Caixa anuncia suspensão definitiva de empréstimo consignado ao Auxílio Brasil
Caixa anuncia suspensão definitiva de empréstimo consignado ao Auxílio Brasil
Linha de crédito havia sido suspensa pelo banco em 12 de janeiro para revisão. Para contratos já assinados, nada muda em relação ao pagamento das parcelas.
Por g1 — Rio de Janeiro 24/02/2023 10h05 - Atualizado há 2 minutos
A Caixa
Econômica Federal anunciou a suspensão definitiva da concessão de empréstimo
consignado aos beneficiários do Auxílio Brasil, programa que voltará a ser
chamado de Bolsa Família.
Novas
contratações já haviam sido suspensas pelo banco em janeiro para revisão de
critérios. Os estudos foram concluídos e “o banco decidiu retirar o
produto de seu portfólio”.
“Para
os contratos já realizados, nada muda. O pagamento das prestações continua
sendo realizado de forma automática, por meio do desconto no benefício,
diretamente pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e
Combate à Fome (MDS)”, destacou o banco em comunicado à imprensa.
A Caixa
Econômica Federal não é o único banco que oferece o crédito consignado para
beneficiários do Auxílio Brasil. Mas, segundo o Ministério da Cidadania, 80% do
total de contratações havia sido feita via Caixa, segundo balanço até 1º de
novembro.
Há pelo
menos outras 11 instituições financeiras autorizadas pelo governo anterior a
realizar os empréstimos – veja aqui a lista.
No começo de
janeiro, o governo anunciou que os endividados do consignado do Auxílio Brasil
seriam incluídos no programa Desenrola Brasil, promessa de campanha do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva para resolver o problema do alto nível de
endividamento dos brasileiros.
Como
funciona o empréstimo
O empréstimo
consignado para beneficiários do Auxílio Brasil foi disponibilizado no início
de outubro. O valor máximo do consignado é limitado a 40% do valor mensal do
Auxílio Brasil. Para o cálculo, são considerados R$ 400, e não o valor mínimo
mensal de R$ 600 pago para as famílias. Assim, o valor da parcela é, no máximo,
de R$ 160.
Foi
estabelecido um limite de juros de 3,5% ao mês, mas cada instituição financeira
pode adotar uma taxa diferente, respeitando esse teto. No caso da Caixa, o
banco havia estabelecido uma taxa de 3,45% ao mês.
Se o
benefício for cancelado, o empréstimo não será cancelado. Ou seja, mesmo se
deixar de receber o Auxílio Brasil, o beneficiário precisa se organizar para
pagar todos os meses o empréstimo até o final do prazo do contrato.
No
empréstimo consignado, o desconto é feito direto na fonte. Ou seja, durante o
prazo contratado, a parcela é descontada diretamente do valor mensal do
benefício.
No ato da
contratação, as instituições financeiras devem informar ao beneficiário as
seguintes condições:
– Valor
total contratado com e sem juros;
– Taxa
efetiva mensal e anual de juros;
– Valor,
quantidade e periodicidade das prestações;
– Soma do
total a pagar ao final do empréstimo;
– Data do
início e fim do desconto;
– Valor
líquido do benefício restante após a contratação
A oferta de crédito consignado por meio do Auxílio Brasil foi criticada por especialistas e entidades por ser danosa à população de baixa renda porque os recursos do programa costumam ser utilizados para gastos básicos de sobrevivência.
Fazer um
empréstimo consignado ligado ao Auxílio Brasil pode valer a pena para quem tem
alguma necessidade urgente e inadiável – mas não para pagar as contas do dia a
dia ou para fazer compras desnecessárias. Isso porque o crédito pode
comprometer a renda disponível do beneficiário por um longo prazo. Assim, pode
faltar dinheiro por vários meses para fazer gastos essenciais, como
alimentação.
Para o Idec, a taxa máxima de juros estabelecida pelo governo, de 3,5% ao mês, é abusiva. “Isso porque ela é bem maior do que a praticada atualmente para outros tipos de empréstimo consignado, como os para aposentados, pensionistas e servidores públicos”, diz a entidade. O instituto chegou a identificar mais de 2 mil reclamações de consumidores logo no início da liberação do empréstimo.