Em decisão histórica, parlamento da França torna o aborto um direito previsto na Constituição
Em decisão histórica, parlamento da França torna o aborto um direito previsto na Constituição
País se tornou o primeiro no mundo a garantir constitucionalmente o direito ao aborto, que já era legalizado desde 1974. O presidente Macron deve promulgar a decisão nesta sexta (8), Dia Internacional da Mulher.
Por g1
O Parlamento
da França aprovou nesta segunda-feira (4) a inclusão do direito ao aborto em
sua Constituição nacional. Com isso, o país se tornou o primeiro no mundo a
garantir constitucionalmente o direito ao aborto.
O presidente
francês Emmanuel Macron deve promulgar a decisão nesta sexta-feira (8), Dia
Internacional da Mulher. Segundo ele, o direito ao aborto agora se tornará
“irreversível”.
A votação
desta segunda inscreveu no Artigo 34 da Constituição francesa que “a lei
determina as condições em que uma mulher tem a liberdade garantida de recorrer
ao aborto”.
A proposta
foi aprovada por 780 votos favoráveis a 72 contrários em sessão conjunta no
Palácio de Versalhes que reuniu ambas as câmaras do Parlamento francês.
O direito ao
aborto é amplamente aceito na França, tendo apoio de 80% dos franceses, segundo
pesquisas. A aceitação sobre o assunto é maior que nos Estados Unidos e em
muitos outros países do mundo.
“Estamos
enviando uma mensagem a todas as mulheres: seu corpo pertence a você e ninguém
pode decidir por você”, disse o primeiro-ministro Gabriel Attal aos
deputados e senadores.
Na França,
as mulheres têm o direito ao aborto garantido por lei desde 1975. Apesar da
decisão ter sido duramente criticada na época, o assunto tem ampla aprovação do
espectro político francês.
Mas uma
decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos em 2022 de reverter o julgamento
Roe v. Wade, que havia reconhecido o direito constitucional das mulheres ao
aborto, levou ativistas franceses a pressionar o país a se tornar o primeiro a
proteger explicitamente o direito em sua lei fundamental.
“Esse
direito (ao aborto) recuou nos Estados Unidos. Então nada nos impedia de pensar
que a França estaria isenta desse risco”, disse Laura Slimani, da
Fondation des Femmes.