Celebridade aos 19, Alcaraz experimenta rotina de estrela com foco na “questão mental”

Celebridade aos 19, Alcaraz experimenta rotina de estrela com foco na “questão mental”

Jovem espanhol é festejado por adultos e, especialmente, crianças no Rio Open; título garante empate em pontos com Djokovic, número um do mundo.




Por Bernardo Calil — Rio de Janeiro 24/02/2023 07h30 - Atualizado há uma hora

Depois de quase três horas de batalha contra o italiano Fabio Fognini, numa quadra Guga Kuerten abarrotada e em polvorosa na noite desta quinta-feira, a rotina de celebridade de Carlos Alcaraz no Rio Open é intensa, mas cronometrada nos minutos.

A bola fora do adversário na linha de fundo, que decreta o fim do jogo, acontece às 21h59. Cumprimentos, fotos e autógrafos para quem se debruça no limite das arquibancadas vão até 22h11. Ao apontar no túnel que o leva da quadra ao carrinho de golfe do lado de fora, a gritaria de uma centena de pessoas clama por atenção e mais flashes, interrompidos por seguranças às 22h18.

Quando parte pelo caminho de 200 metros até o vestiário, cercado por grades de alumínio, mais de 30 crianças correm com bolas gigantes, raquetes e gritos atrás do novo ídolo, ele próprio com espinhas no rosto e sorriso de adolescente. Dão a volta na sede social do Jockey Club atropelando obstáculos, mas encontram portas fechadas na linha de chegada.

A assessoria do torneio avisa aos jornalistas: coletiva às 22h45. De banho tomado e camisa do patrocinador, Alcaraz se senta e responde a quatro perguntas em cinco minutos. Segue para um sofá próximo e grava um quadro do Esporte Espetacular. Seu assessor inicia o cronômetro no relógio e encerra a atividade seis minutos depois

 

De volta para o futuro

O espanhol de Murcia tem apenas 19 anos, mas conta com uma equipe experiente no seu box. O técnico Juan Carlos Ferrero, um dos maiores rivais de Guga, não veio ao Brasil. Mas seus assistentes presentes no Rio o acompanham desde a época de jogador, que permaneceu 176 semanas consecutivas no top 10 e ocupou a liderança do ranking mundial por oito em 2003.

Alcaraz venceu o ATP 250 de Buenos Aires no último domingo e chegou ao Rio logo em seguida. Visitou o Pão de Açúcar na segunda e já estreou na terça. Tradição no Rio Open, teve o jogo contra Mateus Alves interrompido pela chuva. Selou a vitória na quarta. Se chegar à final, jogará todos os dias até domingo, quando viaja para o próximo torneio em Acapulco, no México.

Medir os momentos certos para a agitação extra-quadra é um desafio enfrentado em grupo. Em tempos de debate aberto sobre saúde mental dos tenistas profissionais, o que inclui uma série da Netflix sobre o assunto, o atual número dois do mundo faz parte de uma geração que nasce para o tênis informada dos riscos.

O espanhol foi direto ao ponto ao ser questionado por este repórter sobre o que considerava ser o maior diferencial de Novak Djokovic, recordista de semanas como número um do ranking (374). Voltar ao posto após ocupá-lo por 19 semanas na virada deste ano exige inteligência dentro e fora de quadra.

É uma boa pergunta. Ele é um dos melhores do mundo, da história, junto a Rafa e a Roger. Dominam o circuito há 20 anos. Acredito que seja uma questão mental. A questão é que ele não baixa a guarda em nenhum momento, torneio após torneio após torneio. Acho que é a chave para terem se tornado estes grandes tenistas e esportistas.

Às 23h04, Alcaraz deixa o lounge da imprensa com seguranças, que afastam mais fãs à espera do lado de fora. Ele passa brevemente na sala dos jogadores e se dirige ao transporte para o hotel uma hora e cinco minutos após a vitória.

Nesta sexta, encara o sérvio Dusan Lajovic por uma vaga nas semifinais. Caso vença o Rio Open no domingo, empata em pontos com Djoko. A retomada da liderança, no entanto, fica para a próxima semana, por conta dos critérios de desempate. 

Carlos Alcaraz — Foto: Foto Jump/divulgação

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