Enem 2022: gabarito oficial será divulgado nesta quarta-feira (23), diz ministro da Educação
Enem 2022: gabarito oficial será divulgado nesta quarta-feira (23), diz ministro da Educação
Uma das questões de matemática não tem resposta, segundo cursinhos ouvidos pelo g1; Embora o gabarito saia agora, a nota final, que não é apenas a soma dos acertos, só será conhecida no ano que vem.
Por Emily Santos, g1 21/11/2022 09h49 Atualizado há 4 horas
O gabarito oficial do Exame Nacional
do Ensino Médio (Enem) 2022 será divulgado às 18h desta quarta-feira (23),
informou o ministro da Educação, Victor Godoy, em entrevista coletiva à
imprensa nesta segunda (21) para divulgar um balanço do exame.
Uma das perguntas da prova de
matemática, aplicada no domingo (20), não tem resposta correta, segundo
cursinhos ouvidos pelo g1. Embora o gabarito saia agora, a nota final, que não
é simplesmente a soma dos acertos, só será conhecida no ano que vem. Na
correção, é usado um método de correção “antichute” para calcular a
nota.
Após as altas taxas de abstenção
durante a pandemia, o percentual de comparecimento ao exame voltou aos níveis
históricos, de acordo com o ministro.
No primeiro dia de prova (13), quando
foram aplicadas as provas de linguagens (português, língua estrangeira, artes e
educação física) e de ciências humanas (história, geografia, sociologia e
filosofia) e a redação, 26,7% dos inscritos não compareceram ao local de
aplicação.
Já no segundo domingo, em que foi a
vez das provas de matemática e ciências da natureza (física, química e
biologia), 31,9% dos inscritos não fizeram o exame.
A versão digital do exame teve taxa de
abstenção superior a 50% nos dois dias de prova. Segundo Godoy, isso acontece
porque a maioria dos inscritos na categoria estavam isentos do pagamento da
inscrição.
“O fato é que o Enem digital
ainda não deslanchou. O Inep tem essa missão de buscar de que maneira consegue
trazer tecnologia, inovação e atratividade”, disse o ministro.
Quem perdeu o Enem por um motivo
justificado, como estar com Covid-19, poderá pedir a reaplicação até
sexta-feira (25). Veja aqui como proceder.
Último Enem do
governo Bolsonaro
Este é a última edição do Enem do
governo Bolsonaro, que deixa para trás um histórico de polêmicas, com diversas
trocas de ministro da Educação e cortes e bloqueios na verba de instituições.
Em 2021, a menos de três semanas da
aplicação do Enem, 37 servidores do Inep renunciaram seus cargos na entidade.
Em ofício enviado à diretoria do órgão na ocasião, os servidores justificaram a
saída pela “fragilidade técnica e administrativa da atual gestão
máxima” do órgão.
Além de mencionarem episódios de
assédio moral, expostos em uma assembleia, os servidores também acusaram o
órgão de tentar interferir no conteúdo das provas do Enem. Nesta segunda (21),
Godoy negou que tenha havido interferência.
“Nunca foi feita nenhuma
intervenção, nenhuma interferência na produção [de questões]. É um processo
longo que não cabe intervenção ou qualquer interferência, seja do ministro da
Educação, do próprio presidente do Inep ou de quem for. Nenhum de nós tem
acesso à prova”, declarou o ministro.
Milton Ribeiro, ministro à época da
debandada, também teve sua própria cota de polêmicas. Antes de deixar o cargo
por acusações de participar de um esquema que negociava verbas públicas com pastores,
ele fez diversas afirmações que causaram alvoroço, como quando disse à TV
Brasil que a “universidade deveria, na verdade, ser para poucos, nesse
sentido de ser útil à sociedade”.
Na ocasião, ele defendeu que as
verdadeiras “vedetes” (protagonistas) do futuro sejam os institutos
federais, capazes de formar técnicos.
Enem 2024
Ainda na coletiva desta segunda, foi
dito que informações sobre o Novo Enem devem ser divulgadas ainda neste ano.
Formato deve ser implementado em 2024.
“A equipe do Inep está
trabalhando na elaboração das matrizes do Enem 2024 de acordo com BNCC, mas
ainda este ano querem divulgar cronograma do 2023 para pessoas possam se
programar com antecedência”, informou Carlos Moreno, presidente da
autarquia.
