Brasil tem 753 mortes por febre maculosa em 10 anos; São Paulo concentra 62% dos óbitos
Brasil tem 753 mortes por febre maculosa em 10 anos; São Paulo concentra 62% dos óbitos
Mortes representam quase 35% dos casos confirmados no país entre 2012 e 2022.
Por Mariana Garcia, g1 14/06/2023 05h02 - Atualizado há 38 minutos
753 pessoas morreram por febre
maculosa no Brasil entre os anos de 2012 e 2022. Os dados do Ministério da
Saúde apontam que o país teve 2.157 casos confirmados ao longo de 10 anos, 36%
deles registrados em São Paulo. Considerando apenas as mortes, municípios
paulistas concentraram 62% do total (467 óbitos).
CONTEXTO: nesta semana, o Instituto Adolfo
Lutz confirmou que a dentista Mariana Giordano, o namorado dela, Douglas Costa,
e uma jovem de 28 anos morreram por causa da doença. Os três estiveram em uma
fazenda em Campinas que organiza grandes shows e eventos. As atividades foram
suspensas.
De acordo com informações do
Ministério da Saúde, a febre maculosa é uma doença infecciosa, febril aguda e
de gravidade variável. Causada por uma bactéria do gênero Rickettsia, ela é
transmitida pela picada do carrapato. No Brasil, o carrapato-estrela é um dos principais
vetores. No entanto, qualquer espécie do parasita pode carregar a bactéria.
Existem no Brasil dois perfis
ecoepidemiológicos associados às bactérias e eles se concentram no Sudeste e
Sul, principalmente. Por isso, é raro o registro de caso/óbitos nas regiões
Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
Rickettsia rickettsii, que leva ao
quadro de Febre Maculosa Brasileira (FMB) considerada a doença grave,
registrada no norte do estado do Paraná e nos Estados da Região Sudeste.
Rickettsia parkeri, que tem sido
registrada em ambientes de Mata Atlântica (Rio Grande do Sul, Santa Catarina,
Bahia e Ceará), produzindo quadros clínicos menos graves.
Veja os números
por região ao longo de 10 anos:
Centro-Oeste: 31 casos e 1 morte (Mato
Grosso em 2014);
Nordeste: 34 casos e 1 morte
(Pernambuco em 2015);
Norte: 16 casos e nenhuma morte;
Sudeste: 1.354 casos e 673 mortes (a
maioria em São Paulo);
Sul: 497 casos e 3 mortes (todas no
Paraná, em 2015 e 2017).
* Em 2023, 49 casos e 6 óbitos foram
confirmados, mas os números são preliminares e podem sofrer alterações.
São Paulo tem o
pior cenário
São Paulo lidera o ranking de casos e
óbitos entre 2012 e 2022. Os dados do Ministério da Saúde apontam que o estado
registrou 467 óbitos, o que representa quase 60% dos 796 casos confirmados em
SP.
O Sudeste domina a lista de óbitos ao
longo dos 10 anos, com Minas Gerais em segundo lugar (109 mortes), Rio de
Janeiro (60) e Espírito Santo (37).
O Norte não registrou mortes por
maculosa; Nordeste e Centro-Oeste contabilizaram uma morte cada; e o Sul
confirmou três mortes no período – duas em 2015 e uma em 2017, todas no Paraná.
Todas as regiões já tiveram pelo menos
um caso de febre maculosa entre 2012 e 2022, mas isso não significa que a
doença esteve em todos os estados. Os dados do Ministério da Saúde mostram que
Amazonas, Amapá, Piauí, Rio Grande do Norte, Alagoas e Sergipe nunca
confirmaram nenhum caso.
A febre maculosa pode matar. Por isso, assim que surgirem os sintomas é preciso procurar uma unidade de saúde para avaliação médica. O tratamento é feito com antibiótico específico e, em determinados casos, pode ser necessária a internação da pessoa. A prevenção da febre maculosa é baseada no impedimento do contato com o carrapato.