CNC estima que carnaval movimente R$ 8,1 bilhões em todo o país
CNC estima que carnaval movimente R$ 8,1 bilhões em todo o país
Resultado deve ficar 26,9% acima do obtido no ano passado.
Publicado em 25/01/2023 - 19:50 Por Alana Gandra – Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro
O carnaval
deste ano deverá movimentar R$ 8,18 bilhões em receitas, um resultado 26,9%
acima do obtido no ano passado. A estimativa foi divulgada hoje (25) pela
Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Segundo o
economista da CNC, Fabio Bentes, o setor de turismo vem se recuperando nesse
ritmo nos últimos meses, nas comparações anuais. No setor de serviços,
especialmente no turismo, por conta da demanda reprimida, a questão da retomada
da circulação tem sido forte nesses comparativos anuais. “E isso deve acontecer
no carnaval deste ano”, disse Bentes, em entrevista à Agência Brasil.
O carnaval é
a data comemorativa mais importante do turismo. “Até quem não gosta de carnaval
acaba gastando dinheiro em viagens para o interior, para fora do Brasil”,
destacou o economista. Mesmo com o fim das restrições de circulação de pessoas,
adotadas no período mais crítico da pandemia de covid-19, o volume de receitas
no carnaval de 2023 deve ficar 3,3% abaixo do registrado em 2020, quando o
turismo faturou R$ 8,47 bilhões. “É uma evolução que só não igualou o carnaval
de 2020 [período anterior à pandemia] porque as condições econômicas pioraram
entre o carnaval de 2022 e o de 2023”.
Juros e
preços
Um desses
fatores é o aumento dos juros, que afeta aqueles que optam por pacotes
turísticos financiados, bem como os reajustes de preços, principalmente de
passagens aéreas, que subiram 23,53% nos últimos 12 meses encerrados em
dezembro, em comparação a 2021. Também aumentaram serviços muito demandados
nesta época do ano, como hospedagem (8,21%) e pacotes turísticos (7,16%), cujos
reajustes ficaram bem acima da variação do nível geral de preços medido pelo
Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de +5,79%.
“Se a gente
estivesse com situação mais favorável ao consumo, seguramente o setor de
turismo conseguiria, pelo menos, empatar o volume de receitas no carnaval de
2023”, afirmou o economista.
Com o
cancelamento do carnaval em diversas regiões do país nos dois últimos anos, por
causa da pandemia, o volume de receitas no carnaval de 2021 caiu 43% em relação
ao de 2020, ficando 24% em 2022, abaixo do resultado do carnaval pré-pandemia.
Segundo a
pesquisa da CNC, outro termômetro importante do nível da atividade turística
foi a entrada de visitantes estrangeiros que, em fevereiro de 2020, ficou em
672 mil, caiu para 254,2 mil em 2022 e 36,1 mil, em 2021, de acordo com dados
da Polícia Federal.
Setores
Os setores
que responderão por quase 84% de toda a receita a ser gerada no carnaval deste
ano são o de bares e restaurantes, com movimentação estimada em R$ 3,63
bilhões; o de empresas de transporte de passageiros, R$ 2,35 bilhões; e
serviços de hospedagem em hotéis e pousadas, R$ 0,89 bilhão. “Os dois
primeiros, porque são o que chamamos de consumo simultâneo, concomitante ao
feriado. Quer dizer, ninguém compra alimento em um restaurante ou viaja muito
pagando antecipadamente”.
Na parte de
transportes, Fabio Bentes disse que, devido ao aumento dos preços das passagens
aéreas, as pessoas estão optando por viagens de ônibus ou de carro próprio.
“Isso explica porque alimentação e transporte vão responder por quase três
quartos da receita gerada durante o carnaval de 2023.”
Vagas
A pesquisa
da CNC mostra que a demanda por serviços turísticos deve responder pela criação
de 24,6 mil vagas temporárias voltadas para o carnaval. De acordo com a CNC,
cozinheiros (4,4 mil), auxiliares de cozinha (3,45 mil) e profissionais de
limpeza (2,21 mil) serão os mais procurados para trabalhar no período. Bentes
afirmou que a contratação de temporários neste carnaval segue dinâmica parecida
com a do faturamento. “Isso faz todo sentido porque turismo é muito intensivo
em mão de obra. Se vai ter um aumento na frequência dos hotéis, eles têm de
contratar. O mesmo vale para restaurantes e para o setor de transportes.”
O economista
disse que as 24,6 mil vagas esperadas para este ano quase encostam nas 26 mil
criadas no carnaval de 2020. “O destaque negativo foi 2021, quando não houve
carnaval, e as 6,4 mil vagas criadas foram para serviço de alimentação, em
especial, delivery, que movimentou um pouco o mercado de trabalho em fevereiro,
mas de forma diferente, e não aquela a que estamos acostumado, com blocos nas
ruas.”
Em 2023, o Brasil terá o primeiro carnaval normal após a pandemia.
Na série
histórica, o maior número de vagas temporárias durante o carnaval foi criado em
2014, quando a proximidade dos festejos, realizados em março, com a Copa do
Mundo de Futebol, em junho, estimulou a contratação de um contingente
significativo de trabalhadores, em torno de 55,6 mil pessoas.
Comércio
Animado com
o aquecimento do movimento nas lojas especializadas em produtos para o
carnaval, principalmente devido ao grande número de foliões que vão desfilar
nos blocos, o comércio carioca espera aumento de 3,5% nas vendas até o fim da
festa.
É o que
mostra a pesquisa do Clube dos Diretores Lojistas do Rio de Janeiro (CDLRio) e
do Sindicato dos Lojistas do Comércio do Município do Rio de Janeiro
(SindilojasRio), que ouviu 200 empresários da capital fluminense durante a
semana de 9 a 13 deste mês.
O presidente
das duas entidades, Aldo Gonçalves, disse acreditar que os produtos para o
carnaval vão contribuir de maneira significativa para o aumento das vendas nos
meses de janeiro e fevereiro.
“O lojista
está animado, e a presença do grande número de turistas nacionais e
estrangeiros na cidade estimula e movimenta o comércio”. Gonçalves ressaltou
que um fenômeno que tem colaborado muito para o aumento da venda de produtos
para esse período é o grande número de blocos carnavalescos. “Por não usarem fantasias
padronizadas, os blocos contribuem bastante para as vendas de adereços,
fantasias, chapéus, fitas, camisetas, bermudas, shorts e sandálias”, afirmou
Gonçalves.
Edição: Nádia Franco