Déficit das contas externas e entrada de investimentos estrangeiros caem até abril, diz BC

Déficit das contas externas e entrada de investimentos estrangeiros caem até abril, diz BC

Números foram divulgados nesta sexta-feira (26). Gastos de brasileiros no exterior superaram US$ 1,2 bilhão no mês passado.




Por Alexandro Martello, g1 — Brasília 26/05/2023 08h52 - Atualizado há uma hora

O rombo das contas externas e o ingresso de investimentos estrangeiros diretos na economia brasileira recuaram nos quatro primeiros meses deste ano, informou o Banco Central nesta sexta-feira (26).

De acordo com a instituição, as contas externas registraram um déficit de US$ 13,67 bilhões de janeiro a abril, em comparação com um resultado negativo de US$ 16,46 bilhões no mesmo período do ano passado.

O resultado em transações correntes, um dos principais indicadores sobre o setor externo do país, é formado por balança comercial (comércio de produtos entre o Brasil e outros países), serviços (adquiridos por brasileiros no exterior) e rendas (remessas de juros, lucros e dividendos do Brasil para o exterior).

Somente em abril, as contas externas apresentaram déficit de US$ 1,68 bilhão, contra um superávit de US$ 100 milhões no mesmo mês de 2022.

De acordo com o BC, a queda no saldo negativo das contas externas, na parcial desse ano, está relacionada principalmente com a melhora da balança comercial no período.

O Banco Central projeta um rombo de US$ 49 bilhões nas contas externas neste ano.

 

Investimentos estrangeiros

Ao mesmo tempo, segundo o BC, os investimentos estrangeiros diretos na economia brasileira também registraram queda nos primeiros quatro meses deste ano, para US$ 24,31 bilhões. No mesmo período do ano passado, somaram US$ 33,85 bilhões.

Somente em abril, ainda de acordo com a instituição, os investimentos diretos no país totalizaram US$ 3,31 bilhões, contra US$ 11,08 bilhões no mesmo mês de 2022.

A entrada de investimentos no país geralmente está relacionada com o comportamento do Produto Interno Bruto (PIB) — que vem registrando desaceleração por conta da alta dos juros básicos da economia. Atualmente, para conter pressões inflacionárias, a taxa está em 13,75% ao ano, o maior nível em mais de seis anos.

O Banco Central estima uma entrada de US$ 75 bilhões em investimentos estrangeiros diretos na economia brasileira neste ano.

O mercado financeiro, em pesquisa conduzida pelo BC na semana passada com mais de 100 instituições, estima um ingresso de US$ 80 bilhões em investimentos diretos em 2023.

 

Gastos de brasileiros no exterior

Já os gastos de brasileiros no exterior somaram US$ 1,23 bilhão em abril deste ano, com alta frente ao mesmo mês do ano passado – quando totalizaram US$ 1,09 bilhão.

As despesas de brasileiros no exterior ainda não retomaram um patamar de normalidade pré-pandemia. Em março de 2018 e 2019, por exemplo, esses gastos somaram US$ 1,52 bilhão e US$ 1,32 bilhão, respectivamente.

Além da pandemia, as despesas de brasileiros fora do país também são influenciadas por outros fatores, como o nível de atividade econômica e o preço do dólar, usado nas transações internacionais.

Em 2022, a moeda norte-americana fechou em queda de 5,3%, cotada a R$ 5,2780. Apesar disso, ainda permaneceu bem acima do patamar de 2019 – terminou aquele ano em R$ 4,0098. Nesta quinta-feira, o dólar fechou em alta, retomando o nível dos R$ 5. Veja mais cotações

Já o nível de atividade está em desaceleração com a alta do juro básico da economia. Após uma alta de 5% em 2021, o PIB brasileiro teve crescimento de 2,9% no ano passado. E, para 2023, a projeção do mercado é de uma expansão menor ainda, de 1,2%.

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