Equipe econômica quer retomar impostos sobre combustíveis em março; ala política teme inflação
Equipe econômica quer retomar impostos sobre combustíveis em março; ala política teme inflação
Por Ana Flor, Alexandro Martello e Bianca Lima 22/02/2023 11h33 - Atualizado há 14 minutos
A equipe
econômica já bateu o martelo: os impostos federais voltarão a ser cobrados
sobre a gasolina e o etanol a partir de março, como determina a medida
provisória (MP) editada pelo governo em janeiro.
O aumento no
preço da gasolina preocupa a área política do governo Lula – pelo possível
impacto na inflação e na avaliação do presidente – mas já teria o aval do
comando da Petrobras também.
A MP editada
pelo governo prorrogou a isenção de Pis e Cofins para esses dois combustíveis
até 28 de fevereiro. Já óleo diesel, biodiesel e gás natural tiveram o
benefício estendido até 31 de dezembro.
As
desonerações foram feitas ainda no governo Jair Bolsonaro (PL) no pacote de
ações antes da corrida eleitoral.
Numa
primeira derrota da equipe econômica de Lula, o governo atual decidiu manter a
desoneração, que alivia o preço final dos combustíveis, de olho no impacto
negativo na imagem do petista.
A reoneração
da gasolina e do álcool vai garantir R$ 28,9 bilhões aos cofres da União em
2023, conforme estimativas do próprio Ministério da Fazenda.
Uma cifra
necessária para que o governo cumpra a meta de reduzir o déficit fiscal de mais
de R$ 200 bilhões previsto para este ano.
Além disso,
o governo segue anunciando medidas que ampliam gastos. A agenda positiva do
presidente Lula, intensificada nos últimos dias, já soma R$ 21,6 bilhões em
ações que terão efeito duradouro no caixa do governo, como aumento do salário
mínimo, reajuste dos servidores e correção do Imposto de Renda.
E há outras
medidas que ainda não foram contabilizadas no Orçamento de 2023, como:
– o piso da
enfermagem, que foi judicializado;
– a Lei
Paulo Gustavo, que prevê transferências a Estados e municípios para apoiar o
setor cultural;
– e a
compensação a Estados e municípios devido às perdas ocasionadas pelas mudanças
no ICMS.
Um cenário
desafiador para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que se comprometeu em
reduzir pela metade o rombo nas contas públicas previsto para este ano.
Impacto
na inflação
A volta da
cobrança dos impostos sobre gasolina é considerada fundamental pela equipe
econômica, mas desagrada a ala política, que teme os efeitos na inflação e,
consequentemente, na popularidade do presidente.
Na última
queda de braço, em janeiro, prevaleceu a avaliação dos articuladores políticos
– o que levou à prorrogação do benefício fiscal via medida provisória.
Agora, o
cenário parece mais favorável à equipe econômica. Fontes ligadas ao Planalto
afirmaram ao blog que o entendimento é para a volta da cobrança.
A Petrobras
também foi incluída nas discussões. O blog apurou que, nas reuniões com o
governo, o presidente da empresa, Jean Paul Prates, não se opôs à volta da
cobrança de impostos federais, mas levou um preocupação adicional, que é o
aumento do preço do barril de petróleo por conta da sazonalidade da demanda
internacional do produto, em especial nos EUA.
Prates teria
garantido ao governo, segundo relato ouvido pelo blog, que a Petrobras irá
ajudar o governo a administrar a situação e evitar um impacto mais forte no
preço final.