Com inflação da comida, famílias do Bolsa Família correm risco de insegurança alimentar, aponta governo
Com inflação da comida, famílias do Bolsa Família correm risco de insegurança alimentar, aponta governo
Informação está no 3º Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, referente ao período de 2025-2027.
Por Juliana Lima, TV Globo — Brasília
A Câmara
Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional (Caisan), presidida pelo
Ministério do Desenvolvimento Social, estima que, mesmo com o benefício do
Bolsa Família, 1,3 milhões de famílias ainda não superaram linha de pobreza e
estão vulneráveis à insegurança alimentar.
Isso
significa que, em algum momento, essas famílias poderão ter dificuldade em
obter os nutriente diários de que o corpo humano precisa (veja detalhes mais
abaixo).
A alta no
preço da comida é um dos principais fatores que expõe as pessoas pobres ao
risco alimentar.
O governo
divulgou 3º Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, referente ao
período de 2025-2027, no “Diário Oficial da União” de quarta-feira
(5). O Brasil teve o seu primeiro plano em 2011. O segundo em 2016, com
vigência até 2019.
No Bolsa
Família, famílias com renda de até R$ 218 por pessoa estão em situação de
pobreza e são elegíveis a um benefício de, no mínimo, R$ 600.
Na avaliação
da Caisan, contudo, os gastos com habitação, com transporte e, sobretudo, com
comida, estão comprimindo o orçamento e o poder de compra dessas famílias.
“Se, de
um lado, as políticas de garantia de renda e a sustentação de níveis altos de
ocupação no mercado de trabalho são essenciais para ampliar a renda disponível
das famílias para a compra de alimentos, de outro lado é necessário manter sob
controle a inflação de alimentos, sob pena de comprometer, com a alta de
preços, a capacidade aquisitiva das famílias” – pontua o documento.
Além disso,
o colegiado comandado pelo ministro Wellington Dias avalia que a alta dos
preços impacta não só a quantidade de alimento nas casas das famílias mais
vulneráveis como também a qualidade do que elas consomem.
“Essa
preocupação [com o controle da inflação de alimentos] é tanto mais urgente na
medida em que os preços comparativamente mais baratos dos alimentos
ultraprocessados tendem a influir sobre as escolhas alimentares da população e
incentivar a adoção de padrões alimentares menos saudáveis”, acrescenta o
plano.
A
insegurança alimentar pode ser considerada:
moderada:
quando as pessoas enfrentam incertezas sobre a sua capacidade de obter
alimentos e são forçadas a reduzir a quantidade e/ou qualidade de alimentos
devido à falta de dinheiro;
grave:
quando, em algum momento, as pessoas ficam sem comida, podendo passar fome por
um dia ou mais.
Alerta no
governo
Desde o ano
passado, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva discute medidas para
baixar o preço dos alimentos.
Nesta
quinta-feira (6), o vice-presidente Geraldo Alckmin vai se reunir com
representantes do setor de alimentos, como proteína animal, óleos, açúcar, além
de empresários do ramo de supermercados. Integrantes do Ministério da
Agricultura, Casa Civil, Desenvolvimento Agrário, Fazenda e Conab também devem
participar.
Mapa da
Fome
No plano, a
Caisan reitera o compromisso do governo federal de retirar o Brasil do Mapa da
Fome até 2026. Relatório divulgado pela Organização das Nações Unidas no ano
passado mostrou que a fome diminuiu no país, mas ainda afetava 14,3 milhões de
brasileiros.
Além disso, a câmara estabelece 18 estratégias e 219 iniciativas voltadas à segurança alimentar e nutricional e destaca o desafio do combate à fome na Amazônia e do impacto das mudanças do clima no direito humano à alimentação adequada.