Caso Daniel Alves: Justiça aceita pedido de liberdade provisória
Caso Daniel Alves: Justiça aceita pedido de liberdade provisória
Condenado por agressão sexual, brasileiro está há 14 meses em prisão preventiva e aguardará recursos em liberdade, mediante fiança de R$ 5,45 milhões e retirada de passaportes.
Por Redação do ge — Barcelona
A 21ª Seção
do Tribunal de Justiça de Barcelona aceitou o pedido da defesa de Daniel Alves
para deixá-lo em liberdade provisória. O anúncio foi feito nesta quarta-feira.
O jogador brasileiro, que cumpre prisão preventiva há 14 meses, havia sido
condenado a quatro anos e meio de prisão por agressão sexual.
Por maioria
de votos, o tribunal decidiu deixar o lateral fora da prisão enquanto os
recursos são julgados, mediante fiança de 1 milhão de euros (R$ 5,45 milhões),
entrega dos passaportes brasileiro e espanhol, e afastamento de 1km e
incomunicabilidade com a vítima, além de não deixar a Espanha e se apresentar
ao tribunal semanalmente. As partes têm três dias para recorrerem dessa
decisão.
Na decisão,
o tribunal explicou que a prisão preventiva exige ser “objetivamente
necessária” e que “ou não existam outras medidas menos onerosas que possam
ser adotadas ou dure o tempo mínimo imprescindível” para todo o processo.
Sobre o risco de fuga, apontou “levar em conta as circunstâncias pessoais
do réu para avaliar a necessidade de manutenção” da prisão preventiva.
O único voto
contrário foi de Luis Belestá. Para ele, a prisão preventiva de Daniel Alves
deveria continuar até metade da pena (dois anos e três meses) porque “os
argumentos que levaram à prisão preventiva não só foram confirmados mas também
reforçados”. Lembrou que “em três ocasiões este tribunal considerou
que havia risco de fuga, a última em novembro de 2023, e as circunstâncias não
só se mantêm atualmente mas também foram incrementadas com a sentença e a
possibilidade de a pena ser aumentada por recurso”. E salientou que
“todas as seções do tribunal ratificaram decisões de prorrogar a prisão
preventiva para evitar risco de fuga, inclusive de penas inferiores à imposta
ao Sr. Alves”.
O pedido
De acordo
com veículos da imprensa espanhola, em audiência na terça-feira, Daniel Alves
garantiu que permanecerá na Espanha até o fim do processo, reforçando que
Barcelona é seu local de residência. Inés Guardiola, advogada do lateral,
propôs medidas alternativas à prisão, como uma fiança de 50 mil euros (R$ 273
mil), a retirada dos passaportes – algo que já havia sugerido durante o
julgamento, realizado em fevereiro – e a apresentação a um juizado semanalmente
ou até mesmo todo dia.
A acusação,
liderada pela advogada Ester García, e a promotoria se opuseram ao pedido da
defesa do jogador, alegando que o risco de fuga permanecia “tanto pela
nacionalidade brasileira quanto pela capacidade econômica”.
Devido a uma
crise no sistema carcerário da Catalunha, Daniel Alves não pôde estar
presencialmente no tribunal e participou da audiência via videoconferência. Ele
está no Centro Penitenciário Brians 2, nos arredores de Barcelona, onde cumpre
a prisão preventiva.
O pedido da
defesa de Daniel Alves era para que o brasileiro, tendo já cumprido um quarto
da pena de prisão efetiva, aguardasse a decisão dos recursos em liberdade
provisória. A expectativa é que eles sejam deliberados nos próximos meses.
Todas as partes recorreram da sentença: a defesa do jogador pede absolvição; o
Ministério Público e os advogados da vítima demandam pena máxima, de 12 anos.
Como a pena
imposta foi baixa, a defesa do jogador acredita que os argumentos caiam. A
parte denunciante pedia sanção máxima, de 12 anos de prisão, e o Ministério
Público propõe nove anos de cárcere. O jogador foi punido com quatro anos e
meio, mais cinco anos de liberdade vigiada, pela agressão sexual contra uma
mulher, em uma boate de Barcelona, em dezembro de 2022.
Na Espanha,
o limite máximo para uma prisão preventiva é de dois anos.
Vale lembrar
também que o brasileiro enfrenta problemas financeiros diante de uma disputa
judicial com a ex-esposa, Dinorah Santana. O litígio provocou o bloqueio de
suas contas.
Antes do
julgamento, Alves pagou uma indenização de 150 mil euros (R$ 801 mil) para que
a vítima retirasse a acusação. A denunciante não aceitou o valor, mas a defesa
do ex-Barcelona manteve o pagamento. A Justiça da Espanha entendeu que o
montante serviu como um atenuante da pena.
A origem do
dinheiro utilizado para o pagamento de tal indenização foi uma doação da
família de Neymar, segundo informação publicada pelo Uol. O dinheiro foi
transferido por Neymar da Silva Santos, pai do atacante do Al-Hilal. Ele
confirmou, em entrevista à CNN, a doação como “ajuda a um amigo”, e
então depositado pela defesa do atleta na conta do tribunal, para ser repassado
à vítima “com independência do resultado do julgamento”. Chefe da
defesa do jogador, Inés Guardiola reiterou que vai trabalhar até o fim para
provar a inocência do brasileiro. Para que a sentença seja cumprida, ela deve
ser definitiva. E é provável que ainda demore alguns meses até que isso
aconteça.