Desemprego recua para 8,1% em novembro
Desemprego recua para 8,1% em novembro
Foi a menor taxa de desocupação desde o trimestre encerrado em abril de 2015; número de desocupados é o menor desde junho de 2015.
Por Marta Cavallini, g1 19/01/2023 09h00 - Atualizado há 12 minutos
A taxa de
desemprego no Brasil caiu para 8,1% em novembro. Foi a menor taxa de
desocupação desde o trimestre encerrado em abril de 2015, que registrou a mesma
taxa.
Os dados são
da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, divulgada nesta
quinta-feira (19) pelo IBGE.
Com isso, a
taxa recuou 0,9 ponto percentual em relação ao trimestre encerrado em agosto
(8,9%) e 3,5 pontos percentuais na comparação com novembro de 2021 (11,6%).
A população
desocupada estava em 8,7 milhões de pessoas em novembro, recuo de 9,8% (menos
953 mil pessoas) frente ao trimestre terminado em agosto e de 29,5% (menos 3,7
milhões de pessoas desocupadas) na comparação com novembro de 2021. Trata-se do
menor contingente desde o trimestre encerrado em junho de 2015.
Taxa vem
caindo há 6 trimestres, diz IBGE
De acordo
com o IBGE, “a taxa de desocupação vem caindo de forma significativa há
seis trimestres móveis consecutivos”.
Adriana
Beringuy, coordenadora de Pesquisas por Amostra de Domicílios do IBGE, explica
que a retração em novembro é explicada pelo aumento de 0,7% na ocupação no
período – acréscimo de 680 mil pessoas no mercado de trabalho -, que novamente
atingiu o maior nível da série histórica da pesquisa, iniciada em 2012.
“Embora o
aumento da população ocupada venha ocorrendo em um ritmo menor do que o
verificado nos trimestres anteriores, ele é significativo e contribui para a
queda na desocupação”, explica a pesquisadora.
Beringuy
acrescenta que as quedas sucessivas na taxa de desocupação também foram um
reflexo do aumento no número de ocupados, em um movimento de recuperação do
mercado de trabalho observado desde 2021.
“A partir
desse momento, houve essa expansão da população ocupada, primeiramente dos
trabalhadores informais e, depois, do emprego com carteira assinada nos mais
diversos grupamentos de atividades, como comércio e indústria. Mais
recentemente, também houve aumento nos serviços, que exercem um papel
importante na recuperação da população ocupada no país”, diz.
Com o
aumento do número de trabalhadores, o nível da ocupação (percentual de ocupados
na população em idade de trabalhar) foi estimado em 57,4%, variação de 0,3
ponto percentual frente ao trimestre encerrado em agosto (57,1%).
Alta vem
dos ‘com carteira’
O principal
impacto para o aumento da ocupação veio dos empregados com carteira assinada no
setor privado, que cresceu 2,3% (ou 817 mil pessoas) em relação a agosto. No
ano, esse contingente subiu 7,5%, 2,6 milhões de pessoas a mais.
“Desde o
segundo semestre de 2021, observamos o crescimento dessa categoria. É um
registro importante, uma vez que não apenas indica o aumento do número de
trabalhadores, mas também sinaliza a redução na informalidade da população
ocupada”, diz a coordenadora.
Informalidade
cai
De acordo
com o IBGE, a taxa de informalidade ficou em 38,9%, a menor desde o trimestre
encerrado em novembro de 2020 e queda de 0,8 ponto percentual em relação ao
trimestre encerrado em agosto. No período, o IBGE contabilizou 38,8 milhões de
trabalhadores informais.
A queda veio
dos seguintes fatores:
– O número
de empregados sem carteira no setor privado ficou estável frente ao trimestre
anterior – eram 13,3 milhões de pessoas em novembro. Mas, comparado ao mesmo
trimestre do ano anterior, houve aumento de 9,3% (ou 1,1 milhão de pessoas)
– Empregadores
sem CNPJ ficaram estáveis frente ao trimestre anterior e ao mesmo período de
2021
– Trabalhadores
por conta própria sem CNPJ tiveram queda de 2,9% frente ao trimestre anterior
(menos 563 mil pessoas) e de 4,1% em relação ao trimestre terminado em novembro
de 2021 (menos 796 mil)
“Houve uma
expansão do emprego com carteira de trabalho e também uma retração do
trabalhador por conta própria, que responde por parte significativa do trabalho
informal. A queda nesse número acabou influenciando a taxa de informalidade”,
explica Adriana.
Número de
desalentados cai
A pesquisa
registrou queda de 203 mil pessoas entre os desalentados, redução de 4,8%. Em
novembro, esse contingente de trabalhadores era estimado em 4,1 milhões.
A população
desalentada é definida como aquela desistiu de procurar trabalho e está fora da
força de trabalho por uma das seguintes razões: não consegue trabalho adequado,
ou não tem experiência ou qualificação, ou é considerado muito jovem ou idosa,
ou porque não há trabalho na região – e que, se tivesse oferta de trabalho,
estaria disponível para assumir a vaga.
Já entre
aqueles que não estavam ocupados nem procuravam uma vaga no mercado, mas tinham
potencial para se transformarem em força de trabalho (força de trabalho
potencial), eram 454 mil pessoas a menos – queda de 5,8%.
A população
fora da força de trabalho cresceu 1% no trimestre, o que representa 660 mil
pessoas a mais.
Rendimento
cresce
O rendimento
médio real (descontada a inflação) foi estimado em R$ 2.787, aumento de 3% em
relação ao trimestre encerrado em agosto. Quando comparado ao mesmo trimestre
do ano anterior, o crescimento foi de 7,1%.
A massa de
rendimento real habitualmente recebida por pessoas ocupadas (em todos os
trabalhos) também cresceu nas duas comparações e chegou a R$ 273 bilhões, novamente
atingindo recorde na série histórica da pesquisa. Frente ao trimestre terminado
em agosto, o aumento foi de 3,8%, ou mais R$ 10,1 bilhões.
“A massa de
rendimento vem crescendo ao longo do ano. No trimestre encerrado em novembro, o
crescimento foi influenciado simultaneamente pela expansão no número de
trabalhadores e pelo aumento do rendimento médio real”, destaca Adriana. Na
comparação com o mesmo trimestre de 2021, houve aumento de 13%, um acréscimo de
R$ 31,4 bilhões.
O rendimento
médio real habitual cresceu em relação a agosto nas seguintes categorias:
– Construção (7,5%, ou mais R$ 156)
– Transporte,
armazenagem e correio (5,9%, ou mais R$ 152)
– Alojamento
e alimentação (5,7%, ou mais R$ 96)
– Administração
pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais
(3,6%, ou mais R$ 134).
Entre as
modalidades de ocupação, houve aumento nas seguintes categorias:
-Empregado com carteira de trabalho assinada (2,1%, ou mais R$ 55)
– Empregado
no setor público (inclusive servidor estatutário e militar) (2,6%, ou mais R$
106)
– Conta
própria (6,1%, ou mais R$ 128).