‘Drex’: o que é a nova moeda digital brasileira; veja perguntas e respostas
'Drex': o que é a nova moeda digital brasileira; veja perguntas e respostas
Nova moeda ainda está em fase de testes e deve chegar para o público apenas no final de 2024.
Por Isabela Bolzani, g1
O Banco Central (BC) caminha para a
implementação de uma moeda digital brasileira. Segundo informações divulgadas
nesta segunda-feira (7) pelo blog da Andréia Sadi, a autarquia decidiu batizar
a novidade de Drex.
O projeto, no entanto, ainda está em
fase de testes e não tem um cronograma oficial de lançamento. A expectativa é
que a nova moeda seja liberada para o público no final de 2024, segundo o
coordenador da iniciativa do real digital pelo BC, Fabio Araújo.
O tema tem sido discutido pelo BC há
anos. Em 2020, por exemplo, a autarquia organizou um grupo de trabalho para
estudar a emissão de uma moeda digital brasileira, tendo divulgado as
diretrizes gerais do projeto em maio de 2021.
Na prática, a moeda digital de Banco
Central (CBDC, na sigla em inglês) nada mais é do que uma nova representação do
real, só que 100% disponível em uma plataforma digital. O Drex deve ter
utilidades parecidas às do sistema de pagamentos instantâneos da autarquia, o
PIX, mas há diferenças. Entre elas, a possibilidade de compra e venda de
títulos públicos, por exemplo. (saiba mais abaixo)
O que é o Drex?
O Drex é a primeira moeda virtual
oficial do Brasil. Na prática, ela servirá como uma nova expressão das cédulas
físicas, já emitidas pelo BC, e será garantida pelos mesmos fundamentos e pelas
mesmas políticas econômicas que determinam o valor e a estabilidade do real
convencional, permitindo transações financeiras, transferências e pagamentos,
por exemplo.
A nova moeda:
– será emitida pelo próprio BC, como
uma extensão da moeda física, com a distribuição ao público intermediada pelos
bancos e instituições de pagamento;
– sua custódia ficará no Banco
Central;
– poderá ser trocada pelo real
tradicional (em notas), e vice-versa, mas o foco serão as transações
financeiras;
– a cotação frente a outras moedas
também será a mesma;
– não será permitido que os bancos
emprestem esses recursos a terceiros — como acontece atualmente com o real
físico — e depois os devolva aos clientes;
– não haverá remuneração, ou seja, os
recursos não terão uma correção automática;
– haverá uma garantia da segurança
jurídica, cibernética e de privacidade nas operações.
Ainda segundo o BC, qualquer pessoa ou
empresa que desejar ter a moeda digital precisará entregar reais em formato
convencional, para que o BC possa emitir os reais digitais correspondentes.
“Essa operação não será feita
diretamente pelo BC, ela será intermediada por um participante do sistema
financeiro (banco, cooperativa ou fintech) ou do sistema de pagamentos
(instituição de pagamento), ou ainda de algum novo tipo de empresa que venha a
ser criada sob a autorização do BC para intermediar o acesso e a utilização de
reais no formato digital”, afirmou a autarquia em nota enviada ao g1.
Por que a nova moeda digital se chama Drex?
Segundo o Banco Central, o nome da
nova moeda digital junta uma série de elementos de inovação. De acordo com a
autarquia:
– O “D” seria para
representar o digital;
– O “R” para representar o
real;
– O “E” para representar a
plataforma eletrônica;
– E o “X” para representar
as transações.
– Existe alguma diferença entre o Drex
e o real?
Não. O Drex nada mais é do que uma
representação digital do real, moeda oficial do Brasil — ou seja, um real 100%
disponível em uma plataforma digital. A diferença, nesse caso, estaria na
possibilidade de utilização desses recursos.
“Estamos falando de um dinheiro
[que está] em cima de uma nova infraestrutura tecnológica. Então a partir do
momento em que você tem […] esse formato tokenizado, dentro de um blockchain,
isso permite que você faça algumas operações diferentes do ponto de vista
financeiro”, diz Bruno Diniz, cofundador da consultoria de inovação
Spiralem.
