Campos Neto diz que BC define taxa de juros de forma técnica e avalia que inflação continua alta
Campos Neto diz que BC define taxa de juros de forma técnica e avalia que inflação continua alta
Presidente da entidade participou de debate no Senado, com ministros Tebet e Haddad. BC, que é autônomo, tem sido criticado pelo presidente Lula por manter a taxa de juros em patamar elevado.
Por Alexandre Martello e Luiz Felipe Barbiéri, g1 — Brasília 27/04/2023 11h18 - Atualizado há 23 minutos
O presidente
do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta quinta-feira (27) que o
Comitê de Política Monetária (Copom), colegiado responsável por fixar a taxa
básica de juros da economia, age de forma técnica para buscar o atingimento das
metas de inflação.
As
declarações foram dadas durante debate no plenário do Senado Federal. Também
estiveram presentes os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e do Planejamento
e Orçamento, Simone Tebet.
“A
inflação de curto prazo tem caído, mas muito lentamente, e os núcleos [que
desconsideram fatores temporários] continuam altos. Esse ultimo número que
saiu, ficou um pouco acima”, avaliou o presidente do Banco Central.
Nesta quarta-feira (26), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) — considerado a prévia da inflação oficial do país — ficou em 0,57% em abril. E acumulou 4,16% na janela de 12 meses.
O Comitê de
Política Monetária do Banco Central se reúne na próxima semana e a expectativa
do mercado financeiro é de nova manutenção da taxa básica de juros em 13,75% ao
ano — o maior nível em mais de seis anos, e que representa também a taxa real
(descontada a inflação estimada para os próximos 12 meses) mais alta do mundo.
O Banco Central,
que goza de autonomia operacional, tem sido criticado pelo presidente Luiz
Inácio Lula da Silva por manter a taxa Selic em patamar elevado, o que freia a
economia e gera reflexos no emprego e nos investimentos.
No Senado
Federal, Campos Neto voltou a dizer que é importante combater a inflação, pois
ela gera um “efeito perverso para os mais pobres”, que estão menos
protegidos do aumento de preços.
“O
Banco Central toma decisões técnicas, têm muitas variáveis levadas em
consideração. Olhamos a inflação corrente, o hiato [do produto interno bruto],
ou seja, a capacidade de crescer sem gerar inflação, e as expectativas [de
inflação]”, acrescentou ele.
Banco
Central ‘sobrecarregado’
O
ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga disse que um sistema cooperativo
de gestão macroeconômica recomendaria o trabalho cooperativo entre política
monetária e política fiscal.
“Hoje nós
temos claramente um Banco Central sobrecarregado. O que recomendaria um sistema
cooperativo da gestão da política macroeconômica? Recomendaria que houvesse um
apoio da área fiscal”, afirmou.
“O sistema é
desenhado para que as autoridades se coordenem, cada um no seu lado, e
claramente hoje o Banco Central precisa de ajuda, porque a taxa de juros é
alta, só não vê quem não quer”, afirmou.
Como os
juros são definidos
Para definir
o nível dos juros, o Banco Central se baseia no sistema de metas de inflação.
Quando a inflação está alta, o BC eleva a Selic.
Quando as
estimativas para a inflação estão em linha com as metas, o Banco Central pode
reduzir o juro básico da economia.
Neste
momento, o BC já está ajustando a taxa Selic para tentar atingir a meta de
inflação do próximo ano, uma vez que as decisões sobre juros demoram de seis a
18 meses para terem impacto pleno na economia.
A meta de
inflação do próximo ano é de 3% e será considerada cumprida se oscilar entre
1,5% e 4,5%.
Na ata da última reunião do Copom, quando os
juros foram mantidos estáveis em 13,75% ao ano, o maior nível em mais de seis
anos, o BC avaliou que a inflação ao consumidor continua elevada.