Contas externas têm redução de US$ 19,6 bilhões no déficit em 2023
Contas externas têm redução de US$ 19,6 bilhões no déficit em 2023
É o menor resultado em 3 anos, segundo o Banco Central.
Publicado por Luciano Nascimento - Repórter da Agência Brasil - São Luís
As contas
externas do Brasil apresentaram em 2023 uma redução de US$ 19,6 bilhões no
déficit na comparação com 2022, informou nesta segunda-feira (5) o Banco
Central (BC). Esse foi o menor resultado em 3 anos. No ano passado, o déficit
em transações correntes somou US$ 28,6 bilhões, o que representa 1,32% do
Produto Interno Bruto (PIB, soma de todos bens e serviços produzidos no país),
ante US$ 48,3 bilhões, 2,47% do PIB em 2022. Em dezembro passado, as transações
correntes do balanço de pagamentos apresentaram déficit de US$ 5,8 bilhões,
ante déficit de US$ 7,5 bilhões em dezembro de 2022.
Os dados
fazem parte do relatório de estatísticas do setor externo com informações sobre
as transações correntes do Brasil. Os números consideram o comércio da balança
comercial, relacionando exportações e importações; os serviços adquiridos por
brasileiros no exterior e também pela renda, como remessa de juros, lucros e
dividendos do Brasil para outros países.
Segundo o
BC, a redução de US$ 19,6 bilhões no déficit deveu-se especialmente à ampliação
de US$ 36,4 bilhões no superávit da balança comercial e à redução de US$ 2
bilhões no déficit de serviços, “compensados parcialmente pelos aumentos nos
déficits de renda primária, US$ 15,9 bilhões, e renda secundária, US$ 2,9
bilhões”.
No ano
passado, a balança comercial apresentou superávit de US$ 344,4 bilhões, aumento
de 1,2% em relação a 2022, o que representa o maior valor da série histórica.
Já as importações somaram US$ 263,9 bilhões, recuo de 10,9% em relação ao ano
anterior. A balança comercial de bens também foi superavitária em US$ 7,3
bilhões em dezembro de 2023, ante saldo positivo de US$ 2,9 bilhões em dezembro
de 2022.
“As
exportações de bens totalizaram US$ 29,1 bilhões, aumento de 7,4% na comparação
interanual, enquanto as importações de bens recuaram 9,8%, na mesma base de
comparação, totalizando US$ 21,8 bilhões”, disse o BC.
Reservas
As reservas
internacionais somaram US$ 355 bilhões em dezembro de 2023, incremento de US$
6,6 bilhões em relação ao mês anterior. O aumento decorreu, principalmente, de
contribuições positivas de variações por preços, US$ 4,5 bilhões, e de
variações por paridades, US$ 1 bilhão. As receitas de juros somaram US$ 669
milhões.
No ano de
2023, o déficit na conta de serviços somou US$ 37,6 bilhões, recuo de 5,1%
comparativamente ao déficit em 2022, de US$ 39,6 bilhões. Os destaques foram a
redução das despesas líquidas de transportes, de US$ 6,5 bilhões, e os aumentos
das despesas líquidas de serviços culturais, pessoais e recreativos, de US$ 2,4
bilhões; telecomunicação, computação e informações de US$ 1,6 bilhão.
Em dezembro
passado, o déficit de serviços totalizou US$ 3,8 bilhões, ante déficit de US$ 3,6
bilhões em dezembro de 2022.
No ano de
2023, o déficit em renda primária totalizou US$ 72,4 bilhões, 28,1% acima do
déficit de US$ 56,5 bilhões ocorrido em 2022. As despesas líquidas de lucros e
dividendos de investimento direto e em carteira somaram US$ 45 bilhões em 2023,
21,5% acima dos US$ 37,1 bilhões observados em 2022.
“Nessa
comparação, as despesas brutas decresceram US$ 1,6 bilhão, enquanto as receitas
recuaram US$ 9,6 bilhões. As despesas líquidas de juros somaram US$ 27,7 bilhões
em 2023, aumento de 41,4% em relação aos US$ 19,6 bilhões em 2022. Em 2023
houve crescimentos de 33,7% nas receitas de juros, para US$ 10 bilhões, e de
39,3% nas despesas brutas de juros, para US$ 37,7 bilhões”, informou o BC.
Em relação
aos investimentos diretos no país (IDP), as saídas líquidas foram de US$ 389
milhões em dezembro de 2023, em linha com as saídas líquidas observadas em
dezembro de 2022, de US$ 479 milhões. Os ingressos líquidos em participação no
capital atingiram US$ 924 milhões, compostos por US$ 4,9 bilhões em
participação no capital, exceto lucros reinvestidos, e US$ 4 bilhões negativos
em lucros reinvestidos. As operações intercompanhia totalizaram saídas líquidas
de US$ 1,3 bilhão.
No ano de
2023, o IDP totalizou US$ 62 bilhões (2,85% do PIB), ante US$ 74,6 bilhões
(3,82% do PIB) em 2022. O ingresso líquido em participação no capital exceto
lucros reinvestidos reduziu US$ 5 bilhões (US$ 31,6 bilhões em 2023 ante US$
36,6 bilhões em 2022), enquanto os lucros reinvestidos cresceram US$ 662
milhões (US$ 21,2 bilhões em 2023 ante US$ 20,6 bilhões em 2022). O ingresso
líquido em operações intercompanhia recuou US$ 8,4 bilhões (US$ 9,1 bilhões em
2023, ante US$ 17,5 bilhões em 2022).
Os
investimentos diretos no exterior (IDE) apresentaram, no ano de 2023,
aplicações líquidas de US$ 28,3 bilhões, ante US$ 33,4 bilhões em 2022.
Os
investimentos em carteira no mercado doméstico totalizaram ingressos líquidos
de US$ 8,6 bilhões, com saídas líquidas de US$ 1,1 bilhão em ações e fundos de
investimentos e ingressos líquidos de US$ 9,8 bilhões em títulos de dívida. Em
2022, esses ingressos líquidos foram de US$ 7,7 bilhões.
Edição:
Fernando Fraga