“O Inep já está trabalhando para
que o Novo Enem em 2024 já contemple a nova lógica do Novo Ensino Médio, sempre
com o objetivo de que o exame seja um exame técnico, científico, moderno”,
completou o ministro Victor Godoy.
Primeiro dia do
Enem 2022
Considerado a “cara do Enem”
por abordar um problema social, o tema da redação “Desafios para a valorização
de comunidades e povos tradicionais no Brasil” foi bem recebido por
professores de cursinho, que o consideraram relevante e deram dicas de como
abordar a questão.
Em tempos de COP 27 e transição de
governo, nas redes sociais, pessoas de diferentes perfis apontaram que o
momento atual é oportuno para debater o legado negativo do governo de Jair
Bolsonaro (PL) no assunto.
A líder indígena Sônia Guajajara, uma
das cotadas para ser ministra dos Povos Originários na futura gestão Lula,
resumiu em um tuíte a forma como o tema foi recebido entre os indígenas.
“Desde a invasão em 1500 nossos
direitos têm sido violados, sobretudo, nos últimos quatro anos onde
declaradamente a atual gestão, que já derrotamos nas eleições, executava sua
política de extermínio dos povos originários e comunidades tradicionais”,
publicou a deputada federal eleita.
Dos quatro itens que constavam como
referência para os candidatos na redação, dois foram extraídos do g1. O
primeiro era um trecho da reportagem “Gente do campo: descubra quais são
os 28 povos e comunidades tradicionais do Brasil” e o segundo era uma
adaptação de infográfico de outra reportagem sobre o mesmo assunto, cujo título
era: “650 mil famílias se declaram ‘povos tradicionais’ no Brasil; conheça
os kalungas, do maior quilombo do país”.
Quanto às provas, os docentes
avaliaram que trouxeram temas relevantes e atuais, foram fundamentados em muita
“leitura e contextualização” e acabou honrando a tradição do exame.
Confira aqui o que os professores que
participaram da prova disseram sobre suas disciplinas.
Segundo dia do
Enem 2022
O segundo dia de provas, com
matemática e ciências da natureza (biologia, física e química), foi considerado
“trabalhoso” e “conteudista”, com formato mais similar às
provas da Fuvest e da Unicamp, segundo cursinhos. Eles observaram que o exame
trouxe muita contextualização do dia a dia, mas sem questões polêmicas.
“É uma prova que vai ser um pouco mais
trabalhosa para os alunos porque não tem a conta pela conta, não tem o conteúdo
pelo conteúdo”, avalio Sérgio Paganim, diretor do Curso Anglo.
Questão sem
resposta
Uma das questões da prova de
matemática, no entanto, não apresentou uma resposta correta entre as
alternativas por um erro de digitação, segundo cursinhos ouvidos pelo g1. O
item aparece como 141 na prova rosa, 175 na prova amarela e 157 nas provas
cinza e azul.
A questão pedia para que o estudante
apontasse qual “expressão algébrica” representava a composição do
salário de um vendedor. No enunciado, o item da prova explicava que o
funcionário tem um salário formado por uma parcela fixa e também um percentual
sobre as vendas.
Procurado, o Inep, responsável pelo
exame, não havia dado retorno até a última atualização desta reportagem.
Ansiedade
Antes das provas, os candidatos se
divertiram com memes nas redes sociais e na porta do exame. A pedido do g1,
estudantes escolheram a imagem com o meme que, na opinião deles, resumisse o
clima no segundo dia de provas (confira o vídeo abaixo).
Em Goiás, as gêmeas Lara e Lana Cunha,
de 18 anos, estavam esperançosas com o exame. As jovens querem cursar
psicologia e fizeram a prova pela primeira vez neste ano. No Pará, muitos
candidatos, prevenidos, chegaram cedo para não perder o horário e levaram mais
de uma caneta, além da tradicional garrafinha de água e lanche. E houve até
quem levasse toalha e papel higiênico.
No entanto, assim como em outros anos, teve gente que ficou do lado de fora. No Ceará, no primeiro dia de prova, a estudante Sarah Vivian Gomes até chegou ao local antes do fechamento dos portões, mas saiu para fumar e, quando tentou voltar, às 13h, os encontrou fechados.