Contas externas têm saldo negativo de US$ 1,4 bilhão em setembro
Contas externas têm saldo negativo de US$ 1,4 bilhão em setembro
Investimentos diretos somaram US$ 3,8 bilhões.
Publicado por Andreia Verdélio – Repórter da Agência Brasil - Brasília
Com alta no
superávit comercial, as contas externas do país tiveram saldo negativo menor em
setembro, chegando a US$ 1,375 bilhão, informou nesta segunda-feira (6) o Banco
Central (BC). No mesmo mês de 2022, o déficit foi de US$ 6,940 bilhões nas
transações correntes, que são as compras e vendas de mercadorias e serviços e
transferências de renda com outros países.
A diferença
na comparação interanual é resultado do superávit comercial, que aumentou R$
5,2 bilhões. Colaborando para o resultado, o déficit em renda primária
(pagamento de juros e lucros e dividendos de empresas) recuou em US$ 820
milhões. Por outro lado, o déficit em serviços aumentou US$ 191 milhões.
Em 12 meses
encerrados em setembro, o déficit em transações correntes foi de US$ 39,832
bilhões, 1,92% do Produto Interno Bruto (PIB, a soma dos bens e serviços
produzidos no país), ante o saldo negativo de US$ 45,397 bilhões (2,21% do PIB)
em agosto deste ano e déficit de US$ 56,944 bilhões (3,09% do PIB) no período
equivalente terminado em setembro de 2022.
Já no
acumulado do ano, o déficit é de US$ 20,895 bilhões, contra saldo negativo de
US$ 34,682 bilhões nos primeiros nove meses de 2022.
Balança comercial e serviços
As exportações de bens totalizaram US$ 28,675 bilhões em setembro, redução de 5,2% em relação a igual mês de 2022. As importações somaram US$ 21,463 bilhões, queda de 23,8% na comparação com setembro do ano passado. Com esses resultados, a balança comercial fechou com o superávit de US$ 7,212 bilhões no mês passado, ante saldo positivo de US$ 2,059 bilhões em setembro de 2022.
É o maior
superávit comercial para o mês de setembro da série histórica do BC, iniciada
em 1995.
O déficit na
conta de serviços – viagens internacionais, transporte, aluguel de equipamentos
e seguros, entre outros – somou US$ 3,279 bilhões em setembro, aumento de 6,2%
ante os US$ 3,088 bilhões em igual mês de 2022. Houve redução no déficit em
transporte e aumento em viagens e aluguel de equipamentos.
O déficit na
rubrica de transportes passou US$ 1,837 bilhão em setembro de 2022 para US$ 976
milhões no mês passado, recuo de 46,9%. Mês a mês, a melhora vem sendo
influenciada por gastos menores em fretes, que tiveram redução devido à queda
nos preços internacionais, além queda das quantidades importadas.
No caso das
viagens internacionais, há trajetória de recuperação, mas o crescimento do
déficit segue em patamares inferiores ao período antes da pandemia da covid-19.
Seguindo a tendência dos meses recentes, as receitas de estrangeiros em viagem
ao Brasil cresceram 36,1% na comparação interanual e chegaram a US$ 566 milhões
em setembro, contra US$ 416 milhões no mesmo mês de 2022.
As despesas
de brasileiros no exterior passaram de US$ 907 milhões em setembro do ano
passado para em US$ 1,241 bilhão no mesmo mês de 2023, aumento de 36,7%. Com
isso, o déficit na conta de viagens fechou o mês com alta de 37,2% frente ao
observado em setembro de 2022, chegando a US$ 674 milhões, ante déficit de US$
491 milhões no mesmo mês do ano passado.
Já em
aluguel de equipamentos, as despesas líquidas somaram US$ 750 milhões, aumento
de 9,8% em comparação a setembro de 2022, que ficou em US$ 683 milhões.
Rendas
Em setembro,
o déficit em renda primária – lucros e dividendos, pagamentos de juros e
salários – chegou a US$ 5,468 bilhões, redução de 13% ante os US$ 6,288 bilhões
no mesmo mês de 2022. Normalmente, essa conta é deficitária, já que há mais
investimentos de estrangeiros no Brasil – e eles remetem os lucros para fora do
país – do que de brasileiros no exterior.
As despesas
líquidas com juros passaram de US$ 1,240 bilhão em setembro de 2022 para US$
2,128 bilhões no mês passado. No caso dos lucros e dividendos associados aos
investimentos direto e em carteira, houve déficit de US$ 3,369 bilhões no mês
de setembro deste ano, frente ao observado em setembro de 2022, de US$ 5,064
bilhões.
A conta de
renda secundária – gerada em uma economia e distribuída para outra, como
doações e remessas de dólares, sem contrapartida de serviços ou bens – teve
resultado positivo de US$ 160 milhões no mês passado, contra superávit US$ 377
milhões em setembro de 2022.
Financiamento
Os ingressos líquidos em investimentos diretos no país (IDP) foram menores na comparação interanual, em razão da queda nas operações intercompanhias. O IDP somou US$ 3,752 bilhões em setembro último, ante US$ 9,628 bilhões em setembro de 2022.
De acordo
com o chefe do Departamento de Estatística do BC, a base de comparação de setembro
de 2022 está elevada pois, no ano passado, muitas companhias realizaram os
investimentos que estavam represados desde a pandemia. Em 2019, na
pré-pandemia, o IDP foi de US$ 69,174 bilhões. Em 2020, ele ficou em US$ 37,786
bilhões. Já em 2021, houve crescimento, mais ainda abaixo dos valores do
pré-pandemia, para US$ 46,439 bilhões.
“Em 2022,
com abertura praticamente integral do país, tivemos o primeiro ano de
funcionamento normal da economia e fechamos o ano com IDP de US$ 87,245
bilhões. Não só continuou a retomada da atividade, como foi superior ao patamar
pré-pandemia, com aquele montante que estava atrasado ocorrendo em 2022”,
explicou em coletiva virtual de imprensa para apresentar os resultados.
Para este
ano, a precisão do BC é que os investimentos diretos no país cheguem a US$ 65
bilhões.
O IDP
acumulado em 12 meses totalizou US$ 60,042 bilhões (2,89% do PIB) em setembro
de 2023, ante US$ 65,918 bilhões (3,21% do PIB) no mês anterior e US$ 72,060
bilhões (3,91% do PIB) no período encerrado em setembro de 2022.
Quando o
país registra saldo negativo em transações correntes, precisa cobrir o déficit
com investimentos ou empréstimos no exterior. A melhor forma de financiamento
do saldo negativo é o IDP, porque os recursos são aplicados no setor produtivo
e costumam ser investimentos de longo prazo.
No caso dos
investimentos em carteira no mercado doméstico, houve entradas líquidas de US$
1,835 bilhão em setembro de 2023, compostas por saídas líquidas de US$ 477
milhões em ações e fundos de investimento e por ingressos líquidos de US$ 2,311
bilhão em títulos de dívida. Nos 12 meses encerrados em agosto, os
investimentos em carteira no mercado doméstico somaram ingressos líquidos de
US$ 15,8 bilhões.
O estoque de
reservas internacionais atingiu US$ 340,324 bilhões em setembro, redução de US$
3,853 bilhões em comparação ao mês anterior.
Edição:
Maria Claudia