“Então muito disso ainda vai ser
ofertado pelas instituições em termos de produtos financeiros que vão precisar
do real digital para serem ativados, por exemplo”, acrescenta o
especialista, citando como exemplo o uso de contratos inteligentes (também conhecidos
como smart contracts).
Um exemplo de uso, nesse caso, seria
na compra de um carro entre pessoas. Nessa situação, o contrato inteligente
seria firmado com o uso do Drex, de maneira a evitar a discussão do que seria
entregue primeiro — se o comprador precisaria depositar o dinheiro antes de
receber o carro ou se o vendedor precisaria transferir a documentação do
veículo para o nome do comprador antes de receber a quantia definida.
“Tudo é feito simultaneamente
porque cai dentro de um contrato que é automatizado”, explica Diniz.
O especialista reforça, ainda que o
entendimento é que, com o usuário tendo esse saldo em real digital, todo tipo
de operação financeira que será feita virá com uma camada a mais de segurança,
trazendo mais eficiência tanto para quem provê o serviço como do ponto de vista
do usuário, que conseguirá benefícios que só podem ser colhidos com a
utilização da tecnologia blockchain.
Qual a diferença entre a nova moeda digital e
o PIX?
Segundo o Banco Central, enquanto o
PIX é uma tecnologia de transações instantâneas, o Real Digital será a própria
moeda em si.
A autarquia ainda destaca que uma das
diretrizes para o desenvolvimento da moeda digital é a interoperabilidade
(capacidade de um sistema se comunicar com outro de forma transparente) com os
meios de pagamento hoje disponíveis à população.
Dessa forma, diz o BC, os usuários
poderão fazer pagamentos em lojas, por meio do seu prestador de serviço de
pagamentos — banco, instituição de pagamento ou outra instituição que venha a
ser autorizada pelo BC para tal —, ou mesmo por meio do PIX.
Além disso, o usuário também poderá
transferir reais digitais para outras pessoas, transformá-los em depósito
bancário convencional e sacá-los em formato físico, além de pagar contas,
boletos e impostos.
“Ou seja, poderá movimentar seus
Reais Digitais da mesma forma que você movimentaria seus recursos hoje
depositados nos bancos”, afirmou o BC em nota.
E qual a diferença entre a nova moeda digital
e as criptomoedas e criptoativos?
Segundo o Banco Central, os
criptoativos (ou crypto assets) não têm as características fundamentais para
serem considerados moeda — que se prestam como meio de troca, reserva de valor
e unidade de conta — e não são emitidas por autoridades monetárias (bancos
centrais). Os CBDC, sim.
Além disso, o BC ainda reforça que
criptoativos, como Bitcoin e Ethereum, apresentam “uma grande
volatilidade”, o que dificultaria o seu uso como meio de pagamento.
Já no caso da nova moeda digital
brasileira, a autarquia afirma que está sendo desenvolvida para “dar
suporte a um ambiente seguro” onde empreendedores possam inovar e onde os
consumidores possam ter acesso às vantagens tecnológicas trazidas por essas
novas ferramentas e sem que, para isso, precisem “se expor a um ambiente
financeiro não regulado.”
Como terei acesso ao Drex na prática?
Segundo o BC, os usuários finais
precisarão ter uma carteira virtual em custódia de um agente autorizado pelo
Banco Central — como um banco ou uma instituição de pagamento, por exemplo —
para conseguir ter acesso à nova moeda digital.
Haverá algum custo para utilizar a nova moeda
digital?
Segundo o coordenador da iniciativa do
real digital pelo BC, Fabio Araújo, por estar sempre associada a um serviço
financeiro, é natural que os custos da plataforma da nova moeda digital estejam
embutidos.
“A vantagem do ambiente digital é
a automatização. Como você não precisa mais de um intermediário ali, você reduz
muito o custo e facilita o uso da tecnologia para trocas mais baratas, além de
ampliar e democratizar o acesso aos serviços [financeiros]. Então tem um custo,
mas esse custo parece ser muito mais barato”, afirmou ele durante uma live
transmitida pelo BC nesta segunda-feira.
O Drex é seguro?
De acordo com o BC, uma das diretrizes da nova moeda virtual brasileira é que ela mantenha os níveis elevados de segurança e privacidade que hoje já estão disponíveis nas operações realizadas no sistema bancário e de pagamentos.