Endividamento aumenta entre as famílias em março
Endividamento aumenta entre as famílias em março
Mais de 70% afirmam ter dívidas a vencer, diz CNC.
Publicado por Ana Cristina Campos – Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro
O
endividamento das famílias brasileiras cresceu em março. No mês, 78,1% das
famílias afirmaram ter dívidas a vencer, o que representa um aumento de 0,2
ponto percentual (p.p.) em relação a fevereiro. Em comparação com março de
2023, porém, o índice ficou 0,2 p.p. abaixo.
É o que
aponta a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic),
realizada mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços
e Turismo (CNC).
“O momento
mais favorável dos juros, com menor custo, tem contribuído para uma maior
demanda das famílias por crédito, sobretudo, parcelado”, afirma o presidente da
CNC, José Roberto Tadros.
O percentual
de consumidores considerados “muito endividados” registrou aumento de 0,1 p.p,
interrompendo a queda contínua dos últimos quatro meses. Por outro lado,
cresceu, em 0,2 p.p., o número de famílias consideradas “pouco endividadas”.
A quantidade
de famílias com dívidas atrasadas também aumentou, em 0,5 p.p., após cinco
meses em queda, alcançando 28,6% das famílias. Entretanto, o indicador
manteve-se abaixo do registrado em março de 2023 (29,4%).
“A alta da
inadimplência também é vista pelo crescimento do percentual de famílias que
afirmam que não terão condições de pagar as dívidas atrasadas em março, que é o
grupo mais complexo dos inadimplentes. Nesse caso, o percentual já supera o do
mesmo mês do ano passado”, disse a economista da CNC Izis Ferreira.
Menor
renda
As famílias
consideradas de baixa renda (até 3 salários mínimos) impulsionaram o
endividamento no mês (79,7%), com alta mensal de 0,5 p.p. e anual de 0,8 p.p.
Já os outros grupos apresentaram redução ou estabilidade no percentual. Além
disso, a faixa de famílias com menor renda foi responsável pelo aumento das
dívidas em atraso, na comparação mensal, um acréscimo de 0,6 p.p.
Já o aumento
das famílias que não terão condições de pagar as dívidas em atraso ocorreu
apenas nas faixas de renda intermediárias (de 3 a 5 e de 5 a 10 salários
mínimos).
A faixa de
baixa renda apresentou a maior necessidade de recorrer ao crédito, assim como a
maior dificuldade de amortizar essas dívidas. Porém, teve melhora do indicador
de expectativa para pagar essas contas atrasadas, reflexo dos programas sociais
e de auxílio ao crédito.
O valor
médio das dívidas registrou queda, pelo segundo mês seguido, entre os
consumidores que relataram ter mais da metade dos seus rendimentos
comprometidos. A redução foi 0,5 p.p. no primeiro trimestre do ano, alcançando
20,7% dessas famílias.
“Para
ampliar a renda disponível, as famílias buscaram aumentar o prazo para
pagamento das suas dívidas. Tanto que o tempo de comprometimento com dívidas
atingiu 7,1 meses em março de 2023, o maior nível desde abril de 2022”, afirma
a economista da CNC.
O percentual
de famílias com dívidas em atraso por mais de 90 dias permaneceu em 47,5% pelo
terceiro mês, com aumento daquelas com atraso entre 30 e 90 dias para 28,7%.
Dessa forma, o tempo médio de atraso foi 63,9 dias em março.
Cartão de
crédito
O cartão de
crédito representou 86,9% dos endividados no mês, aumento de 0,8 p.p., na
comparação com o mesmo mês do ano passado, e estável diante de fevereiro de
2024.
O crédito
pessoal apresentou o maior crescimento (1,6 p.p.), resultado da queda dos juros
médios da modalidade, o menor entre os últimos três meses – 41,2% em janeiro de
2024. Os financiamentos imobiliário e de carro vêm logo em seguida, com
acréscimo de 1,5 p.p. no volume de endividados, cada.
Em relação
ao gênero, o endividamento cresceu 0,3 p.p. entre o público masculino, em
relação a fevereiro, mais do que entre as mulheres (+0,2 p.p.). Quando
comparado a março de 2023, entretanto, o endividamento entre as mulheres
registrou queda de 0,7 p.p. e, por outro lado, aumentou 0,4 p.p. entre os
homens.
Edição:
Valéria Aguiar