Eleições na Venezuela: oposição denuncia bloqueio para inscrever nova candidata
Eleições na Venezuela: oposição denuncia bloqueio para inscrever nova candidata
Prazo para inscrição termina nesta segunda-feira, e coalizão não consegue acesso no sistema eleitoral para registrar candidatura de Corina Yoris, que enfrenta também notícias falsas sobre sua nacionalidade.
Por Sandra Cohen
Mal anunciou
a troca de candidatas para concorrer contra Nicolás Maduro nas eleições de 28
de julho na Venezuela, a Plataforma Unitária Democrática, que reúne 10 partidos
da oposição, denunciou que não consegue registrar a candidatura de Corina Yoris
no Conselho Nacional Eleitoral.
O prazo de
inscrições de candidatos se encerra nesta segunda-feira, e a coalizão opositora
diz que o acesso às inscrições está bloqueado à substituta de María Corina
Machado.
“Já se
passaram mais de 54 horas desde o início do período de inscrição sem que nos
fosse permitido o acesso ao sistema para poder inscrever a doutora Corina
Yoris. Repetimos mais uma vez: nada nem ninguém nos tirará da rota eleitoral
para conseguir a mudança para a nossa Venezuela com a força do voto
majoritário”, informou a PUD.
Impedida pelo regime venezuelano de concorrer, María Corina Machado desistiu da candidatura e anunciou a historiadora e doutora em filosofia Corina Yoris para substitui-la, numa demonstração de que a oposição está unida para enfrentar Maduro nas urnas.
Vencedora
das primárias de outubro, María Corina classificou o bloqueio da inscrição como
mais uma manobra do regime para impedir que a candidata escolhida pela maioria
antichavista possa concorrer. Durante o fim de semana, circularam nas redes
sociais mensagens com o lema “Deixe Corina registrar-se”.
O exército
da desinformação também entrou em ação, e a nova candidata Corina Yoris
precisou postar um desmentido categórico de que ela tenha dupla nacionalidade
—o que poderia ser um impeditivo para disputar as eleições.
“Nasci
em Caracas, meus pais nasceram na Venezuela e jamais optei por uma
nacionalidade diferente da venezuelana”, afirmou Yoris, de 80 anos,
prestigiada acadêmica, embora desconhecida no meio político.
Sua
candidatura foi saudada como o produto de um consenso entre os opositores de
Maduro. Mas a rota até as eleições é incerta: conforme alertou Benigno Alarcón
Deza, diretor do Centro de Estudos Políticos da Universidade Católica Andrés
Bello, se o CNE rejeitar a candidata, essa nomeação não poderá ser substituída
e a coalizão opositora poderá ficar fora do processo eleitoral.
“O movimento
de bloqueio do sistema por parte da CNE é mais uma forma de tentar dividir a
oposição, pelo fato de não conseguir registrar o candidato escolhido, e
forçá-la a negociar a sua candidatura com o próprio governo”, ponderou Alarcón.
Com o controle das instituições —Legislativo, Judiciário e Forças Armadas–, Maduro detém sem dificuldades as rédeas desta corrida de obstáculos da oposição, em vantagem nas pesquisas, até as urnas.