Copom tem reunião nesta quarta e deve reduzir juro para 11,25%, menor nível em dois anos
Copom tem reunião nesta quarta e deve reduzir juro para 11,25%, menor nível em dois anos
Se confirmado, será o 5º corte seguido. Decisão será anunciada pelo Banco Central após as 18h.
Por Alexandro Martello, g1 — Brasília
O Comitê de
Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) se reúne nesta quarta-feira
(31) e deve reduzir a taxa básica de juros da economia de 11,75% para 11,25% ao
ano. A decisão será anunciada após as 18h.
O corte de
0,5 ponto percentual é a aposta da maior parte dos economistas dos bancos. Se
confirmada, essa será a quinta redução seguida na taxa Selic — que cairá ao
menor patamar desde março de 2022, quando estava em 10,75% ao ano.
Considerando
o comportamento da inflação, a projeção do mercado financeiro é de que a taxa
de juros continue recuando ao longo de 2024, e que termine este ano em 9% ao
ano.
O Banco
Central norte-americano também define a sua taxa básica de juros nesta quarta –
quando isso acontece, economistas brasileiros chamam o dia de “Super
Quarta”. Por lá, a expectativa é de manutenção dos juros no patamar atual,
entre 5,25% e 5,5%.
Como as decisões são tomadas
Para definir a taxa básica de juros e tentar conter a alta dos preços, no sistema de metas de inflação, o BC faz projeções para o futuro.
Neste
momento, a instituição já está mirando na meta do ano que vem, e também para o
primeiro semestre de 2025 (em doze meses). Isso ocorre porque as mudanças na
taxa Selic demoram de seis a 18 meses para ter impacto pleno na economia.
A meta de
inflação deste ano, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), é de 3% e
será considerada cumprida se oscilar entre 1,5% e 4,5%.
A partir de
2025, o governo mudou o regime de metas de inflação, e a meta passou a ser
contínua em 3%, podendo oscilar entre 1,5% e 4,5% sem que seja descumprida.
Na semana
passada, os economistas do mercado financeiro estimaram que a inflação de 2024
somará 3,81% e, a de 2025, 3,50%.
Em
comunicado, a XP avaliou que não há motivos, neste momento, para o BC alterar
seu “plano de voo”, que prevê cortes de juros nesta e nas próximas
reuniões do Copom.
“Isto
se deve, por um lado, pela tendência benigna de inflação, e por outro, pelo
aumento das tensões geopolíticas e aceleração dos salários reais no mercado de
trabalho doméstico. Além disso, as taxas de juros nos Estados Unidos, que
precificam os ativos ao redor do mundo, permanecem voláteis. Por este motivo,
nesse momento, não consideramos um cenário alternativo”, informou.
Roberto
Simioni, economista-chefe da Blue3 Investimentos, projeta novo corte de juros
nesta semana, mas acrescenta que o cenário para os próximos meses demanda cautela
por parte do Banco Central.
“Teremos
desafios que poderão alterar as expectativas. Precisaremos acompanhar o
comportamento da inflação de serviços, mas não somente isso. É preciso entender
que desenho fiscal [contas públicas] será adotado, além das questões da pauta
tributária a serem definidas”, avaliou.
Consequências
De acordo
com especialistas, a redução da taxa de juros no Brasil terá algumas
consequências para a economia. Veja abaixo algumas delas:
Redução das
taxas bancárias: a tendência é que os cortes de juros sejam repassados aos
clientes. Em outubro, a taxa média de juros cobrada pelos bancos em operações
com pessoas físicas e empresas recuou pelo sexto mês seguido e atingiu o menor
patamar desde setembro de 2022. Os dados são do Banco Central.
Crescimento
da economia: com juros mais baixos, a expectativa é de um comportamento melhor
do consumo da população e, também, de melhora dos investimentos produtivos,
impactando positivamente o Produto Interno Bruto (PIB), o emprego e a renda. Os
dados de atividade surpreenderam positivamente no ano passado.
Melhora das
contas públicas: as reduções de juros também favorecem as contas públicas, pois
diminuem as despesas com juros da dívida pública. Em 2022, a despesa com juros
somou R$ 586 bilhões. Na porcentagem do PIB (5,96%), foi o maior patamar desde
2017. Analistas estimaram que a redução dos juros pode gerar economia de R$ 100
bilhões em 2024.
Impacto nas
aplicações financeiras: investimentos em renda fixa, como no Tesouro Direto e
em debêntures, porém, tendem a ter um rendimento menor, com o passar do tempo,
do que teriam com juros mais elevados. Com a queda da Selic, a tendência é que
os investimentos em renda variável fiquem mais atrativos.