Caso Daniel Alves: brasileiro pode pegar de oito a dez anos de prisão, diz jornal

Caso Daniel Alves: brasileiro pode pegar de oito a dez anos de prisão, diz jornal

Ex-jogador do Barcelona, que está preso preventivamente desde o último dia 20 de janeiro acusado de estupro, deverá ser julgado no último trimestre deste ano.




Por Redação do ge — Barcelona, Espanha 27/02/2023 19h09 - Atualizado há 13 horas

De acordo com o jornal “El Mundo”, de Barcelona, Daniel Alves poderá ser condenado a uma pena de oito a dez anos de prisão. O ex-jogador do Barcelona e seleção brasileira está preso preventivamente desde 20 de janeiro acusado de estuprar uma mulher no fim do ano passado em uma boate.

Ainda segunda a publicação, e como o ge apurou, o julgamento deverá acontecer ainda em 2023, provavelmente no último trimestre.

De acordo com o El Mundo, o Ministério Público espanhol julgará Daniel Alves pelo crime de “agressão sexual com penetração”, com pena prevista entre quatro e doze anos. Fontes judiciais confirmaram à publicação que o brasileiro tem o agravante de “abuso de autoridade” e que a pena passaria de oito anos de reclusão.

A última decisão da Justiça espanhola em relação a Daniel Alves foi a manutenção da sua prisão até o fim do julgamento. O pedido de liberdade que veio da defesa do ex-atleta foi negado na última semana.

No despacho para a recusa do pedido de liberdade provisória, os juízes Eduardo Navarro Blasco, Myriam Linage Gómez e Carmen Guil Román justificam que o conhecimento de novas provas e o avanço da investigação “aumentam exponencialmente” o risco de fuga inicial. E também frisa que o brasileiro não tem ligações expressivas com a cidade de Barcelona, uma vez que estava na Espanha de férias. Ele seguirá aguardando o julgamento, enquanto a investigação já é considerada como avançada.

O documento afirma que há “diversos indícios da criminalidade de Daniel Alves” e que eles “não partem só das declarações da denunciante”. Também pesariam contra o brasileiro depoimentos de funcionários da boate, amigas da vítima e vídeos analisados. Além dos exames de corpo de delito e de DNA colhidos durante a fase de investigação.

A decisão tomada pela audiência em Barcelona é baseada apenas no pedido do advogado de Daniel Alves para sair da prisão, analisando o risco de fuga. Não foram analisadas provas para determinar se ele é ou não culpado, algo que será feito no dia do julgamento. Não há possibilidade de recurso sobre essa decisão, mas a defesa do jogador pode solicitar em caso de novas argumentações.

 

Defesa de Daniel Alves: “Sentença assimétrica”

A defesa do jogador brasileiro lamentou a decisão. Reforçou a crença na inocência do cliente e indicou pesos diferentes às provas produzidas no processo. Disse que o juízo considerou os indícios produzidos anteriormente no processo e desconsiderou os novos, produzidos pela defesa.

Cristobal Martell, advogado de Daniel Alves, vai preparar outro recurso ainda na tentativa de colocar o jogador em liberdade durante o processo. Confira a nota da defesa:

“Daniel Alves da Silva segue sendo tão inocente como era antes do veredito do processo. Sua vontade de abandonar a Espanha e evitar o proceso era e é inexistente. A sentença é assimétrica. Utiliza como indícios as afirmações de culpa que oferece o atestado policial e, por outro lado, os elementos de inocência que oferecem a defesa deixam para o julgamento oral.”

Segundo a Revista “A Semana”, Daniel Alves teria, em ligações à esposa Joana Sanz, dado sua quarta versão para o caso, alegando que estava bêbado e que não lembra de nada da noite do dia 30 de dezembro.

Antes o jogador brasileiro havia negado qualquer tipo de abuso, afirmou que estava apenas dançando na boate e que nem sequer conhecia a mulher. Depois, no primeiro depoimento à Justiça, Daniel Alves disse que estava no banheiro quando a mulher entrou, mas que não teve contato algum com ela. Por fim, admitiu a relação sexual, mas de forma consensual.

 

A vida de Dani Alves na prisão

O “Programa Ana Rosa”, da emissora espanhola “Telecinco”, entrou em contato com um companheiro de prisão de Dani Alves no presídio Brians 2, que explicou a vida do jogador atrás das grades.

– Alves procura passar despercebido e é muito simpático com as pessoas. Há funcionários que levam água para ele e há outros que ficam contentes por o ter ali – disse o presidiário, que não foi identificao.

– Ele não fala muito, mas o que ele diz é que não abusou de ninguém, nem bateu em ninguém – completou.

 

A acusação contra o jogador

Os principais jornais da Espanha – como “El País” e “El Mundo”, de Madri, e “El Periódico” de Barcelona – publicaram trechos do depoimento prestado à Justiça pela mulher que acusa Daniel Alves de agressão sexual. O jogador está em prisão preventiva sem direito a fiança. Ele nega ter cometido o crime do qual é acusado.

De acordo com os relatos publicados pela imprensa espanhola, a vítima contou no depoimento que no dia 30 de dezembro de 2022 estava na boate Sutton, em Barcelona, quando o grupo do qual fazia parte recebeu um convite para entrar numa área VIP. Um garçom as levou até uma mesa onde estava Daniel Alves, a quem a vítima inicialmente não reconheceu. Um grupo de mexicanos, amigos do jogador, o apresentou à denunciante.

Segundo advogada de vítima, Daniel Alves não usou camisinha; Ester García Lopez revela detalhes sobre caso de agressão sexual.

Segundo os jornais, a vítima relatou à Justiça que ela e Daniel Alves dançaram juntos até que o jogador “levou várias vezes a mão dela até seu pênis, que ela retirou assustada”. Por volta das 4h30 da madrugada, ele pediu a ela para segui-lo até uma porta. Assim que entraram, ela se deu conta que estava num banheiro. Ali teria ocorrido a agressão.

Sempre de acordo com o depoimento da denunciante, ela teria tentado sair do banheiro, mas foi impedida. Daniel Alves a teria penetrado de maneira violenta até ejacular. Ele teria sido o primeiro a deixar o banheiro. Quando ela saiu, contou o que aconteceu a uma amiga. Quando a segurança do local foi informada, o lateral já tinha deixado a boate. A vítima foi imediatamente fazer exames num hospital. Dois dias depois, ela fez a denúncia à polícia. 

Cristóbal Martell, advogado de Daniel Alves, chega ao Tribunal de Barcelona — Foto: Mayka Navarro
Lado exterior do Complexo Penitenciário Brians 2, para onde foi transferido Daniel Alves — Foto: Divulgação/CDBArquitectura

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