Comissão da Câmara aprova projeto que proíbe casamento homoafetivo
Comissão da Câmara aprova projeto que proíbe casamento homoafetivo
Texto vai ser analisado por mais duas comissões antes de ir a plenário.
Publicado por Lucas Pordeus León - Repórter da Agência Brasil - Brasília
O projeto de
lei que proíbe o casamento entre pessoas do mesmo sexo foi aprovado por 12
votos contra cinco nesta terça-feira (10) na Comissão de Previdência,
Assistência Social, Infância, Adolescência e Família da Câmara dos Deputados. O
texto ainda precisa ser analisado pelas comissões de Direitos Humanos (CDH) e
de Constituição e Justiça (CCJ) antes de ir ao plenário da Casa.
O relator,
deputado Pastor Eurico (PL-PE), apresentou novo substitutivo com alterações no
texto anterior. Apesar das mudanças, o projeto manteve a proibição expressa de
casamento entre pessoas do mesmo sexo, alterando o Código Civil.
No parecer,
o texto do projeto “estabelece que nenhuma relação entre pessoas do mesmo sexo
pode equiparar-se ao casamento, à união estável e à entidade familiar”.
Em 2011, o
casamento homoafetivo foi considerado constitucional e regulamentado por
decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Na decisão, a Corte reconheceu que o
Artigo 5º da Constituição, ao definir que todos são iguais perante a lei
“sem distinção de qualquer natureza”, garante o direito ao casamento
para casais do mesmo sexo.
O parecer do deputado Pastor Eurico, por sua vez, defende que o casamento homoafetivo não deve ter o mesmo status jurídico do casamento entre homem e mulher, porque a relação entre pessoas do mesmo sexo “não proporciona à sociedade a eficácia especial da procriação, que justifica a regulamentação na forma de casamento e a sua consequente proteção especial pelo Estado”.
O argumento
do deputado Pastor Eurico é o de que, por não procriarem, “as relações
homossexuais não proporcionam o ganho social” e, por isso, não podem contribuir
“para a substituição geracional”.
O
parlamentar ainda cita o Artigo 266 da Constituição, que define que a união
estável é reconhecida entre homem e mulher.
O projeto
foi duramente criticado por parte dos parlamentares que, em protesto, chegaram
a abandonar a sessão em determinado momento. A deputada Laura Carneiro (PSD-RJ)
lamentou que o projeto retire direitos da população LGBTI+.
“Estamos
falando de 80 mil famílias que se casaram, de milhares de pessoas que têm
direito a essa relação, que querem receber todos os auxílios, querem receber
sua previdência e todos os direitos civis. Um casal não pode usar o plano de
saúde do outro. Que país é esse que estamos construindo?”, questionou.
Mudanças
Entre as
mudanças apresentadas nesta terça-feira pelo relator está o parágrafo único que
inclui no Código Civil que a legislação não pode interferir “nos critérios e
requisitos do casamento religioso, definição esta que compete a cada entidade
religiosa, sendo vedado qualquer constrangimento a Ministro de Confissão
religiosa, bem como qualquer violação às normas de seus Templos”.
Outra
mudança inserida no parecer é a que inclui um novo capítulo no Código Civil, o
“da sociedade de vida em comum”. Os artigos sugeridos regulamentam como devem
ser feitos contratos para repartição patrimonial e de bens de pessoas que
mantém “relação de mútua convivência e mútua dependência em qualquer situação
diversa daquelas constantes do Artigo 226 da Constituição Federal,
distinguindo-se dos institutos do casamento”.
Edição:
Fernando Fraga