Desenrola renegocia quase R$ 2,5 bilhões e limpa 3,5 milhões de nomes em duas semanas, diz Febraban
Desenrola renegocia quase R$ 2,5 bilhões e limpa 3,5 milhões de nomes em duas semanas, diz Febraban
Programa do governo federal fez os bancos renegociarem 400 mil contratos de dívida desde o dia 17.
Por g1
A Federação
Brasileira de Bancos (Febraban) divulgou nesta segunda-feira (31) um novo
balanço do programa de renegociação de dívidas Desenrola Brasil, que teve
início no último dia 17.
Segundo a
entidade, o programa do governo federal fez os bancos renegociarem R$ 2,5
bilhões em 400 mil contratos de dívida e retirarem a negativação de 3,5 milhões
de devedores até R$ 100 em duas semanas.
O programa
“Desenrola Brasil’ é uma promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da
Silva (PT). Ele foi criado para promover um mutirão de renegociação de dívidas
de pessoas físicas. A ideia central é tirar pessoas da lista de negativados e
retomar o potencial de consumo da população.
O
levantamento leva em conta as renegociações da faixa 2 do programa, que focam
em resolver as dívidas de pessoas físicas com dívidas financeiras negativadas
até 31 de dezembro de 2022, e renda de até R$ 20 mil.
Além disso, foi promovida a desnegativação das dívidas de até R$ 100, que é uma contrapartida à participação dos bancos no programa. Isso significa que, se o devedor não tinha outros débitos pendentes, ficou com o “nome limpo” nos sistemas de proteção ao crédito.
Inicialmente,
o Ministério da Fazenda projetava que 1,5 milhão de pessoas poderiam ser
contempladas por essa medida, mas a meta foi ultrapassada logo na primeira
semana do Desenrola.
A
desnegativação não significa um perdão. O débito seguirá existindo, mas os
bancos se comprometem a não incluir os devedores no cadastro negativo.
Veja a nota da Febraban
Nas duas
primeiras semanas do Programa Desenrola Brasil, a repactuação de dívidas
ultrapassou R$ 2,5 bilhões em volume financeiro, exclusivamente pela Faixa 2, o
que representa quatro vezes mais do que na primeira semana. Foram renegociados
mais de 400 mil contratos de dívidas. A adesão ao programa irá até o dia 31 de
dezembro.
Nesse mesmo
período, apenas as instituições financeiras retiraram as anotações negativas
(desnegativaram) de cerca de 3.5 milhões de registros de clientes que tinham
dívidas bancárias de até R$ 100,00. Esse balanço não inclui baixas de registros
de outros credores não bancários.
“Consideramos
que o Programa cumpre o papel essencial no momento delicado das finanças das
famílias brasileiras, ao procurar reduzir dívidas da maior quantidade possível
de pessoas”, avalia o presidente da Febraban, Isaac Sidney, que complementa.
“Os bancos estão dando sua contribuição para que o Desenrola reduza o número de
consumidores negativados e ajude milhões de cidadãos a diminuírem seu
endividamento.”
A Febraban
esclarece que cada banco tem sua estratégia de negócio, adotando políticas
próprias para adesão ao Programa. As condições para renegociação das dívidas,
nessa etapa, serão diferenciadas e caberá a cada instituição financeira, que
aderir ao programa, defini-la.
A Febraban
atualiza periodicamente esses números e dados e divulga balanços parciais.
Como funciona a faixa 2
Nas
renegociações da faixa 2, cada instituição financeira renegociará suas próprias
dívidas, sem a necessidade de consolidação de diferentes credores como ocorrerá
na faixa 1. Neste caso, não é necessário inscrição para atendimento em canais
digitais do governo.
Os bancos
oferecerão as condições de renegociação de dívidas diretamente aos seus
clientes. Como mostrou o g1, todos os grandes bancos aderiram ao programa e já
têm canais ativos para tratar com os clientes.
Ao contrário
da faixa 1, para este grupo o governo não oferecerá uma garantia. Em troca, o
governo vai oferecer aos bancos um incentivo para que aumente a oferta de crédito.
Na faixa 2,
o programa não atenderá renegociações de dívidas dos seguintes tipos:
– dívidas de
crédito rural;
– débitos
com garantia da União ou de entidade pública
– dívidas
que não tenham o risco de crédito integralmente assumido pelos agentes
financeiros;
– dívidas
com qualquer tipo de previsão de aporte de recursos públicos;
– débitos
com qualquer equalização de taxa de juros por parte da União.
Cerca de 30
milhões de pessoas devem ser beneficiadas nesta faixa, segundo o Ministério da
Fazenda.
Com funciona a faixa 1
A faixa 1 do
programa Desenrola atenderá a população com renda de até R$ 2.640 (dois
salários mínimos) ou está inscrito no Cadastro Único do governo federal
(CadÚnico).
Poderão ser
renegociadas dívidas financeiras e não financeiras de até R$ 5 mil, feitas
entre 1º de janeiro de 2019 e 31 de dezembro de 2022.
Ela não se
iniciou agora, e deve começar a operar em setembro.
A portaria
publicada pelo Ministério da Fazenda diz que as instituições financeiras
deverão se habilitar na plataforma digital do programa para iniciar as
renegociações. No entanto, a portaria não indica datas.
Em agosto, o
governo deve fazer um leilão para definir quais credores serão contemplados —
os que oferecerem maiores descontos terão vantagem.
Hoje, a
maior parte das dívidas negativadas do país (66,3%) não é com bancos, e sim com
varejistas e companhias de água, gás e telefonia. Por isso, o governo vai
realizar grandes leilões que devem ser divididos por setores e negociará
milhares de dívidas ao mesmo tempo. Quem der os maiores descontos, fica apto a
participar do programa.
O programa
não abrange os seguintes casos:
– dívidas
com garantia real;
– dívidas de
crédito rural;
– dívidas de
financiamento imobiliário;
operações com funding ou risco de terceiros.
A
renegociação dos débitos será feita por meio de uma plataforma digital. Para
isso, o devedor entrará no sistema com seu login do portal gov.br. (veja aqui
como abrir sua conta no gov.br)
Após isso,
ele poderá escolher uma instituição financeira inscrita no programa para fazer
a renegociação e selecionar se o pagamento será feito à vista ou número de
parcelas. O devedor precisa escolher um banco inscrito no programa para fazer a
renegociação.
Entre as regras de pagamento estão:
– a taxa de
juros será de 1,99%;
– a parcela
mínima será de R$ 50;
– o
pagamento poderá ser feito em até 60 vezes;
– a primeira
parcela terá vencimento após 30 dias;
– o prazo de
carência será de no mínimo 30 dias e de no máximo 59 dias.
O governo
informou que o pagamento das parcelas poderá ser feito por débito em conta, PIX
ou boleto bancário. Os devedores também terão direito a um curso de educação
financeira.
Em caso de inadimplência após a renegociação, o beneficiário poderá voltar a ficar com o nome sujo.