Copom avalia que apresentação do arcabouço fiscal reduziu incertezas e aprovação pode ajudar a combater pressões inflacionárias

Copom avalia que apresentação do arcabouço fiscal reduziu incertezas e aprovação pode ajudar a combater pressões inflacionárias

Banco Central avaliou que a inflação ao consumidor 'continua elevada' e que o atual momento de combate às pressões sobre os preços 'demanda serenidade e paciência'.





Por Alexandro Martello, g1 — Brasília 09/05/2023 08h13 - Atualizado há 2 horas

O Banco Central afirmou nesta terça-feira (9) que a aprovação pelo Congresso Nacional de um arcabouço fiscal “sólido e crível” pode ajudar no combate à inflação ao reduzir as expectativas de pressões sobre os preços e incerteza na economia.

“O Comitê discutiu também os impactos do cenário fiscal sobre a inflação e avalia que a apresentação do arcabouço fiscal reduziu a incerteza associada a cenários extremos de crescimento da dívida pública. O Comitê seguirá acompanhando a tramitação e a implementação do arcabouço fiscal apresentado pelo Governo e em apreciação no Congresso”, acrescentou. 

O Copom afirmou, ainda, que a apresentação do arcabouço fiscal “reduziu a incerteza associada a cenários extremos de crescimento da dívida pública”, ou seja, de forte alta no endividamento.

A informação consta na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), colegiado formado pela diretoria e presidente do BC, que manteve na semana passada a taxa básica de juros em 13,75% ao ano — o maior nível em seis anos e meio.

A proposta de arcabouço fiscal, a nova regra para as contas públicas no lugar do teto de gastos, foi apresentada em abril ao Legislativo. Pela proposta, as despesas não poderiam subir acima das receitas, e haveria limite para os gastos como forma de tentar evitar uma alta maior da dívida pública.

O Banco Central repetiu, entretanto, que “não há relação mecânica entre a política monetária [as decisões sobre a taxa de juros] e o arcabouço fiscal [a nova regra fiscal proposta ao Congresso]”.

 

Inflação segue elevada

De acordo com o BC, porém, a pressão inflacionária ao consumidor “continua elevada” e as expectativas de inflação para os próximos anos “seguem desancoradas” (estão acima) das metas definidas pelo Conselho Monetário Nacional (veja mais abaixo nessa reportagem e importância das expectativas de inflação sobre as decisões do Copom).

Em março, a inflação oficial subiu 0,71%. Com isso, o país passa a ter uma inflação acumulada de 4,65% na janela de 12 meses. É o menor valor para 12 meses desde janeiro de 2021.

De acordo com a ata do Copom, espera-se uma “queda relevante” na inflação acumulada em doze meses ao longo deste segundo trimestre por conta da redução dos preços de combustíveis durante as eleições do ano passado.

Acrescentou, porém, que os preços devem voltar a subir no fim do ano quando o efeito dessas medidas sair do cálculo do período em doze meses. Segundo o Copom, portanto, a inflação está baixa por enquanto, mas tende a acelerar no futuro com o fim desse efeito estatístico.

“O Comitê reafirma que o processo desinflacionário em seu atual estágio demanda serenidade e paciência na condução da política monetária [decisões sobre juros] para garantir a convergência da inflação para suas metas”, informou.

O BC também acrescentou que “segue vigilante, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação”.

 

Indicações à diretoria do BC

A reunião do Copom desta semana será realizada em meio a um intenso debate sobre o nível da taxa básica de juros da economia. O juro brasileiro é a maior taxa real do mundo.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem disparado fortes críticas ao patamar da taxa básica da economia, por conta do impacto no nível de atividade e de emprego.

Chefiado por Roberto Campos Neto, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, o Banco Central possui autonomia operacional para definir a política monetária com objetivo de controlar a inflação. As decisões sobre os juros são tomados pela diretoria colegiada da instituição.

Nesta segunda-feira (8), O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que Gabriel Galípolo, atual secretário-executivo do Ministério da Fazenda, é o indicado para assumir a diretoria de Política Monetária do Banco Central.

Economistas ouvidos pelo g1 acham que Galípolo deve trabalhar internamente pela queda da taxa básica de juros do país.

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