Em meio à crise com o Congresso, governo diz que vai liberar R$ 1,7 bilhão em emendas até esta sexta
Em meio à crise com o Congresso, governo diz que vai liberar R$ 1,7 bilhão em emendas até esta sexta
Insatisfeita com regras sobre emendas parlamentares, Câmara paralisou votações de interesse do governo. Palácio do Planalto tenta adaptar as regras para liberar as emendas e retomar apoio dos deputados.
Por Guilherme Balza, GloboNews — Brasília
Em meio a
uma crise com o Congresso, o governo informou nesta quinta-feira (12) que vai
liberar para o Congresso R$ 1,7 bilhão em emendas parlamentares até esta sexta
(13).
A divisão
será de:
– R$ 228,6
milhões em emendas do tipo RP 6 (emendas individuais)
– R$ 300,4
milhões em emendas do tipo RP 7 (emendas de bancada)
– R$1,232
bilhão em transferências especiais
A relação do
governo com o Congresso ficou estremecida após o Supremo Tribunal Federal (STF)
referendar decisão do ministro Flávio Dino que estabeleceu regras mais rígidas
para o pagamento de emendas parlamentares, que são verbas pagas pelo governo
para deputados e senadores financiarem obras em seus estados.
O STF
entendeu que era preciso dar mais transparência ao processo, desde a
identificação do parlamentar que destina a verba até o rastreamento de onde o
dinheiro está sendo aplicado.
Mas o
Congresso não gostou das regras e viu na ação do STF uma interferência no
Legislativo, orquestrada com o governo.
Com isso, a
Câmara não analisou nesta semana, ao contrário do que queria o governo, o
pacote de ajuste fiscal, uma das prioridades do Palácio do Planalto para este
fim de ano.
Na tentativa
de contornar o atrito, o governo publicou uma portaria na quarta-feira para
orientar o pagamento de emendas de uma forma que — na visão do governo — não
desobedeça as regras do STF nem desagrade os parlamentares. Por isso as
portarias trazem interpretações do governo para as regras do STF.
Esforço
concentrado na semana que vem
Também nesta
quinta, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que nesta semana disse que
o governo não tinha votos para aprovar o pacote fiscal, agora anunciou que a
semana que vem vai ser de esforço concentrado na Câmara. O pacote estará na
pauta.
Lira
justificou a decisão com a “proximidade do encerramento da presente sessão
legislativa” e a “necessidade de o plenário da Câmara dos Deputados discutir e
votar proposições de relevante interesse nacional”.
“O período
de 12 a 20 de dezembro de 2024 será destinado exclusivamente à discussão e à
votação de matérias no Plenário, sendo vedada a realização de reunião de
qualquer natureza e ficando cancelada qualquer convocação de reunião para o
período”, diz a decisão.
Há, na pauta
do plenário da Câmara nos próximos dias, pelo menos dois temas que interessam
profundamente ao governo e ao próprio Arthur Lira – que deixa a presidência da
Câmara no fim de janeiro e quer incluir esses projetos em seu
“legado”:
o principal
texto de regulamentação da reforma tributária, que deve ser votado no Senado
nesta quinta (12) e terá de voltar à Câmara;
os textos do
pacote de corte de gastos do governo – que, por terem regime de urgência
aprovado, serão votados diretamente no plenário da Câmara.