Crise política: Corinthians tem três diretores a menos, presidente fora do país e pressão de patrocinadora

Crise política: Corinthians tem três diretores a menos, presidente fora do país e pressão de patrocinadora

Augusto Melo está em viagem pelo Europa enquanto VaideBet pressiona o clube com a possibilidade de rescisão contratual; Timão continua com importantes cargos de direção vagos.


Por Bruno Cassucci, Emilio Botta e José Edgar de Matos — São Paulo

A crise política do Corinthians parece ganhar contornos ainda maiores nos últimos dias. A saída de Rubens Gomes do cargo de diretor de futebol deu início a uma debandada de aliados que vinham apoiando a gestão de Augusto Melo.

Desde que Rubão deixou o cargo e revelou que a saída teve relação com o pagamento de uma comissão para um intermediário no contrato de patrocínio com a VaideBet, Augusto tem sofrido ainda mais pressão externa e interna.

Na última semana, os pedidos de desligamento do diretor jurídico do Corinthians, Yun Ki Lee, e o diretor jurídico adjunto, Fernando Perino, aumentaram a crise política. Poucos dias antes, foi o diretor Sérgio Moura quem pediu afastamento alegando problemas pessoais.

Recentemente, o diretor financeiro Rozallah Santoro e o diretor-adjunto de futebol Fernando Alba falaram abertamente sobre renunciar aos cargos, mas foram convencidos a permanecer.

Com isso, o Corinthians tem três cargos diretivos vagos. É importante lembrar que o presidente Augusto Melo optou por não repor a saída de Rubens Gomes por entender que o departamento de futebol está bem amparado com o executivo Fabinho Soldado e o diretor adjunto Fernando Alba.

Atualmente sem donos, os cargos dos departamentos de marketing e jurídico são estratégicos em meio à crise de relacionamento com a VaideBet. Mesmo com as equipes trabalhando nos setores, a ausência de uma chefia direta acaba influenciando e enfraquecendo o clube em um momento crucial para defender a maior fonte atual de receita – afinal, a VaideBet fechou contrato de R$ 370 milhões a serem pagos até 2026.

 

Presidente na Europa

Enquanto enfrenta problemas para reorganizar o clube administrativamente, Augusto Melo está em viagem pela Europa desde o fim da última semana. O presidente do Corinthians foi convidado para acompanhar a final da Liga dos Campeões entre Real Madrid e Borussia Dortmund, disputada no sábado.

Augusto aproveitou a viagem para ouvir possíveis interessados na compra do atacante Wesley, além de estreitar relações com outros clubes e agentes do futebol às vésperas da reabertura da janela de transferências.

A previsão inicial é de que Augusto Melo retorne ao Brasil na quinta-feira.

 

Entenda a crise

O contrato de patrocínio máster vem gerando uma série de questionamentos internos e externos no Corinthians e está sendo investigado pelo Conselho Deliberativo do clube.

Membros da oposição alvinegra querem esclarecimentos sobre a comissão de R$ 25,2 milhões de comissão à empresa Rede Social Media Design. Até o momento, do valor total, foram pagos R$ 1,4 milhão em dias parcelas. A empresa pertence a Alex Fernando André, conhecido como Alex Cassundé, que trabalhou na campanha de Augusto Melo à presidência do Corinthians à convite de Sérgio Moura.

Na última semana, o “Blog do Juca Kfouri” noticiou que a Rede Social Media Design repassou parte do valor recebido em comissão a uma empresa “laranja”, chamada Neoway Soluções Integradas em Serviços Ltda.

O Corinthians se manifestou sobre o caso por meio de nota oficial, na qual reafirmou “que todas as negociações, incluindo patrocínios, se deram de forma legal com empresas regularmente constituídas. O clube destaca que não guarda responsabilidade sobre eventuais repasses de valores a terceiros”.

Ainda de acordo com a reportagem, Marcelinho, como é conhecido o diretor administrativo, exigiu o pagamento de uma parcela do comissionamento a Alex Cassundé durante ausência de Rozallah Santoro. O diretor financeiro confirma que não autorizou o pagamento.

Insatisfeita com a repercussão negativa, a VaideBet notificou o Corinthians extrajudicialmente pedindo explicações sobre o caso, inclusive, ameaçando rescindir o contrato válido até o fim de 2026 e com valor total de R$ 370 milhões. 

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