Contas públicas têm déficit de R$ 7,3 bilhões em setembro
Contas públicas têm déficit de R$ 7,3 bilhões em setembro
Dívida bruta está em 78,3% do PIB, diz BC.
Andreia Verdélio – Repórter da Agência Brasil
As contas
públicas fecharam o mês de setembro com saldo negativo, resultado do déficit em
todas as esferas: Governo Central, governos regionais e empresas estatais. O
setor público consolidado – formado pela União, pelos estados, municípios e
empresas estatais – registrou déficit primário de R$ 7,340 bilhões no mês de
setembro.
O valor,
entretanto, é menor que o resultado negativo de R$ 18,071 bilhões registrado no
mesmo mês de 2023. Nessa comparação interanual, houve melhora nas contas do
setor público consolidado em razão da melhora nas contas do Governo Central,
ainda que continue com déficit. No caso dos governo regionais, houve piora no
déficit.
As
Estatísticas Fiscais foram divulgadas nesta segunda-feira (11) pelo Banco
Central (BC). O déficit primário representa o resultado negativo das contas do
setor público (despesas menos receitas), desconsiderando o pagamento dos juros
da dívida pública.
No acumulado
do ano, o setor público consolidado registra déficit primário de R$ 93,561
bilhões. Em 12 meses – encerrados em setembro – as contas acumulam o resultado
negativo de R$ 245,605 bilhões, o que corresponde a 2,15% do Produto Interno
Bruto (PIB, a soma de todos os bens e serviços produzidos no país).
Em 2023, as
contas públicas fecharam o ano com déficit primário de R$ 249,124 bilhões,
2,29% do PIB.
Esferas de governo
Em setembro
último, a conta do Governo Central (Previdência, Banco Central e Tesouro
Nacional) teve déficit primário de R$ 3,974 bilhões ante resultado negativo de
R$ 16,506 bilhões em setembro de 2023. O montante do déficit difere do
resultado divulgado no último dia 7 pelo Tesouro Nacional, de déficit de R$
5,326 bilhões em setembro porque, além de considerar os governos locais e as
estatais, o BC usa metodologia diferente, que leva em conta a variação da
dívida dos entes públicos.
De acordo
com o BC, a redução no déficit do Governo Central se deve ao aumento de 8% nas
receitas, em magnitude maior do que as despesas, que cresceram 1,4% em setembro
de 2024 em comparação ao mesmo mês de 2023.
Os governos
estaduais também registraram déficit no mês de setembro de R$ 597 milhões, ante
déficit de R$ 374 milhões em setembro do ano passado. Já os governos municipais
tiveram resultado negativo de R$ 2,575 bilhões em setembro deste ano. No mesmo
mês de 2023, houve déficit de R$ 691 milhões para esses entes.
Com isso, no
total, os governos regionais – estaduais e municipais – tiveram déficit de R$
3,173 bilhões em setembro de 2024 contra resultado negativo de R$ 1,065 bilhão
no mesmo mês do ano passado.
Da mesma
forma, as empresas estatais federais, estaduais e municipais – excluídas dos
grupos Petrobras e Eletrobras – também contribuíram para o déficit das contas
públicas, com déficit primário de R$ 192 milhões em setembro de 2024. No mesmo
mês do ano passado, o déficit foi de R$ 500 milhões.
Despesas com juros
Os gastos
com juros ficaram em R$ 46,427 bilhões em setembro deste ano, uma redução
significativa em relação aos R$ 81,714 bilhões registrados em setembro de 2023.
De agosto para setembro de 2024, também houve queda. No oitavo mês do ano, os
gastos com juros foram de R$ 68,955 bilhões.
De acordo
com o BC, não é comum a conta de juros apresentar grandes variações,
especialmente negativas, já que os juros são apropriados por competências, mês
a mês. Mas nesse resultado, há os efeitos das operações do Banco Central no
mercado de câmbio (swap cambial, que é a venda de dólares no mercado futuro)
que, nesse caso, contribuíram para a melhora da conta de juros em setembro. Os
resultados dessas operações são transferidos para o pagamento dos juros da
dívida pública, como receita quando há ganhos e como despesa quando há perdas.
Em setembro
de 2023, a conta de swaps teve perdas de R$ 15,9 bilhões, enquanto no mesmo mês
deste ano teve ganhos de R$ 20 bilhões.
Com isso, o
resultado nominal das contas públicas – formado pelo resultado primário e os
gastos com juros – caiu quase que pela metade na comparação interanual. No mês
de setembro, o déficit nominal ficou em R$ 53,767 bilhões contra o resultado
negativo de R$ 99,785 bilhões em igual mês de 2023.
Em 12 meses
encerrados em setembro, o setor público acumula déficit R$ 1,065 trilhão, ou
9,34% do PIB. O resultado nominal é levado em conta pelas agências de
classificação de risco ao analisar o endividamento de um país, indicador
observado por investidores.
Dívida pública
A dívida
líquida do setor público – balanço entre o total de créditos e débitos dos
governos federal, estaduais e municipais – chegou a R$ 7,117 trilhões em
setembro, o que corresponde a 62,4% do PIB. Em agosto, o percentual da dívida
líquida em relação ao PIB estava em 62% (R$ 7,026 trilhões).
No mês de
setembro deste ano, a dívida bruta do governo geral (DBGG) – que contabiliza
apenas os passivos dos governos federal, estaduais e municipais – chegou a R$
8,928 trilhões ou 78,3%, com redução em relação ao mês anterior, em termos de
percentual do PIB (R$ 8,898 trilhões ou 78,5% do PIB). Assim como o resultado
nominal, a dívida bruta é usada para traçar comparações internacionais.