Singapura é negociado desde 2018, e as rodadas começaram em
2019. Segundo o secretário Maurício Lyrio, do Itamaraty, a fase atual de
negociação é de “considerável grau de avanço”.
De acordo
com o governo brasileiro, envolve temas como serviços, investimentos, compras
governamentais, propriedade intelectual, medidas sanitárias e fitossanitárias e
defesa comercial.
Indonésia e Vietnã
Segundo
Maurício Lyrio, embora estejam em negociação, os acordos comerciais do Mercosul
com a Indonésia e o Vietnã são “importantes”, mas “não estão tão
avançados”.
No caso da
Indonésia, as negociações foram lançadas em 2021. Já no caso do Vietnã, o
chamado “diálogo exploratório” foi concluído em 2020.