Brasil atinge menor nível de pobreza e extrema pobreza da série histórica do IBGE
Brasil atinge menor nível de pobreza e extrema pobreza da série histórica do IBGE
Pesquisa mostra que 8,7 milhões de pessoas saíram da linha da pobreza no país entre 2022 e 2023 — situação que ainda atinge 59 milhões de brasileiros.
Por André Catto, g1
Em 2023, o
Brasil alcançou os menores níveis de pobreza e extrema pobreza da série
histórica iniciada em 2012 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE). Os dados constam na pesquisa Síntese de Indicadores Sociais 2024, que
traz análises sobre as condições de vida da população brasileira.
O parâmetro
internacional para medir a pobreza, definido pelo Banco Mundial, é de uma renda
de até US$ 6,85 por pessoa por dia. No Brasil, cerca de R$ 665 por mês são
considerados como situação de pobreza.
Já o
parâmetro global para a extrema pobreza é de uma renda de até US$ 2,15 por dia.
Ou então, cerca de R$ 209 mês.
SITUAÇÃO
DE POBREZA: Entre
2022 e 2023, 8,7 milhões de pessoas saíram da pobreza no país. O número total
desse público recuou de 67,7 milhões para 59 milhões — menor contingente desde
2012. Em proporção, passou de 31,6% para 27,4% da população.
EXTREMA
POBREZA: No mesmo período, 3,1 milhões de pessoas saíram dessa situação. O
público total recuou de 12,6 milhões para 9,5 milhões, chegando ao menor
patamar desde 2012. Em termos percentuais, a queda foi de 5,9% para 4,4% da
população.
“A
queda na pobreza em 2023 é resultado, principalmente, do dinamismo no mercado
de trabalho e do aumento na cobertura de benefícios sociais”, diz Leonardo
Athias, gerente de Indicadores Sociais do IBGE.
“Esses
benefícios têm um impacto muito grande na extrema pobreza, enquanto a
diminuição da pobreza está mais alinhada a um mercado de trabalho mais
aquecido”, continua.
Conforme a
pesquisa, as crianças e adolescentes de zero a 14 anos são a população mais
atingida pela pobreza: 7,3% são extremamente pobres e 44,8%, pobres.
Entre os
grupos por idade, os idosos têm os menores índices: 2% estão em situação de
extrema pobreza, enquanto 11,3% estão em condição de pobreza.
Diferenças
regionais, de gênero e cor
Conforme a
pesquisa, as regiões Norte e Nordeste têm as maiores proporções de pessoas
pobres e extremamente pobres. Quando observados gênero e cor, mulheres e
pessoas pretas e pardas são as mais atingidas.
A pobreza
atinge 47,2% da população do Nordeste e 38,5% do Norte. Nas outras regiões, as
proporções são: Sudeste (18,4%), Centro-Oeste (17,8%) e Sul (14,8%).
Já a extrema
pobreza afeta 9,1% da população do Nordeste e 6% do Norte. Completam os dados:
Sudeste (2,5%), Centro-Oeste (1,8%) e Sul (1,7%).
“As
desigualdades regionais e por grupos populacionais são históricas. O
desenvolvimento brasileiro ocorreu com uma concentração de oportunidades no
Centro-Sul do país”, analisa Athias, do IBGE.
O
pesquisador ressalta que a pobreza também atinge pessoas que estão no mercado
de trabalho, especialmente nos setores de agricultura e em serviços domésticos
— com maior concentração de mulheres pretas ou pardas.
“Isso
causa algumas diferenças. Na questão das mulheres em relação aos homens, por
exemplo, tem ainda a dupla jornada, a necessidade de cuidar dos filhos ou de
idosos”, diz.
Para o
especialista, o cenário mostra uma necessidade de políticas públicas como o
acesso à creche.
Acesso
domiciliar à internet
A pesquisa
do IBGE também mostra que, de 2016 a 2023, o acesso domiciliar à internet
avançou 24,3 pontos percentuais no país, passando de 68,9% para 92,9%.
O salto foi
maior entre a população extremamente pobre: no mesmo período, a proporção de
acesso passou de 34,7% em 2016 para 81,8% em 2023, um salto de 47,1 pontos.
Quando considerada a população pobre, a evolução foi de foi de 50,7% para 81,8%, uma alta de 31,1 pontos no mesmo período.