Com decisão de Mendonça, ex-assessor de Bolsonaro falta à CPMI
Com decisão de Mendonça, ex-assessor de Bolsonaro falta à CPMI
Arthur Maia diz que decisão desrespeita trabalho do colegiado.
Publicado por Lucas Pordeus León - Repórter da Agência Brasil - Brasília
O
segundo-tenente do Exército Osmar Crivelatti não compareceu à Comissão
Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do dia 8 de janeiro na sessão marcada
para ouvi-lo nesta terça-feira (19). O ex-assessor do ex-presidente Jair
Bolsonaro foi autorizado a faltar à sessão pelo ministro do Supremo Tribunal
Federal (STF) André Mendonça.
O presidente
da CPMI, deputado Arthur Maia (União/BA), disse que a decisão de Mendonça
“desrespeita, obstaculiza e impede” os trabalhos da CPMI. Maia defendeu que o
Congresso Nacional ingresse com uma Ação Direta de Preceito Fundamental (ADPF)
no Supremo para questionar a decisão.
“É urgente
que o Congresso Nacional tome uma decisão de encaminhar ao STF uma ADPF para
que o Supremo se manifeste claramente se pode ter CPI ou se não pode ter CPI.
Eu aceito as duas coisas. Só não dá para gente brincar de fazer CPI”, reclamou
Maia.
O presidente
da CPMI informou ainda que pediu uma audiência com os ministros do STF para
pedir que, ao menos, encaminhem as decisões ao plenário da Corte. “Porque o
pior dos mundos é dar uma decisão que é sabidamente minoritária no Supremo e
reter o processo na sua mão, fazendo da sua decisão monocrática algo
definitivo”, disse.
O senador
Flávio Bolsonaro (PL/RJ) saiu em defesa da decisão do ministro Mendonça. Para
ele, a decisão era esperada. “Forçaram a barra. A relatora quer convocar alguém
que não tem nada a ver com o 8 de janeiro. Não tem pertinência temática com o 8
de janeiro”, argumentou.
Na sua decisão, Mendonça alegou que Crivelatti foi convocado na condição de testemunha, mas que foi tratado como investigado por ter os sigilos bancário, fiscal e telefônico quebrado.
O militar
convocado para CPMI trabalhou na Ajudância de Ordens do ex-presidente Jair
Bolsonaro, sendo subordinado ao tenente-coronel do Exército Mauro Cid.
Crivelatti
chegou a ser ouvido pela Política Federal no inquérito que investiga as vendas
de joias recebidas por Bolsonaro enquanto ocupava a Presidência da República.
Os
integrantes da CPMI alegaram que o depoimento do segundo-tenente seria
importante para esclarecer os fatos preparatórios do dia 8 de janeiro, quando
apoiadores do ex-presidente invadiram as sedes dos Três Poderes, em Brasília.
“Na
qualidade de coordenador administrativo da Ajudância de Ordens da Presidência
da República, [Crivelatti] acompanhou o período em que se desenvolve a
preparação desses atos e, por óbvio, poderá trazer informações de enorme valia
para a condução dos nossos futuros trabalhos desta comissão”, argumentou a
deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) no requerimento aprovado pela
Comissão que pedia a convocação do militar.
Direito
Esta é a
segunda decisão de ministro do STF que desobriga a ida de testemunhas à CPMI
que apura os atos golpistas de 8 de janeiro. Na semana passada, o ministro do
STF Nunes Marques concedeu um habeas corpus para a ex-diretora de Inteligência
do Ministério da Justiça Marília Alencar, dando a ela o direito de não
comparecer à comissão.
Essa decisão
também foi criticada pelo presidente da CPMI e pela relatora senadora Eliziane
Gama (PSD-MA). Para a parlamentar, as duas decisões são muito ruins para a
investigação. “É muito preocupante. Se você tem uma decisão dessa de forma
reiterada você acaba trazendo prejuízos graves para CPI”, afirmou.
Edição:
Fernando Fraga