Brasileiros na Síria: governo não vê demanda para voos de repatriação e orienta saída por meios próprios
Brasileiros na Síria: governo não vê demanda para voos de repatriação e orienta saída por meios próprios
Tensão no país aumentou após a queda do ditador Bashar al-Assad. Cerca de 3 mil brasileiros vivem no país; governo esvaziou embaixada em Damasco.
Por Filipe Matoso, g1 e GloboNews — Brasília
O Ministério
das Relações Exteriores (MRE) divulgou um alerta consular com orientações aos
cerca de 3,5 mil brasileiros que vivem atualmente na Síria – país que enfrenta
uma escalada de tensões desde o fim de semana.
O documento
inclui uma orientação para que os brasileiros interessados em deixar o país
façam a viagem por meios próprios. Ou seja, sem aguardar medidas do Itamaraty.
Diplomatas
ouvidos pela GloboNews afirmam que, neste momento, o governo Luiz Inácio Lula
da Silva ainda não prepara uma ação de repatriação desses cidadãos brasileiros
na Síria.
Segundo
eles, ainda “não houve demanda expressiva, até o momento”, para
justificar o envio de um voo da Força Aérea Brasileira, por exemplo – como
aconteceu no ano passado em Israel e na Palestina e, mais recentemente, no
Líbano.
Mesmo assim,
diplomatas afirmam que a medida não pode ser descartada neste momento – porque
a demanda pode mudar.
Brasileiros
na região
Dados do
Portal Consular do Ministério das Relações Exteriores mostram que cerca de 60
mil brasileiros vivem no Oriente Médio, dos quais, mais de 3 mil na Síria.
Nessas
operações de repatriação, após aval do Palácio do Planalto, o Ministério das
Relações Exteriores articula com o país onde há conflito ou vizinhos para que
os brasileiros possam deixar a região em segurança.
🔎Quando o país autoriza o Brasil a
buscar os cidadãos, aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB), então, são
enviadas ao local para fazer a repatriação no tempo mais curto possível.
Nesses voos,
costumam integrar as listas brasileiros e parentes primeiro grau (pai, mãe,
cônjuge e filho), ainda que sejam estrangeiros.
Há, também,
a possibilidade de cooperação internacional, por meio da qual estrangeiros, a
pedido de seus governos, embarcam nos voos da FAB.
Aos
brasileiros que decidirem permanecer no Síria, a orientação do Itamaraty é que
evitem zonas de conflito, não participem de protestos e mantenham a
documentação brasileira em dia, por exemplo.
Esvaziamento
da embaixada
O blog da
Daniela Lima informou que o governo brasileiro decidiu retirar o corpo
diplomático da embaixada em Damasco.
A ordem
partiu do Palácio do Planalto e tenta proteger os servidores em meio à
crescente escalada de tensão no país do Oriente Médio.
Segundo
membros do Itamaraty, a operação já tinha sido concluída por volta das 13h
(horário de Brasília).
“Assim
que o governo transitório assumir a responsabilidade pela situação na Síria e a
ordem e a segurança forem restabelecidas em Damasco, o embaixador André Luiz
Azevedo dos Santos deverá retornar do Líbano para a capital síria”,
informou o Itamaraty.
À GloboNews,
um diplomata a par da operação explicou que a situação no país é considerada
“instável” e o esvaziamento vai durar até que a segurança dos
funcionários esteja garantida.
“Várias
embaixadas em processo de evacuação até a situação de segurança se estabilizar,
inclusive a nossa. Houve alguns incidentes envolvendo embaixadas no final de
semana, a nossa não foi afetada, mas a situação das ruas ainda está
instável”, afirmou este diplomata, de forma reservada.