Em SP, Ministra de Relações Exteriores da Alemanha diz que guerra da Ucrânia ‘é sentida de forma diferente na América Latina’
Em SP, Ministra de Relações Exteriores da Alemanha diz que guerra da Ucrânia 'é sentida de forma diferente na América Latina'
Annalena Baerbock contou que quando conheceu o presidente Lula pela primeira vez ele disse que há um capitulo da história do Brasil e da Alemanha que ele gostaria de esquecer, o '7 a 1'.
Por Felipe Gutierrez, g1 06/06/2023 11h15 - Atualizado há 4 horas
A ministra
das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, fez um discurso em São
Paulo nesta terça-feira (6) no qual afirmou que a guerra na Ucrânia é percebida
de forma diferente na América Latina, mas que há consequências da invasão
também no Brasil.
Ao falar da
guerra na Ucrânia, a ministra disse que é preciso nomear o agressor (ou seja, a
Rússia), e que o Brasil de fato fez isso na assembleia da ONU, mas ela também
insinuou que falta compreensão maior sobre as consequências da guerra em outros
países.
“Quero dizer
com toda clareza, a ameaça dessa guerra é percebida de forma diferente na
América Latina do que na Europa”, disse ela.
Ela também
vinculou eventuais desequilíbrios econômicos à guerra: “O ataque russo afetou
os preços internacionais, e a segurança e o desenvolvimento não são contrários,
são mutuamente dependentes, e se ignorarmos uma violação tão brutal, o livre
comércio também não terá mais chances”.
A ministra
também defendeu que o Conselho de Segurança da ONU seja ampliado para contemplar
um representante da América Latina e um da África, uma das reivindicações que o
presidente Lula tem feito em seus discursos sobre política internacional.
Meio
ambiente e comércio
Em seu
discurso, a ministra fez elogios às tentativas do governo brasileiro de
controlar o desmatamento na Amazônia. Baerbock, líder do Partido Verde na
Alemanha, teve uma reunião com a ministra Marina Silva em Brasília na
segunda-feira (5).
Em São
Paulo, ela deu a entender que os alemães querem que o Brasil desenvolva mais a
indústria “verde”, como baterias de lítio e painéis solares –ela
afirmou que o mundo é muito dependente da China para a produção de painéis
solares, e que, em 2015, um incêndio em uma única fábrica chinesa implicou
aumento de 50% dos preços desses painéis.
Ela afirmou
que um acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul, como o que está
sendo negociado, deve ter cláusulas ambientais e também sociais, relativos a
proteção aos direitos dos trabalhadores, por exemplo.
A mensagem
foi a mesma quando ela falou sobre o lítio: “Se conseguirmos garantir que
o lítio seja extraído e processado no Brasil, tornaremos a produção mais
independente, vamos gerar empregos, valor agregado e isso nos torna menos
dependentes”.
Quem é
Baerbock
Baerbock é a
líder do Partido Verde da Alemanha, que teve a terceira melhor votação nas
eleições de 2021. O governo atual do país é formado por uma coalizão de três
partidos:
– Partido
Social Democrata, do premiê Olaf Scholz;
– Partido
Verde, de Baerbock;
– Partido
liberal.
O posto de
ministra de Relações Exteriores é um dos mais importantes no país.
Ela contou
que conheceu o presidente Lula na COP 27, em Sharm el-Sheikh, no Egito (uma
reunião da ONU para discutir meio ambiente), em 2022 –Lula já tinha sido
eleito, mas ainda não tinha assumido a presidência.
“Quando
encontrei o presidente Lula pela primeira vez, na COP do Egito, ele me disse
que poderíamos falar sobre tudo, mas há um capitulo da história do Brasil e da
Alemanha que ele gostaria de esquecer. Ele abriu o sorriso e disse ‘7 a
1′”, afirmou ela.
Lula e
Scholz já se encontraram no Brasil
Scholz, o premiê alemão, estevem em Brasília no fim de janeiro. Na ocasião, Lula afirmou que o Brasil era um país de paz, e por isso não tinha vendido munição para o Ucrânia, como a Alemanha havia solicitado ao governo brasileiro.
Na ocasião,
Lula também disse que é preciso mudar os termos do acordo comercial entre a
União Europeia e o Brasil, que está sendo negociado.