Contas públicas têm déficit de R$ 26,4 bilhões em fevereiro, e dívida sobe para 73% do PIB
Contas públicas têm déficit de R$ 26,4 bilhões em fevereiro, e dívida sobe para 73% do PIB
Informações foram divulgadas nesta sexta (31) pelo Banco Central. Na proporção com o Produto Interno Bruto (PIB), déficit de fevereiro é o pior para o mês desde 2020, ou seja, em três anos.
Por Alexandro Martello, g1 — Brasília 31/03/2023 09h02 - Atualizado há 14 minutos
As contas do
setor público consolidado registraram um déficit primário de R$ 26,45 bilhões
em fevereiro, informou o Banco Central nesta sexta-feira (31).
O déficit
primário acontece quando as despesas com impostos ficam acima das receitas,
desconsiderando os juros da dívida pública. Quando acontece o contrário, há
superávit. O resultado engloba o governo federal, os estados, municípios e as
empresas estatais.
Ao mesmo
tempo, a dívida bruta do setor público consolidado, indicador acompanhado com
atenção pelos investidores por indicar a capacidade de pagamento dos países,
registrou aumento para 73% do PIB no mês passado, contra 72,5% em janeiro desse
ano (veja mais abaixo nessa reportagem).
Contas do
Setor Público Consolidado
O rombo de
R$ 26,45 bilhões é o pior, para meses de fevereiro, desde o início da série
histórica do Banco Central, em 2022.
Porém, na
proporção com o Produto Interno Bruto (PIB), comparação considerada mais
apropriada por analistas, o saldo negativo, de 3,22% no mês passado, é o mais
alto para meses de fevereiro desde 2020 (3,37% do PIB).
O saldo
deficitário das contas públicas em fevereiro aconteceu unicamente por conta do
desempenho das contas do governo federal. Veja abaixo:
– governo
federal registrou déficit de R$ 39,23 bilhões;
– estados e
municípios tiveram saldo positivo de R$ 11,84 bilhões;
– empresas
estatais apresentaram superávit de R$ 938 milhões.
No acumulado
do primeiro bimestre deste ano, segundo dados oficiais, as contas públicas
registraram um superávit de R$ 72,56 bilhões, o equivalente a 4,43% do PIB.
Isso
representa piora em relação ao mesmo período do ano passado, quando foi
registrado um saldo positivo de R$ 105,3 bilhões (7,13% do PIB).
Após
despesas com juros
Quando se
incorporam os juros da dívida pública na conta – no conceito conhecido no
mercado como resultado nominal, utilizado para comparação internacional – houve
déficit de R$ 90,6 bilhões nas contas do setor público em fevereiro.
Em 12 meses,
até fevereiro deste ano, o resultado ficou negativo (déficit nominal) em R$
565,8 bilhões, o equivalente a 5,62% do PIB.
Esse número
é acompanhado com atenção pelas agências de classificação de risco para a
definição da nota de crédito dos países, indicador levado em consideração por
investidores.
O resultado
nominal das contas do setor público sofre impacto do resultado mensal das
contas, das atuações do BC no câmbio, e dos juros básicos da economia (Selic)
fixados pela instituição para conter a inflação. Atualmente, a Selic está em
13,75% ao ano, o maior valor em seis anos.
Segundo o
BC, no mês passado as despesas com juros nominais somaram R$ 64,15 bilhões. Em
12 meses, até fevereiro, os gastos com juros somaram R$ 659,11 bilhões (6,54%
do PIB).
Dívida
bruta
A dívida
bruta do setor público, indicador que também é acompanhado pelas agências de
classificação de risco, registrou aumento em fevereiro, atingindo 73% do PIB, o
equivalente a R$ 7,35 trilhões.
Em janeiro,
a dívida estava em 72,5% do PIB (dado revisado), somando R$ 7,25 trilhões.
Desde a
transição, com o aumento de gastos por meio da PEC para recompor o orçamento, o
governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem sido cobrado pelo mercado
financeiro sobre medidas para evitar o aumento da dívida pública.
Em janeiro,
a equipe econômica anunciou um pacote de medidas para tentar reduzir o rombo
das contas públicas neste ano, focado principalmente no aumento de arrecadação,
para tentar conter a alta na dívida do setor público.
Nesta
semana, o governo anunciou o novo arcabouço fiscal, ou seja, proposta de regras
para as contas públicas em substituição ao teto de gastos. E estimou que, com
essa nova âncora fiscal, a dívida poderá subir para até 77,3% do PIB no fim do
governo Lula, em 2026.