Cúpula da Apec: Kamala Harris e Xi Jinping se reúnem para estimular diálogo entre China e EUA
Cúpula da Apec: Kamala Harris e Xi Jinping se reúnem para estimular diálogo entre China e EUA
Prosseguimento às conversações entre as potências rivais vem em tom conciliador desde o encontro entre o líder chinês e Joe Biden.
Por RFI 19/11/2022 10h02 Atualizado há 27 minutos
A
vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, e o presidente da China, Xi
Jinping, se reuniram neste sábado (19) para dar prosseguimento às conversações
entre as potências rivais, agora em tom conciliador desde o encontro entre o
líder chinês e seu colega americano Joe Biden.
Harris e Xi tiveram
um breve encontro durante a reunião de cúpula do Fórum de Cooperação Econômica
Ásia-Pacífico (Apec) em Bangcoc, onde a Rússia, outra nação rival de
Washington, parecia isolada na ausência de uma personalidade forte para
defender a invasão da Ucrânia, que “a maioria” dos membros do grupo
condenou em um comunicado conjunto.
O primeiro
encontro entre ambos seguiu a dinâmica iniciada por Biden e Xi, que se
comprometeram a reduzir as tensões entre as duas superpotências na
segunda-feira passada (14), em uma reunião de três horas em Bali, à margem da
cúpula do G20, grupo integrado pelas grandes economias do planeta.
Harris
reforçou a mensagem de Biden de que “devemos manter as linhas de
comunicação abertas para administrar de maneira responsável a concorrência
entre os países”, afirmou uma fonte da Casa Branca que pediu anonimato.
Xi Jinping
espera que as duas maiores economias do mundo “reduzam os mal-entendidos e
os erros de julgamento” para promover “o retorno de relações
saudáveis e estáveis”, segundo as declarações divulgadas pela imprensa
estatal chinesa.
Em Bali e
depois em Bangcoc, Xi, no auge do poder depois que obteve um terceiro mandato
histórico, se reuniu com vários líderes estrangeiros, um sinal percebido como
uma disposição de apresentar-se como uma autoridade responsável, alguém
preparado para enfrentar os desafios mundiais. Sua reunião com Biden, a
primeira presencial desde a chegada ao poder do presidente democrata, foi
estratégica e construtiva e teve um significado importante para orientar as
relações entre Pequim e Washington que, de Taiwan à guerra na Ucrânia, avançam
em terreno escorregadio.
Dissuadir
a Coreia do Norte
Como sinal
da distensão, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, viajará à China
no início de 2023, no que seria a primeira visita de um alto funcionário da
diplomacia americana ao país desde 2018. Blinken declarou à imprensa em Bangcoc
que os contatos com Pequim pretendem garantir que a concorrência entre os
países “não vire um conflito”, e encontrar áreas de cooperação em
questões globais, como a mudança climática.
Xi Jinping,
que não visita os Estados Unidos desde 2017, pode viajar ao país em 2023 para a
próxima reunião de cúpula da Apec, que acontecerá em São Francisco.
Na ilha
indonésia de Bali, Biden se reuniu com Xi durante três horas e pediu ajuda para
conter a Coreia do Norte, país que gera receio nos Estados Unidos e na Coreia
do Sul após a recente série sem precedentes de lançamentos de mísseis
balísticos.
A China deve
utilizar sua influência sobre o regime de Kim Jong Un, do qual é a principal
aliada diplomática e econômica, para incentivar a Coreia do Norte “a não
seguir na direção da provocação, que desestabiliza a região e o mundo”,
afirmou na sexta-feira (18) uma fonte do governo americano.
Harris teve
uma reunião de emergência na véspera com os dirigentes de Japão, Coreia do Sul,
Austrália, Canadá e Nova Zelândia sobre o lançamento dos mísseis
norte-coreanos.
Neste
sábado, um dia depois de disparar um míssil balístico intercontinental na
direção do Japão, Kim Jong Un declarou que usaria a bomba atômica em caso de
ataque nuclear contra seu país.
A agência
estatal KCNA divulgou imagens do ditador supervisionado pessoalmente o disparo
do míssil. Nas fotos, ele aparece pela primeira vez ao lado de sua filha, que
não teve a identidade revelada, mas que poderia sucedê-lo no futuro, garantindo
a sobrevivência do clã comunista que controla o país mais fechado do mundo há
várias décadas.
A guerra
na Ucrânia
A guerra na
Ucrânia é outro ponto de divergência entre Washington e Pequim, que adota uma
postura neutra a respeito da invasão russa, apesar dos apelos para que condene
publicamente as ações de Moscou. O comunicado final da Apec recordou a
divergência.
“A
maioria dos membros condenou a guerra na Ucrânia e enfatizou que causa imenso
sofrimento humano e exacerba as fragilidades existentes na economia
global”, afirma a nota.
Depois da
Tailândia, Harris é aguardada na terça-feira (22) na província filipina de
Palawan, perto da fronteira com o Mar da China Meridional, que tem grande parte
de sua área reivindicada por Pequim. Ela será a principal autoridade do governo
americano a visitar a localidade.
A reunião de cúpula da Apec encerrou uma intensa sequência diplomática na região, após o encontro da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean) em Phnom Penh e a cúpula do G20 em Bali.