Copom poderia ser mais generoso com medidas que tomamos, diz Haddad
Copom poderia ser mais generoso com medidas que tomamos, diz Haddad
Ministro da Fazenda diz que indicações para BC serão técnicas.
Publicado em 06/02/2023 - 23:38 Por Wellton Máximo – Repórter da Agência Brasil - Brasília
O Banco
Central (BC) poderia ter sido mais generoso com o governo no comunicado do
Comitê de Política Monetária (Copom) após a reunião que manteve a Taxa Selic
(juros básicos da economia) em 13,75% ao ano, disse hoje (6) o ministro da
Fazenda, Fernando Haddad. Em entrevista após uma reunião com parlamentares, ele
disse que o governo atual herdou as contas públicas em situação complicada e
que já anunciou um pacote para diminuir o déficit fiscal.
“Não vamos,
em 30 dias de governo, resolver um passivo de R$ 300 bilhões herdado do governo
anterior, mas o nosso compromisso é com o equilíbrio das contas e anunciei em
12 de janeiro o que vamos perseguir por resultados melhores. Nesse particular,
penso que a nota do Copom poderia ser mais generosa com as medidas que já
tomamos. Entendo que nós vamos harmonizar a política fiscal com a política
monetária”, declarou Haddad.
Após a
reunião da semana passada, o Copom emitiu um comunicado em que afirmou que o
aumento das incertezas fiscais poderá fazer o Banco Central manter os juros
elevados por mais tempo que o inicialmente previsto. A autoridade monetária não
descartou a possibilidade de voltar a elevar a Taxa Selic caso a inflação não
convirja para a meta até meados de 2024.
Sobre a
citação de “incertezas fiscais” existentes, que constava do comunicado do
Copom, o ministro disse crer que o Banco Central falava mais do governo
anterior e relembrou algumas medidas tomadas desde que assumiu o ministério.
“No primeiro dia de governo, tomamos medidas revogando a irresponsabilidade dos
dez últimos dias do governo anterior, que tomou cinco medidas desonerando uma
série de setores e prejudicando a arrecadação do primeiro ano do governo Lula.
Existe uma situação fiscal que inspira cuidados, mas isso é uma herança que
temos que administrar”, disse.
Indicações
O ministro
da Fazenda também informou que as indicações para as duas diretorias do BC que
ficarão vagas neste ano obedecerão a critérios técnicos. Ele confirmou estar
recebendo sugestões do presidente do BC, Roberto Campos Neto, que serão levadas
ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“Já
conversei várias vezes com o presidente do Banco Central sobre nomes técnicos,
como sempre foi a nossa prática. Em todo o período que estivemos à frente dos
governos, nós sempre indicamos para as diretorias do BC nomes técnicos que
tenham condição de cumprir da forma mais apropriada os deveres e as
competências do cargo que será ocupado”, declarou o ministro.
Haddad
explicou que, pela lei de autonomia do BC, a indicação dos diretores cabe
exclusivamente ao presidente da República. No fim deste mês, acaba os mandatos
dos diretores de Política Monetária, Bruno Serra, e de Fiscalização, Paulo
Souza.
Carf
No fim da
tarde e início da noite, Haddad reuniu-se com o ministro de Relações
Institucionais, Alexandre Padilha, e com líderes de partidos da base aliada
para discutir a medida provisória que restitui o voto de qualidade do governo
nos julgamentos do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) que derem
empate. O ministro disse ter explicado aos parlamentares que a medida abrange
uma quantidade pequena de contribuintes e tem como objetivo trazer justiça
fiscal, que beneficie os contribuintes mais pobres. Órgão vinculado à Receita
Federal, o Carf julga, na esfera administrativa, dívidas com o Fisco que ainda
não foram para a esfera judiciária.
“Estamos
falando de 100, 200 contribuintes. Não estamos falando dos contribuintes do
Brasil. Estamos falando de casos muito específicos e controversos que acabam
trazendo prejuízo para o erário. Deixei sempre claro, mesmo para esses
contribuintes, que são grandes empresas, que nosso objetivo é justiça
tributária”, declarou Haddad.
O ministro
também disse que está trabalhando para impedir abusos por parte de auditores
fiscais como forma de reduzir a litigiosidade no Carf e acelerar os
julgamentos. “Me comprometi também em coibir qualquer tipo de abuso. Súmula
vinculante dentro da Receita Federal. Entendimento pacificado entre os
auditores terá de ser considerado válido por todo e qualquer auditor para que
não haja incidência de autos de infração que não são próprios”, acrescentou.
Edição:
Fábio Massalli