Copom inicia quinta reunião do ano sob expectativa de queda de juros
Copom inicia quinta reunião do ano sob expectativa de queda de juros
Taxa Selic, em 13,75% ao ano, deve ter primeiro corte em três anos.
Publicado em 01/08/2023 - 07:59 Por Wellton Máximo – Repórter da Agência Brasil - Brasília
O Comitê de
Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) começa nesta terça-feira (1º),
em Brasília, a quinta reunião do ano para definir a taxa básica de juros, a
Selic. Por causa da forte queda da inflação nos últimos meses, o órgão deve
reduzir a Selic, atualmente em 13,75% ao ano. Esse será o primeiro corte desde
agosto de 2020, quando os juros tinham sido reduzidos de 2,25% para 2% ao ano.
Na última
sexta-feira (28), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o caminho
está pavimentado para a queda da Selic. Desde o início do ano, o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva também tem criticado os juros. Em junho, ele afirmou
que o atual nível da taxa Selic atrapalha os investimentos e que não existe
nenhuma justificativa para que a Selic esteja neste momento nesse patamar.
Embora a
taxa básica tenha parado de subir em agosto do ano passado, está no nível mais
alto desde o início de 2017 e os efeitos de um aperto monetário são sentidos na
desaceleração da economia.
Segundo a
edição mais recente do boletim Focus, pesquisa semanal com analistas de
mercado, a taxa básica deverá cair 0,25 ponto percentual, para 13,5% ao ano. A
expectativa do mercado financeiro é que a Selic encerre o ano em 12% ao ano.
Nesta quarta-feira (2), ao fim do dia, o Copom anunciará a decisão.
Inflação
Na ata da
última reunião, em junho, o órgão acenou com a possibilidade da queda dos juros
em agosto. Após uma série de comunicados duros no início do ano, em que não
descartava a possibilidade de elevar a taxa Selic, o Copom mudou de tom e
admitiu a redução dos juros básicos por causa do comportamento dos preços.
“A avaliação
predominante foi de que a continuação do processo desinflacionário em curso,
com consequente impacto sobre as expectativas, pode permitir acumular a
confiança necessária para iniciar um processo parcimonioso de inflexão na
próxima reunião [em agosto]”, informou o Copom na ata.
Com a forte
desaceleração dos índices de preços nos últimos meses, as expectativas de
inflação têm caído. Segundo o último boletim Focus, pesquisa semanal com
instituições financeiras feita pelo BC, a estimativa de inflação para 2023
passou de 4,9% para 4,84%.
Em junho,
puxado pela queda nos preços dos alimentos e dos carros novos, o IPCA ficou
negativo em 0,08%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE). Essa foi a primeira deflação em nove meses. Com o resultado, o
indicador acumulou alta de 2,87% no ano e de 3,16% nos últimos 12 meses,
percentual mais baixo do que os 3,94% acumulados até o mês anterior.
Taxa Selic
A taxa
básica de juros é usada nas negociações de títulos públicos emitidos pelo
Tesouro Nacional no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve
de referência para as demais taxas da economia. Ela é o principal instrumento
do Banco Central para manter a inflação sob controle. O BC atua diariamente por
meio de operações de mercado aberto – comprando e vendendo títulos públicos
federais – para manter a taxa de juros próxima do valor definido na reunião.
Quando o
Copom aumenta a taxa básica de juros, a finalidade é conter a demanda aquecida,
e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito
e estimulam a poupança. Desse modo, taxas mais altas também podem dificultar a
expansão da economia. Mas, além da Selic, os bancos consideram outros fatores
na hora de definir os juros cobrados dos consumidores, como risco de
inadimplência, lucro e despesas administrativas.
Ao reduzir a
Selic, a tendência é de que o crédito fique mais barato, com incentivo à
produção e ao consumo, reduzindo o controle da inflação e estimulando a
atividade econômica.
O Copom
reúne-se a cada 45 dias. No primeiro dia do encontro, são feitas apresentações
técnicas sobre a evolução e as perspectivas das economias brasileira e mundial
e o comportamento do mercado financeiro. No segundo dia, os membros do Copom,
formado pela diretoria do BC, analisam as possibilidades e definem a Selic.
Meta
Para 2023, a
meta de inflação que deve ser perseguida pelo BC, definida pelo Conselho
Monetário Nacional, é de 3,25%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto
percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 1,75% e o
superior é 4,75%. Para 2024 e 2025, as metas são de 3% para os dois anos, com o
mesmo intervalo de tolerância. A meta para 2026 será definida neste mês.
No último
Relatório de Inflação, divulgado no fim de junho pelo Banco Central, a
autoridade monetária reconhece a possibilidade de leve estouro da meta de
inflação neste ano. No documento, a estimativa é que o IPCA atingirá 5% em
2023. O próximo relatório será divulgado no fim de setembro.
Edição:
Juliana Andrade