Comissão de Assuntos Econômicos do Senado aprova o Desenrola Brasil
Comissão de Assuntos Econômicos do Senado aprova o Desenrola Brasil
Matéria segue agora em caráter emergencial para apreciação do plenário.
Publicado por Pedro Peduzzi - Repórter da Agência Brasil* - Brasília
A Comissão
de Assuntos Econômicos do Senado aprovou por unanimidade o Projeto de Lei (PL)
2.685/2022, que Institui o Programa Emergencial de Renegociação de Dívidas de
Pessoas Físicas Inadimplentes, conhecido como Desenrola Brasil.
O projeto
estabelece normas para facilitação de acesso a crédito, redução dos riscos de
inadimplência e de superendividamento de pessoas físicas, além de tratar da
renegociação de dívidas e limitar os juros do pagamento rotativo do cartão de
crédito.
A matéria
segue agora, em caráter emergencial, para apreciação do plenário do Senado. A
expectativa é que o texto seja votado na segunda-feira (2), uma vez que, na
terça (3), a medida provisória que criou o programa perderá a validade.
Segundo o
relator do projeto na CAE, senador Rodrigo Cunha (Podemos -AL), o problema da
inadimplência e da consequente falta de crédito para aqueles que não conseguem
saldar suas dívidas vai além das pessoas físicas, atingindo também empresas,
uma vez que, sem crédito, o cidadão deixa de consumir.
Em defesa da
aprovação do projeto, o senador Jaques Wagner (PT-BA) lembrou que boa parte das
dívidas que tornam os brasileiros inadimplentes são pelos serviços de luz e
água. Segundo o Ministério da Fazenda, o Desenrola Brasil terá validade até 31
de dezembro deste ano. Até lá, a expectativa é de que o programa beneficie até
70 milhões de pessoas.
Estão previstas algumas condições para a participação no programa. No caso dos devedores, eles terão de pagar seus débitos por meio da contratação de uma nova operação de crédito, a ser feita com agente financeiro habilitado ou com recursos próprios.
Já os
credores precisam oferecer descontos e retirar dos cadastros de inadimplentes
as dívidas negociadas. Aos agentes financeiros, caberá executar o financiamento
das operações de crédito por meio de recursos próprios.
Faixa 1
Estão
previstas duas faixas de público a ser beneficiado pelo programa. A Faixa 1 é
voltada para pessoas com renda mensal de até dois salários mínimos ou que
estejam inscritas no Cadastro Único para Programa Sociais do Governo Federal
(CadÚnico), com dívidas de até R$ 5 mil contraídas até 31 de dezembro de 2022.
Estima-se
que haja cerca de 43 milhões de pessoas nessa situação, com uma dívida total de
aproximadamente R$ 50 bilhões, conforme informado pelo governo federal. Os
débitos poderão ser quitados de duas formas: pagamento à vista ou por
financiamento bancário, em até 60 parcelas mensais de pelo menos R$ 50. Nesse
caso, a taxa de juros é de 1,99% ao mês.
Famílias e
credores precisam se inscrever em uma plataforma na internet. O público deve
participar de um programa de educação financeira e os credores devem se
submeter a um leilão eletrônico para oferecer descontos às famílias. O governo
garante a quitação da dívida para o vencedor do leilão — aquele que oferecer o
maior desconto.
Faixa 2
A Faixa 2 é
voltada para pessoas com dívidas de até R$ 20 mil. As instituições financeiras
podem oferecer aos clientes a possibilidade de renegociação de forma direta ou
pela plataforma do Desenrola Brasil. Em troca de descontos nas dívidas, o
governo oferece aos bancos incentivos regulatórios para que aumentem a oferta
de crédito.
O projeto
estabelece condições para que bancos públicos ou privados participem como
credores no leilão de descontos, caso tenham volume de captações superior a R$
30 bilhões. Uma das condições é reduzir permanentemente os cadastros de
inadimplentes com dívidas de valor igual ou inferior a R$ 100.
Dívidas que
não se enquadrem nas duas faixas podem ser quitadas por meio da plataforma
digital do programa. A Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil devem
prestar instruções de forma presencial e gratuita aos devedores que tiverem
dificuldade em acessar a plataforma.
Primeira etapa
Aberta em julho, a primeira etapa do Desenrola, destinada à Faixa 2, renegociou R$ 13,2 bilhões de 1,9 milhão de contratos até o último dia 18. Segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), isso equivale a 1,6 milhão de clientes, já que um correntista pode ter mais de uma dívida.
Além disso,
6 milhões de pessoas que tinham débitos de até R$ 100 tiveram o nome limpo.
Nesse caso, as dívidas não foram extintas e continuam a ser corrigidas, mas os
bancos retiraram as restrições para o devedor, como assinar contratos de
aluguel, contratar novas operações de crédito e parcelar compras em crediário.
A desnegativação dos nomes para dívidas nessa faixa de valor era condição
necessária para os bancos aderirem ao Desenrola.
Segunda etapa
A segunda
etapa do Desenrola teve início no dia 25. Até o dia quarta-feira (27), 709
credores participaram de leilão de descontos em um sistema desenvolvido pela
bolsa de valores brasileira.
As empresas
credoras estão agrupadas em nove setores: serviços financeiros;
securitizadoras; varejo; energia; telecomunicações; água e saneamento;
educação; micro e pequena empresa, educação.
Quem
oferecer os maiores descontos será contemplado com recursos do Fundo de
Garantia de Operações (FGO). Com R$ 8 bilhões do Orçamento da União, o fundo
cobrirá eventuais calotes de quem aderir às renegociações e voltar a ficar
inadimplente. Isso permite às empresas conceder abatimentos maiores no processo
de renegociação.
Destinada à
Faixa 1 do programa, a segunda etapa do Desenrola pretende beneficiar até 32,5
milhões de consumidores com o nome negativado que ganham até dois salários
mínimos. Em tese, só poderão ser renegociadas dívidas de até R$ 5 mil, que
representam 98% dos contratos na plataforma e somam R$ 78,9 bilhões.
No entanto,
caso não haja adesão suficiente, o limite de débitos individuais sobe para R$
20 mil, que somam R$ 161,3 bilhões em valores cadastrados pelos credores na
plataforma.
*Com
informações da Agência Senado
Edição:
Nádia Franco